Márcio Douglas de Carvalho e Silva

A PRESENÇA DE CONTEÚDOS SOBRE A ÁSIA NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DO ENSINO MÉDIO

Este texto faz uma análise de dois aspectos referentes ao Livro Didático de História do Ensino Médio: primeiro identifica a inserção dos conteúdos de História da Ásia em forma de capítulos independentes no livro, e verifica de que maneira a Ásia tem sua história apresentada aos alunos da Educação Básica. Utilizamos para esta análise duas coleções de História do Ensino Médio aprovados pelo Programa Nacional do Livro Didático – PNLD 2018, somando no total seis livros, sendo três volumes de cada coleção, envolvendo o 1º, 2º e 3º ano.

Historiografia e conteúdo dos livros didáticos
Muito ligada a historiografia francesa, a produção historiográfica brasileira acabou sendo influenciada pelo eurocentrismo, tendo como consequência, um amplo espaço dedicado ao estudos dos acontecimentos que ocorreram na Europa ao longo do tempo, tanto nos cursos universitários como também nos livros didáticos da Educação Básica. A história de outros continentes como a África, Ásia e até mesmo da própria América, quase sempre apareciam nos livros e História do Ensino Fundamental e Médio com um espaço bem reduzido, em detrimento dos conteúdos dedicados à história da Europa.

Se analisarmos os livros de história disponíveis no mercado, tanto do Ensino Fundamental, quanto do Ensino Médio, até o final da primeira década deste século, ainda verificamos esse desenho: os livros traziam em seu conteúdo basicamente temas relacionados à História Geral e História do Brasil, vide, por exemplo, Gilberto Cotrim – 'História Geral, Brasil e Global' e Luiz Koshiba – 'História, Estruturas e processos: Uma leitura da História Ocidental para o Ensino Médio', em que o próprio subtítulo do livro já deixa explícito o tratamento prioritário dado à História do Ocidente, diga-se, Europa.Por História Geral, pode-se entender o estudo das primeiras civilizações com grande enfoque para a chamada “Antiguidade Clássica” (Grécia e Roma). O Egito aparecia como uma civilização da antiguidade, pouco se enfocando que situava-se na África. Em alguns casos, era incluído no tópico sobre “Antiguidade Oriental” juntamente com Mesopotâmia, fenícios hebreus e persas.

Entrando na Idade Média, o Oriente podia ser estudado nesses livros, apenas quando se reportavam ao Império Bizantino e ao Mundo Islâmico, ambos também em forma de capítulos curtos, quase sempre compactados juntos. Do fim do Império Romano até os anos finais da Idade Média Ocidental,dedicava-se muitas páginas com uma análise mais ampla. A partir daí, eram comuns unidades e capítulos que traziam a Europa Moderna (Renascimento, reforma religiosa, expansão europeia), as revoluções (inglesa, industrial e francesa) e o iluminismo. No século XIX, temos mais acontecimentos europeus, como Era Napoleônica, revoluções liberais, nacionalismos e o imperialismo.

No século XX, as duas grandes guerras que ocorreram na Europa, os regimes totalitários e o pós-segunda guerra ainda eram, e são o mote que conduziam (zem) os livros do 3º ano do Ensino Médio. A Ásia é citada em algumas situações que envolvem acontecimentos desencadeados pela Europa, como a participação do Japão na Segunda Guerra e o Imperialismo na Ásia.

Tão grande é a influência da História da Europa na historiografia brasileira, que os “marcos tradicionais” que delimitam o fim de o início de cada era, ocorreram no “velho continente”, termo que por si só já traz uma carga de supremacia sobre os demais. Podemos citar, por exemplo, a queda do Império Romano em 476, como fim da Idade Antiga e início da Idade Média, a tomada do Império Bizantino (visto por muitos como a continuidade do Império Romano no Oriente) pelos turcos otomanos, ea Revolução Francesa como fim da era moderna, abrindo o mundo para a contemporaneidade.

O que poderíamos observar nos livros que chegavam até os alunos da Educação Básica, era reflexo do domínio ideológico existente nas universidades, algo que ainda existe! Muitos cursos acadêmicos de História ainda necessitam “descolonizar o saber” como defende Santos (2010). Para este autor,

"Os conceitos hegemônicos (substantivos) não são, no plano pragmático, uma propriedade inalienável do pensamento convencional ou liberal. Uma das dimensões do contexto atual do continente é justamente a capacidade que os movimentos sociais demonstraram para usar instrumentos ou conceitos hegemônicos de forma contra-hegemônica e com fins hegemônicos (...). A eficácia do uso contra-hegemônico de conceitos ou instrumentos hegemônicos é definida pela consciência dos limites desse uso. Esses limites são agora mais visíveis no continente latino-americano, num momento em que as lutas sociais visam resgatar conceitos antigos e, ao mesmo tempo, introduzir novos conceitos sem precedentes na teoria crítica eurocêntrica, e nem sequer são expressos em nenhuma das línguas coloniais em que foi construída "(Santos, 2010, p.16).

O que o autor denomina de uso de conceitos hegemônicos para fins do contra hegemônico, vai de encontro à nova realidade vivida pelos países colonizados pela Europa, quando, as lutas sociais trazem novas formas de pensar, introduzindo conceitos e teorias que não necessariamente tem ligação com a Europa ou com o que o autor chama de “línguas coloniais”. Para além disso, segundo Santos (2010),

"A perda de substantivos críticos, combinada com a relação fantasmagórica entre a teoria crítica eurocêntrica e as lutas transformadoras na região, não apenas recomenda afastar-se do pensamento crítico previamente pensado dentro e fora do continente; muito mais do que isso, eles exigem pensar o impensável, isto é, assumir a surpresa como um ato constitutivo do trabalho teórico. (...) Abordagens do que é novo para alguns e muito antigo para os outros. A distância que proponho a respeito da tradição crítica eurocêntrica pretende abrir espaços analíticos para realidades "surpreendentes" (porque eles são novas ou porque até agora foram produzidas como inexistentes), onde podem brotar libertadoras emergências "(Santos, 2010, p. 19).

A proposta do autor, embora já ganhe espaço em algumas universidades, ainda encontra resistência que impedem uma vasão maior desse pensamento descolonizador.

Os currículos de história da Educação Básica, são reflexo do que é estudando no Ensino Superior: ambos eurocêntricos. Até pouco tempo, da mesma forma que percebíamos uma marginalização dos conteúdos referentes à História da Ásia, pouco era o espaço dedicado a História da África e dos povos Africanos, mesmo sabendo que nosso país possui uma influência muito forte da cultura africana devido ao sistema de escravidão que perdurou por mais de trezentos anos por aqui. Da mesa forma que os povos africanos, os indígenas brasileiros eram retratados em pequenos tópicos distribuídos nos capítulos referentes a colonização europeia.

Somente a partir da Lei Federal 10.639/2003, que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira, abrindo espaço para uma maior “representatividade” da história dos povos afro-brasileiros, foi possível que o livro de História da Educação Básica tratasse da História da África e dos povos africanos, ainda assim, se analisarmos os livros editados após a aprovação desta lei, eles ainda não traziam de forma mais ampla esses conteúdos.  Em 2008, a Lei 11.645, modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, no artigo 26 A, tornando obrigatório o estudo da História e cultura afro-brasileira e indígena. 

A provação dessa segunda lei, possibilitou mais uma vez que o – “outro” – negro e o índio tão importantes para a formação social, econômica e histórica do nosso país, pudessem ser estudados nos livros de História, algo que não é foco da nossa análise, mas serve para ilustrar essa nova realidade: a partir das edições que seguem o ano de 2008, já é possível verificarmos com mais intensidade conteúdos sobre a história do negro e do índio, assim como das civilizações asiáticas nos livros de História da Educação Básica.

 A História do “outro”
O que o professor e os alunos veem/viam nos livros de História do Ensino Médio sobre a Ásia? Como as civilizações asiáticas eram/são representadas no livro didático? Era muito comum no 3º ano do Ensino Médio no capítulo destinado a “Independência Afro-Asiática” aparecer a Independência da Índia, exaltando a figura de Mahatma Gandi. Mas que Índia era aquela? De onde Gandi extraiu os ensinamentos para reagir a dominação inglesa de forma pacífica?

Tudo isso passa pelo processo de representação. Sem nada estudar sobre a Índia nos livros das sérias anteriores, o aluno era obrigado a forjar uma ideia da Índia, enquanto país dominado por estrangeiros no século XX sem conhecer previamente a sua História desde a antiguidade. Qual era a história da Índia anterior a ocupação inglesa e à independência?

Para Chartier, as representações resultam do modo como os atores sociais leem o mundo, e que os discursos carregam uma carga de interesses,divulgando uma imagem do outro ou de si mesmo que tem como finalidade defender os interesses daquele que ler e transmite a imagem sobre o outro, assim,

“As representações do mundo social, construídas a partir de variáveis oriundas das classes sociais e dos meios intelectuais, são, portanto, determinadas pelos interesses dos grupos que as forjam, constituem-se em estratégias e práticas que tendem a impor uma autoridade aos grupos por elas menosprezados, justificando por meio das suas escolhas e condutas” (Chartier, 1990, p. 17).

Então para que o Europeu se interessaria em divulgar uma imagem da Índia, da China ou do Japão, por exemplo, durante a Idade Antiga ou a Idade Média? O termo Orientalismo definido por Eduard Said ilustra um pouco essa questão:

“(...) O interesse europeu e depois americano pelo Oriente era político de acordo com alguns de seus aspectos históricos (...), mas foi a cultura que criou esse interesse, que agiu dinamicamente em conjunto com as indisfarçadas fundamentações políticas, econômicas e militares para fazer do Oriente o lugar variado e complicado que ele obviamente era no campo que eu chamo de orientalismo” (Said, 2008, p. 39). 

Para além disso, o autor defende que orientalismo

“É antes a distribuição de consciência geopolítica em textos estéticos, eruditos, econômicos, sociológicos, históricos e filosóficos; é a elaboração não só de uma distinção geográfica básica ( o mundo é composto de duas metades o Ocidente e o Oriente), mas também de toda uma série de “interesses” que, por meios como a descoberta erudita, a reconstrução filosófica, a análise psicológica, a descrição paisagística e sociológica, o Orientalismo não só cria, mas igualmente mantém; mais do que expressa, uma certa vontade ou intenção de compreender, em alguns casos controlar, manipular e até incorporar o que é um mundo manifestamente diferente” (SAID, 2008, p. 40)

Posto isso, percebemos que a História dos povos asiáticos não ia de acordo aos interesses dos colonizadores, pelo menos da forma como ela de fato se deu, surgindo assim, o orientalismo.

A História da Ásia no livro de História do Ensino Médio 
Sabemos que após mudanças significativas na LBD, no que diz respeito a incorporação de novos temas como o africano e o indígena, vemos também uma “virada temática” já a partir das primeiras edições aprovadas pelo PNLD, na segunda década deste século. A Ásia “ganha” História no Livro Didático da mesma forma que a África.

Para verificar essa nova realidade, escolhemos para este trabalho, duas coleções de livros didáticos do PND 2018: “#Contato História”, de Marco Cásar Pellegrini, Adriana Machado Dias e Keila Grinberg e “História Sociedade & Cidadania” de Alfredo Boulos Junior. Analisamos seis volumes: três de cada coleção, que possuem livros independentes para cada série do Ensino Médio.

O primeiro volume da coleção “#Contato História”, destinado ao 1º ano do Ensino Médio, aborda conteúdos que vão desde a origem do ser humano, até as primeiras manifestações do que se convencionou chamar de Era moderna, distribuídos em 12 capítulos ou unidades. Para além do capítulo destinado “tradicionalmente” aos povos do Oriente Médio na Antiguidade (hebreus fenícios e persas), o quinto capítulo do livro é dedicado ao estudos dos “Povos Antigos da Ásia”. Nele, são abordadas duas civilizações – Índia e China – juntamente com seus antessentes históricos na antiguidade, indo a página 94 à 115, incluindo o conteúdo em si, textos complementares, atividades, sugestões de análise da arte oriental e dicas de cinema, como mostra a figura 01.

Figura 01: Sumário do livro #Contato História vol. 01. 
Fonte: Pellegrini, 2016.

O capítulo abre com uma grande imagem da Muralha da China, logo em seguida, faz uma breve mostra das civilizações asiáticas, traz uma página destinada a civilização harappiana e uma à civilização hindu. Em seguida apresenta a religiosidade na Índia, destacando o hinduísmo, o sistemas de castas e o budismo. Na sequência, aparece a China: as diferentes dinastias e a formação do império chinês são destaque nesta segunda parte do capítulo, que, além disso, dá enfoque especial para a Rota da Seda e para medicina tradicional chinesa.

No segundo volume desta coleção, destinado ao 2º ano do Ensino Médio, que abarca desde o que o autor intitula de “Nascimento da Europa Moderna” até o fim do Império do Brasil, a Ásia só é citada uma única vez em um pequeno tópico que narra a chegada dos portugueses “nas Índias”. Importante destacar que o objetivo não é “mostrar” a história da Índia, mas sim o feito dos portugueses em ter chegado a um lugar distante e desconhecido.

O volume 3, expõe temas já conhecidas nos livros anteriores,como o imperialismo na Ásia, a participação do Japão na Segunda Guerra, e no capítulo 07, um tópico com extensão de uma página, sobre “A Revolução Chinesa”, além de outro de igual extensão intitulado “A Índia Independente”.

Nesta obra, notamos que, embora traga um capítulo sobre História da China e da Índia na antiguidade, o autor “esqueceu” que essa parte do planeta continuou tendo história ao longo dos séculos seguintes, pois só apareceram no livro novamente no século XX, no contexto de transformações e conflitos que foram desencadeados pela Europa. Além disso, não percebemos um capítulo dedicado a Independência da Ásia que comumente aparece nas obras de outros autores, sento somente a Independência da Índia abordada brevemente no capítulo destinado à Guerra Fria.

A coleção “História, Sociedade & Cidadania” de Alfredo Boulus Junior, traz no primeiro volume um capítulo destinado “exclusivamente” a um aspecto da História da Ásia: A civilização Chinesa. O autor elege, diferentemente do primeiro livro analisado, apenas uma civilização para abordar, sendo neste caso, excluída a história da Índia. Os aspectos destacados comportam as páginas 96 a 111, dando destaque para a sucessão de dinastias, formação do império, além da religiosidade, a filosofia e medicina tradicional. Ainda neste capítulo, o autor dá um salto cronológico e mostra o domínio dos mongóis sobre a China já no século XIII, encerrando aí a sua abordagem sobre a História da China nesse volume, como é possível perceber na figura 02.

Figura 02: Sumário do livro História Sociedade & Cidadania vol. 01
Fonte: Boulos Junior 2016.

No livro destinado ao 2º ano, a História da Ásia não é objeto de análise.
O terceiro volume, segue a abordagem já conhecida nos livros de História: o primeiro capítulo que trata do imperialismo europeu,apresenta um tópico sobre “A partilha da Ásia”, mostrando resistência dos povos asiáticos na Revolução dos Sipaios e a Guerra do Ópio. Para além disso, aparece a participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, e os processos de independência da Ásia, no mesmo capítulo que trata desse fenômeno na África, dando enfoque apenas para a Índia. O capítulo intitulado “Socialismo Real” apresenta o caso da China, desde as ameaças de dominação estrangeira, até a revolução cultural chinesa. Da mesma forma que o primeira coleção analisada, o autor ignora séculos de História da Ásia, saltando da Idade Média para o imperialismo, já no XIX. O capítulo 12, introduz brevemente sobre o Japão e a China enquanto potencias econômicas no mundo contemporâneo.

Considerações finais 
Pela análise que realizamos até aqui, observamos que a única mudança surgida nos livros didáticos de História do Ensino Médio, foi a introdução no volume dedicado ao 1º ano, um capítulo destinado a História da Ásia na antiguidade.

Para além disso, no restante do transcurso dos séculos seguintes que incluem o recorte temporal que vai da Idade Média até o século XIX, nos livros didáticos é como se a Ásia estivesse parado no tempo. Nada teria acontecido “nessa outra parte do planeta”.Os acontecimentos ficam concentrados principalmente na Europa, o que sabemos que não é verdade. É necessário que esses conteúdos tenham continuidade para que o aluno não fique se perguntando de onde veio a Índia que estava querendo se tornar independente e porquê ela foi dominada. Por isso é importante que o aluno compreenda qual era a história da Índia anterior a ocupação inglesa e à independência. 

Os volumes destinados ao 2º e ao 3º ano de ambas as coleções, praticamente ignoram a existência da Ásia no livro do 2º ano, voltando a ela a “existir” apenas no terceiro volume, abordada quase sempre em acontecimentos que envolvem os países europeus, como as guerras mundiais e a dominação imperialista.

Apensar da “Ásia Antiga” constar atualmente nos livros didáticos, ainda é insuficiente diante da grandiosidade de História dos povos asiáticos e da importância das suas realizações para a História, inclusive Ocidental e brasileira. Não esqueçamos da presença de povos asiáticos que vivem no Brasil, como os japoneses, e mais recentemente a parceria comercial existente entre Brasil e China. Além disso, não só China, Índia ou Japão devem ser trazidos para os livros da Educação Básica; as demais civilizações e povos que deixaram seu importante legado para o Ocidente devem ser abordados de forma mais direta e não serem somente citados brevemente, quando são. Lembramos também, que essa é uma postura que parte principalmente das universidades, que devem incluir disciplinas de História da Ásia na sua Grade curricular, pois não só basta dispor esses conteúdos nos livros didáticos se os futuros professores de História não veem esses temas na academia.

Referências 
Márcio Douglas de Carvalho e Silva é Mestre em Antropologia pela UFPI, Especialista em História e Cultura Afro-Brasileira e Africana pela UESPI e Licenciado em História pela UESPI.
E-mail: conectadonomarcio@hotmail.com

BOULOS JUNIOR, Alfredo. História, Sociedade & Cidadania, 1º ano. São Paulo: FTD, 2016.
BOULOS JUNIOR, Alfredo. História, Sociedade & Cidadania, 2º ano. São Paulo: FTD, 2016.
BOULOS JUNIOR, Alfredo. História, Sociedade & Cidadania, 3º ano. São Paulo: FTD, 2016.
BRASIL. Senado Federal. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: nº 9394/96. Brasília, 1996.
CHARTIER, Roger. A História Cultural: entre práticas e representações. Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1990
COTRIM, Gilberto. História Global, Brasil e Geral, Volume único. São Paulo: Saraiva, 2005.
KOSHIBA, Luiz. História - origens, estruturas e processos: Uma leitura da História Ocidental para o Ensino Médio.  São Paulo: Atual, 2005.
PELLEGRINI, Marco César; DIAS, Adriana Machado; GRINBERG, Keila. #Contato História, 1º ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2016.
PELLEGRINI, Marco César; DIAS, Adriana Machado; GRINBERG, Keila. #Contato História, 2º ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2016.
PELLEGRINI, Marco César; DIAS, Adriana Machado; GRINBERG, Keila. #Contato História, 3º ano. São Paulo: Quinteto Editorial, 2016.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Descolonizar el saber, reinventar el poder. Motevideo: Extención Universidad de la República; Ediciones Trilce, 2010.

51 comentários:

  1. Sou professor de História e acho muito interessante a Historia Oriental. Porém eu noto também a deficiência do ensino dessa temática na educação básica. Como eu poderia inserir esses estudos na estrutura curricular de maneira mais criativa sem deixar que os demais conteúdos fiquem atrasados?

    WEKSLLEY MACHADO

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    1. Wekslley, acredito que a melhor forma seria buscando instigar a curiosidade dos alunos acerca da História do Oriente. Percebo que um dos temas que os alunos mais se interessam é a história da China Antiga. Trabalhar a cultura e fazer uso do cinema pode ajudar bastante.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  2. Sou discente do curso de história e concordo que dentro da universidade quase não há menção a história oriental. Mas tive sorte, pois meu professor de História Moderna tem pesquisas relacionadas com o Oriente, dessa forma, na maioria de suas aulas há menção aos povos orientais (entretanto, nem todos tem essa sorte). Gostaria de saber a sua opinião sobre a implantação de um possível projeto de lei, que torne obrigatório o ensino de História da Ásia, uma vez que, mesmo com a obrigatoriedade do Ensino de história da África, esta matéria na minha universidade ainda é optativa. Com isso, deixo a minha pergunta: o Sr. acha que seria possível a formulação de um projeto de lei para tornar obrigatório o ensino a respeito do oriente? Além disso, será que essa lei seria aplicada? E, enquanto não há lei, quais os melhores mecanismos (leituras extras/filmes/etc?) para abordar a história do Oriente, mesmo que ela não esteja nos materiais didáticos?

    Sofia Alves Cândido da Silva

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    1. A lei 10639 que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana foi possível a partir de reivindicações de organizações que representam a população afro-brasileira, como o Movimento Negro. Para termos uma lei que torne obrigatório o ensino de História do Oriente, é necessário muita luta e diálogo, mas não é impossível, visto que os "olhares do mundo se voltam para o Oriente", visto o crescimento econômico chinês de quem o Brasil é parceiro comercial. A adesão dos professores seria um grande desafio, visto que muitos não viram esses temas na universidade e relutam em ministrar esses conteúdos na educação básica. Sugeriria a você o filme Sete anos no Tibet e a série Márco Polo, produzida pela Netflix, é uma boa narrativa sobre a China durante o período que corresponde a idade média ocidental.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  3. Olá Márcio. Gostaria de parabenizá-lo pelo excelente texto. Sabemos que a história da Ásia, como um todo, é complexa, antiga e cheia de história, história essa que não é abordada ou devidamente explicada, mesmo com a implantação das novas leis. Para uma abordagem completa deste tema e a retirada do tão antigo sistema eurocêntrico no ensino de história no Brasil, você acharia válido que o conteúdo referente a história da Ásia fosse abordado desde o ensino fundamental, juntamente com os demais conteúdos? Seria essa uma forma de desmistificarmos a divisão colocada entre ocidente e oriente?

    Crislli Vieira Alves Bezerra.

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    1. Crislli, obrigado. Embora o recorte da minha análise seja o livro do Ensino Médio, as coleções do Ensino Fundamental já trazem os mesmos conteúdos, porém ainda é preciso haver mais espaço para essa temática. Estudar mais sobre o Oriente ajudaríamos a termos uma visão mais realista da história do seu povo e assim mais desmistificada.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  4. Oi Márcio. Belo texto, parabéns! O livro didático ele possuí diversos limites na sua configuração e na forma de seu uso, mas infelizmente, apesar de ser pensado para uso do (a) estudante, ele muitas vezes serve como "Bíblia" por vários professores em sala de aula, seja por descompromisso com a função social da profissão, seja pelos limites nas condições materiais e temporais da mesma. Um outro limite que o (a) professor (a) encontra no Ensino Médio está na quantidade de aulas destinadas à nossa disciplina. Cria-se um impasse: somar mais o conteúdo relacionado à Ásia torna-se uma educação "industrial", de linha de montagem; substituir a História Europeia choca-se com os conteúdos que são cobrados nos vestibulares e no ENEM. Defendo o estudo da História da Ásia, pela sua diversidade e as contribuições que ela nos traz para dialogarmos no cotidiano escolar, rompendo com estereótipos, preconceitos, mas só vejo acontecendo com uma mudança curricular efetiva nas universidades e na educação básica, o que é um processo de médio prazo. Por ora, só imagino a inserção por um conteúdo programático pensado por temáticas. Pensas como viável essa proposta? Obrigado! Abraço!

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    1. Obrigado, Maicon. Sim. A mudança tem que começar na universidade, e a carga horária reduzida para nossa disciplina é, de fato, um problema. Concorrer com os conteúdos destinados a história da Europa, mais cobrados nos vestibulares é outro desafio que temos. Seria necessário uma reestruturação tanto no ensino superior como na educação básica no que se refere ao estudos desses conteúdos.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  5. Saudações, Márcio.
    Você chegou a tomar conhecimento da primeira proposta da BNCC para o currículo de História para o Ensino Médio?
    Ela propunha uma divisão “geográfica”, dividindo o currículo não cronologicamente. Em cada ano seria enfatizada a relação da história brasileira com de alguma região. 1- África e Ásia; 2- América; 3 – Europa. (se não me engano).

    Achei a proposta bastante inovadora e pertinente. Alguns pontos poderiam ser melhorados, certamente. Mas considerei um grande avanço.
    No entanto, a proposta teve grande resistência por parte dos professores. No Ensino Fundamental ocorreu algo similar. A ideia era fazer algo menos cronológico e eurocêntrico. Porém ficamos no tradicional, repito, por reclamação dos próprios docentes.

    A pergunta é: Em que medida você acredita que os livros são assim (ignorando a história oriental) para se adequar ao conservadorismo dos professores de História?


    Carlos Rocha

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    1. Carlos, tive sim conhecimento dessa proposta na BNCC e também considerei ela uma excelente forma de romper com o tradicional e o ensino baseado na cronologia. Não podemos negar que o positivismo ainda se faz muito presente nas universidades e também na prática de muitos professores da educação básica, e por isso muitas propostas inovadoras são refutadas justamente por não corresponderem ao comodismo de muitos docentes.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  6. Uma das mudanças mais significativa trazidas pelas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, foi não só a inserção da temática afro-brasileira e indígena no currículo, mas principalmente a mudança de foco, de paradigma mesmo, que se fazia necessária na abordagem destes conteúdos. Essa mudança já ocorria há muito nas pesquisas acadêmicas e precisava chegar nas salas de aula. No que diz respeito a presença da cultura afro-brasileira e indígena nos livros didáticos, podemos encontrá-las antes da lei, mas a abordagem se fazia a partir de um único ponto de vista (colonizador) ou era muito simplória, a lei veio demonstrar isso, e obrigar a realização de uma abordagem mais robusta da temática. Não acha que com os conteúdos sobre a Ásia aconteça a mesma coisa, não seria o caso apenas de uma mudança de abordagem, e não de mais conteúdo?
    Cristiano Santos Carmo

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    1. Cristiano, acredito que não. Após a lei 10639, se você nalaisar, as páginas dos livros também dedicaram mais espaço para a história da África e dos africanos no Brasil. Capítulos inteiros hoje são dedicados a história das nações africanas na antiguidade, idade média e moderna. Houve sim uma mudança de visão e também a abertura de mais espaço para essas discussões, bata você analisar livros editados antes e após a lei. Sobre a história da Ásia ocorre, da mesma forma uma abertura para o estudo da sua história, algo que não em edições da década passada.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  7. Realmente é muito difícil se estudar sobre a Ásia, tanto na escola quanto nas universidades. Tendo em vista a grande importância que comunidades asiáticas vem exercendo no Brasil nas últimas décadas será que nos próximos anos veremos um conteúdo que abrange melhor o ensino da História dos povos asiáticos dentro das salas de aula nas escolas, como tem ocorrido com estudo sobre a Africa?

    Afranio Junior de Melo Barros

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    1. Sim. Já está ocorrendo. Já está nos livros didáticos, agora é necessário que os professores debatam esses temas nas salas de aula.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  8. Vânia Maria Siqueira Alves2 de outubro de 2018 às 16:45

    Ministrei aulas durante 25 na Educação Básica e a história da Ásia aparece como apêndices da história ocidental, embora alguns livros didáticos traga a alguns capítulos de Antiguidade Oriental. Também essa não aparece nos cursos de formação de professores, exceto em alguns casos como optativa e ou eletiva. Tive a oportunidade de ministrar essa disciplina uma vez no ensino superior... Pois foi retirada da matriz...Parabéns pelo trabalho"

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  9. Olá prof Márcio,

    Na sua opinião, quais os meios de se quebrar esses modelos eurocêntricos de ensino em nossas Universidades? E haver maior divulgação da História do Oriente?

    FRANCISCO ELÁDIO PEREIRA DA SILVA

    Acadêmico do Curso de Licenciatura em História UAB/UECE Camocim

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    1. Francisco, compartilho com você a mesma resposta que dei para a Daniele. Esse simpósio já é uma grande iniciativa ao abrir espaços para um debate sobre a História do Oriente. Pesquisas como a minha e publicações em livros e revistas sobre a História Oriental são maneiras de evitar o eurocentrismo.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  10. Olá Márcio,
    Atualmente o ofício de lecionar demanda atualizações recorrentes não só em relação à conteúdo mas também métodos. Algo que tem sido cada vez inserido enquanto recursos didáticos são as novas tecnologias. No entanto eu particularmente acredito que esse uso tem que ser medido de modo que não se torne algo prejudicial.
    Você acredita que no Ensino de História da Ásia, a tecnologia pode ser um possível caminho para criar maior interesse de alunos e facilitar o trabalho de forma a complementar ou até mesmo superar a limitação de alguns livros didáticos? No caso específico de produções cinematográficas há uma quantidade significativa e de qualidade que possam ser trabalhadas?


    Att,

    Cauê Araújo dos Santos

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    1. Certamente sim, Cauê. Aliar tecnologia com ensino de História é uma grande forma de aproximar os alunos dos conteúdos, e no caso da história oriental também é válido. Existem muitos filmes como, por exemplo o filem Baahubali que trata de forma muito interessante a cultura indiana.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  11. Boa noite Márcio,
    Parabéns pelo texto e pelo tema de pesquisa.
    Considero vital a inclusão do ensino de História Oriental no currículo escolar. A minha pergunta diz respeito ao passo que devemos dar antes, ou seja, formar docentes na área. Eu, como estudante da China, enfrento uma série de desafios por não haver na maioria das universidades, ainda, cursos sobre a Ásia. Assim, qual é a tua opinião em como superar o eurocentrismo predominante?
    Obrigada.
    Daniele Prozczinski

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    1. Obrigado, Daniele. Esse simpósio já é uma grande iniciativa ao abrir espaços para um debate sobre a História do Oriente. Pesquisas como a minha e publicações em livros e revistas sobre a História Oriental são maneiras de evitar o eurocentrismo.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  12. Oi, Márcio. Primeiramente gostaria de te dizer que me identifiquei com a tua problemática desde o título. Sou graduanda da 6ª fase do curso de História e bolsista de pesquisa em um projeto com temática voltada para o ensino, especificamente atuando na investigação de livros didáticos. As tuas impressões ainda que trabalhando com Ásia, foram muito parecidas com as minhas que trabalho com Brasil. Me incomoda muito pensar na educação colonial fornecida pelos livros didáticos na sua forma quadripartite francesa, visto que muitas vezes, o livro didático é o único material ao alcance do professor e dos alunos em sala de aula. No momento que tu explica a construção do outro, e portanto, um outro muitas vezes essencializado, fica perceptível o porquê de vivermos em uma sociedade presa à estereótipos. Como não forjar uma Índia essencializada se os parâmetros utilizados são o colonizador? Achei tua análise incrível, e fiquei curiosa especificamente em relação ao livro “História, Sociedade & Cidadania” de Alfredo Boulus Junior, já que comentas que tem um capítulo específico sobre a China. Na tua análise, a China foi inserida de forma transversal em outros capítulos ou ela aparece como um adendo para cumprir exigências do PNLD? No mais, obrigada por socializar teu trabalho, é muito rico para alguém que ainda nem se formou. :)

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    1. Mariana, obrigado pelos seus elogios. Nessa coleção de modo especial, percebo que a China ganha prioridade desde a abordagem do primeiro volume. Até mesmo a Índia que divide capítulo com a China em outras coleções, foi ignorada na obra do Alfredo Boulos Junior.

      Muito bom saber que meu trabalho ajudou você. Tenho artigo completo que irei publicar em forma de capítulo de livro nos próximos meses. Lá analiso cinco cobras do PNLD 2018. Se tiver interesse, após publicado posso repassar para você. E-mail conectadonomarcio@hotmail.com

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  13. Compartilho dessa sua inquietação sobre o ensino de história oriental, não só no ensino básico mas também no ensino superior. Sou graduado em História e em minha pesquisa monográfica, trabalhei o relacionamento sino-lusitano no século XVI. Foi um grandíssimo desafio, tendo em vista, que em todos os anos de minha graduação, em nem um momento estudei a História da Ásia e afins. A ausência desse conhecimento em uma graduação em História, ao meu ver, é um grave problema, visto a dificuldades que os futuros professores terão ao ministrar suas aulas nas escolas. Essa ausência entretanto, reflete fortemente os materiais disponíveis no Brasil sobre o Oriente, especialmente o Extremo Oriente. A falta de livros para uma maior aprofundamento por parte dos professores é um grave problema ao meu ver, que então, precisam partir para a pequenos artigos superficiais e matérias na Internet como forma de estudarem esses temas.
    Tendo isso em vista, de que forma você acha que o professor pode conciliar seu trabalho, que exige que trate de forma mais "completa" os temas eurocêntricos, tendo em vista a realidade das questões dos vestibulares e enem e também o pouco tempo que temos para trabalhar cada capítulo com os alunos, com o ensino da História Oriental?

    Att,
    Leonardo Oguido Tirloni

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    1. Havendo uma organização na distribuição das aulas, evitando, por exemplo que os alunos façam as atividades em casa e não na sala de aula, dedicando o tempo da aula para explicação e debate dos conteúdos. Percebo que embora ainda em minoria, questões sobre história da Ásia já aparecem nos vestibulares.


      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  14. Parabéns pelo excelente trabalho. Márcio, sabemos que a política do livro, PNLD, é concretizada como uma discussão sobre o que precisa constar nos livros didáticos a partir da regulamentação e atualização da DCN e envolve pesquisadores e conteúdistas para essa elaboração. Como a academia pode dar visibilidade a produções como a sua diante da necessidade de incluir outras histórias no livro didático se seguimos uma produção eurocêntrica tanto na educação Básica como nas Universidades?
    Abraços!
    Herika Paes Rodrigues Viana

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    1. É necessário antes de tudo "descolonizar o saber", o conhecimento vinculado a teorias europeias, para podermos avançarmos.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  15. Olá Márcio!
    Belo texto, você tocou num ponto pouco explorado na vida escolar e acadêmica, que é a introdução na educação brasileira da história da Ásia. Me chamou bastante atenção foi o 2° volume dos livros, pois é verdade que nesses volumes a história da Ásia é pouquíssimo abordada e dão a ideia de que durante esse período (entre idade média e moderna) as civilizações asiáticas ficaram paradas e está tudo errado, pois os responsáveis pela produção desses materiais parecem não conhecer a importância da rota da seda no centro da Ásia que trouxe tantos produtos que influenciaram a cultura europeia ocidental, como a seda, a pólvora e as especiarias orientais.
    Eu gostaria de saber sua opinião de como os livros didáticos poderiam abordar a história da Ásia, e quais as civilizações asiáticas deveriam ser abordadas nos livros?

    José Raimundo Neto.

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    1. José Raimundo. Na minha opinião, os livros deveriam propor uma história menos cronológica, menos eurocêntrica e mais global dando ênfase a história da Ásia como um todo, e não enfocando apenas em uma civilização.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  16. Márcio eu queria sua opinião:
    Os livros didáticos abrindo mais espaço para a história da Ásia, existe o perigo de ficarem presos a só a história da Índia e China, deixando outras civilizações, como o Império Khmer do camboja, relegadas a marginalização da aprendizagem?

    José Raimundo Neto.

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    1. Isso já acontece. Na pesquisa identifiquei que somente China e Índia e raramente o Japão são abordados. A luta agora é para que as demais nações também tenham a sua história nos livros.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  17. Olá. Muito interessante seu artigo. Minha pesquisa de TCC foi justamente nesse sentido, e foi graças ao livro didático (quando "do nada" aparece o Japão e China nas Guerras Mundiais e não sabia de como esqueceram de mencionar metade do mundo no livro de História, isso ocorreu há mais de 15 anos atrás) e a época de faculdade (quando eu solicitava ao colegiado e a todos os professore para ter pelo menos uma disciplina de oriente ou colocar autores asiáticos no currículo e isso não foi atendido, ou só incluíram História do Médio Oriente), que ao pesquisar e perguntar, sempre me diziam para estudar história do meu país e não dos "outros" do outro lado do mundo ou que não havia autores bons deles para estudar (na verdade há poucos traduzidos). Então tive que pesquisar como ensinar história do oriente, usando histórias em quadrinhos...com isso meu interesse pela asia aumentou. Hoje leciono em escola particular que utiliza os livros da Positivo (fundamental e medio) e vejo que os capítulos de Asia mantem o padrão mencionado no artigo, isso quando não se sente que o autor colocou os capítulos como extra, o professor usa se quiser, além que encontrei vários erros de tradução dos nomes de dinastias e reis, que foram usados pelos europeus, e não pela história asiática romanizada atual. Geralmente nesses capítulos, uso meu próprio material de pesquisa, e não o livro. Mas realmente há uma necessidade de melhorar o conteúdo do livro didático, mas isso é solução a longo prazo e um pouco ilusória de acontecer na realidade.
    Uma solução mais a curto prazo, que acho mais viável, os próprios professores se atualizarem, pois vejo muitos que se após de formar, esquecem de estudar e não buscam mais conhecimento. Como podemos cobrar dos alunos busca de conhecimento, se o próprio professor está parado no tempo? A minha pergunta ao autor: "Não seria o momento propicio, ao ensinar história da asia, usar as mídias que os jovens mais utilizam no momento?" Como a onda de Kpop daria para incentivar a estudar a história das Coreias (Vpop (Vietnã) e Cpop (China), além dos doramas que há muitos de temas históricos, além de animes e mangás, para história do Japão. Vejo muitos jovens interessados nessas mídias, e já seria uma porta para despertar o interesse do aluno no tema.

    Jorciane Moreira de Campos

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    1. Obrigado pelos eu comentário, Jorciane. Certamente essa é uma excelente estratégia. Aproximar a história desses países a algo que os alunos se identifique. A maioria dos animes vinculados no Brasil são produzidos na Ásia, quadrinhos, como você citou e também a música. Como indiquei em outro comentário, estudar essas civilizações como elas são hoje, abordando a sua cultura é uma boa forma de transportar o aluno para o passado desses povos.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  18. Olá, tudo bem? Muito obrigado pela discussão que está sendo levantado nesse espaço. No semestre passado eu desenvolvi um artigo para uma disciplina a respeito do livro didático do PNLD Ensino Médio e trabalhei justamente com essa temática. O livro didático se chama Cenas da História. Encontrei problemas semelhantes no que você apontou, o conteúdo é muitas vezes jogado sem muito aprofundamento histórico ou cultural. Olhando para a realidade do professor e para a quantidade de conteúdo que se deve passar para o aluno, seria problemático apresentar História de um país asiático? Pois para trabalhar com uma certa profundidade demanda tempo e pode acaba comprometendo um currículo estabelecido no Ensino. Aproveito para perguntar, em sua opinião, como os livros didáticos devem ser organizados para incitar estudos asiáticos por parte dos alunos?

    Abraço,
    Ygor Yuji Utida Porto.

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    1. Certamente priorizar somente um país em detrimento de outros não seria bom, mas é a forma que vem acontecendo. Na minha opinião, os livros deveriam propor uma história menos cronológica, menos eurocêntrica e mais global.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  19. Olá, Parabéns pelo texto!
    Acho incrível que haja pesquisadores preocupados com esse tipo de problemática do ensino de História no Brasil. Venho pensando nas dificuldades de trabalhar a História da Ásia no Brasil. A minha pergunta é: Como é possível trabalhar com esse tipo de temática de forma que não se torne algo raso? Pensando que muitas vezes os países da Ásia acabam aparecendo mais como curiosidades do que um "conteúdo importante" (segundo o estudo eurocêntrico que tivemos). Pois muitas vezes os professores possuem pouquíssimo tempo com aulas reduzidas em comparações a outras disciplinas e precisam vencer prazos e temáticas por exemplo que são cobras em exames como o ENEM.

    Aguardo sua resposta.

    Breadelyn Corrêa Pires

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    1. Breadelyn, uma forma de não trabalhar esse conteúdo de forma superficial é trabalhando o mesmo na sua integralidade, da forma como o livro didático dispõe, além disso, existem muitos textos complementares que podem ser trabalhados em sala de aula. Os filmes também são outro aliado.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  20. Bom dia! Marcio antes de mais tudo me permita parabenizá-lo pela pesquisa, é ótimo ver pesquisas direcionadas a civilizações orientais que tanto contribuíram para o desenvolvimento da humanidade, mas cuja atenção infelizmente é ofuscada pela predominância da vertente eurocentrista da história.

    Isso é ainda mais claro nos livros didáticos. Quando vemos referências às civilizações orientais é sempre algo bem resumido direcionado a: China & Índia Antiga, recentemente encontrei em alguns livros didáticos que apresentam uma tentativa de colocar em seus conteúdos a civilização japonesa junto aos conteúdos da China & Índia, mas ainda são poucos os livros didáticos que trazem tais conteúdos com a devida atenção que eles mereceriam. É triste, pois tais civilizações estão entre as primeiras da humanidade e trouxeram contribuições a nosso mundo tanto quanto as que se desenvolveram na Europa.

    As civilizações orientais sob a ótica eurocentrista de história acabam sendo deixadas em segundo plano, apresentadas de forma bem resumida e muitas vezes acabam sendo aparentemente representadas aos alunos com determinada ênfase só no contexto do imperialismo e das duas grandes guerras mundiais, assim “rejeitando” séculos de história, cultura e praticas social.

    Sua conclusão define bem o que eu penso e que sem dúvida muitas pessoas também imaginam: “Apensar da “Ásia Antiga” constar atualmente nos livros didáticos, ainda é insuficiente diante da grandiosidade de História dos povos asiáticos e da importância das suas realizações para a História, inclusive Ocidental e brasileira. Não esqueçamos da presença de povos asiáticos que vivem no Brasil, como os japoneses, e mais recentemente a parceria comercial existente entre Brasil e China. Além disso, não só China, Índia ou Japão devem ser trazidos para os livros da Educação Básica; as demais civilizações e povos que deixaram seu importante legado para o Ocidente devem ser abordados de forma mais direta e não serem somente citados brevemente, quando são. Lembramos também, que essa é uma postura que parte principalmente das universidades, que devem incluir disciplinas de História da Ásia na sua Grade curricular, pois não só basta dispor esses conteúdos nos livros didáticos se os futuros professores de História não veem esses temas na academia.”

    Espero sinceramente que está situação mude no futuro. Felizmente certos grupos de estudo em temáticas da Ásia aparentam que estão se desenvolvendo com mais visibilidades nos últimos anos como por exemplo o: Núcleo de Estudos Japoneses da Universidade Federal de Santa Catarina o qual fiz amizade com os pesquisadores deste grupo de pesquisa, quem sabe estes pesquisadores dentre outros consigam com o tempo ganhar aos poucos espaço para o estudo das civilizações asiáticas dentro dos campos universitários e que este conteúdo comece a ser mais estudado dentro da grade curricular de história dentro das redes públicas e privadas de ensino.

    Desde já agradeço e o parabenizo mais uma vez por sua pesquisa.

    Att. Lucian Pereira dos Santos.

    Maringá – PR, 05 de Outubro de 2018.

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    1. Obrigado Lucian, muito bom saber que concorda com a minha conclusão acerca dessa debate.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  21. Bom trabalho Márcio em abordar um assunto bem delicado e também importante que é o ensino através dos livros didáticos, os quais sabemos que são defasados e que não aborda com totalidades os conteúdos reais sobre a história.
    Parabéns.

    Erica de Araújo Lourenço Morais

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  22. Olá, Márcio!
    Primeiramente, parabéns pelo excelente texto. Sou professora de história e também vejo a grande problemática em relação ao estudo da história Oriental. São poucos os assuntos que são abordados e passam até por despercebido, os recursos também são poucos e muitas vezes precisamos nos aliar a vídeos e filmes, pois o livro didático em si não é suficiente para abordarmos a totalidade dos conteúdos. Como mudar esta realidade, como podemos unir o livro didático com recursos de mídia (vídeos, filmes) de uma maneira equilibrada para quebrar essas barreiras e ter um bom aproveitamento deste assunto em sala?

    Grata!

    Taciane Lílian Pereira da Silva

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    1. Obrigado Taciane. Acredito que uma boa forma de introduzir um conteúdo sobre uma civilização do passado é mostrando como ela é no presente. Índia, China, Japão e demais nações orientais sempre despertam muita curiosidade.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  23. Olá, trabalho excelente!!
    Gostaria de saber, como graduando em História, meios alternativos de aprender mais sobre a história do oriente, visto que mesmo na faculdade de História se estuda muito pouco o tema. Então, por onde você me indicaria a começar?

    Dalgomir Fragoso Siqueira

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    1. Procurar livros sobre a temática. O livro Orientalismo do Eduard Said é uma boa introdução. Filmes e séries também são uma ótima fonte.

      Márcio Douglas de Carvalho e Silva

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  24. Boa noite Márcio.
    Eventos como este nos ajuda muito a refletir,sobre a escassez de materiais que abordem a história oriental nas escolas, e até mesmo nas universidades. Quais os caminhos que os novos docentes podem tomar para trabalhar esta história tão pouco abordada em sala de aula, tendo em vista que os livros didáticos ainda concentra uma história com visão eurocentrica?

    Damiana Santana de Medeiros

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