Carlos Guilherme Rocha

AS ‘CONQUISTAS DAS FILIPINAS’ NA GRAVURA DE NICCOLÒ BILLY (1698)

No ano de 1698, uma das principais crônicas sobre as ilhas Filipinas foi publicada em Madri. Seu autor é o frei Gaspar de San Agustin. O nome de professo deixa explícito o pertencimento de Gaspar à ordem regrada pelos ideais e exemplos do bispo de Hipona. O nome da obra é 'Conquistas de las Islas Philipinas'. Ou seja, não foi uma simples conquistas, mas foram duas: uma temporal, promovida pelo monarca Filipe II, outra espiritual, realizada por seus colegas de ordem religiosa. O motivo para a escrita do livro foi a larga experiência do frei agostiniano como missionário no arquipélago oriental, onde atuou por mais de 50 anos, parte dos quais dedicou-se à pesquisa e à redação de seu mais famoso livro. A vivência missionária nas Filipinas, segundo o próprio frei, era condição que o faria ideal para escrever sobre aquela empresa. Como o mesmo afirmou, citando ao Livro dos Provérbios: “es mejor el vezino en la cercania, que el Hermano en la distancia”. [Gaspar de San Agustin, “Elogio”, 1698]

A gravura que abre o livro foi feita por Niccolò Billy (também grafado como Nicolò Billy), gravurista italiano, que atuou em Roma. Diferente de frei Gaspar, Niccolò Billy não conhecia sobre as Filipinas. Seu desenho se baseou apenas na obra do frei e da orientação dos “irmãos à distância”, isto é, dos agostinianos que providenciaram a publicação do livro. Quando criou a gravura para o livro da Gaspar de San Agustin, Niccolò Billy estava começando sua carreira, que se destacou pela gravação de retratos e cenas históricas. Atuava principalmente com comércio, cópia e gravação de obras de outros pintores, raramente ele próprio desenhava. [Bryan, 1886] Uma dessas ocasiões é a realização do frontispício do livro de Gaspar de San Agustin.

O frontispício das “Conquistas”, feito por Niccolò Billy, apresenta mais que uma tradução dos objetivos de Gaspar de San Agustin, mas é um elemento que ele mesmo pretendia cria e estimula a imaginação. [Souza, 2013] A gravura que inicia o livro cria uma relação de tensão e diálogo com o texto que a sucede. A imagem possui um discurso, ideias e orientações. Assim ela é também considerável no corpus documental de fontes para a imagem das Filipinas nos séculos XVIII e XIX.

BILLY, Niccolò. Estampa In: Conquistas de las Islas Filipinas, de Gaspar de San Agustin.

No topo da gravura, impõe-se, entre duas nuvens, uma espécie de sol que lança luzes para todas as partes. Este elemento porta o conhecido monograma “IHS”, Iesus Hominun Salvator (“Jesus Salvador dos Homens”). Este sol não é o astro que a Terra e demais planetas circundam. É o Empíreo, elemento fixo do qual emana o movimento inicial para toda ação do universo. Nas representações medievais o Empíreo é o lugar do Paraíso, onde os eleitos se encontram e ficam próximos a Deus e sua corte celestial. Enquanto lugar, o Paraíso foi situado nos céus. Dentro da concepção aristotélica de física, o Empíreo ficaria na região supralunar (céu superior), onde não há corrupção ou alteração, por isso é imóvel. Do Empíreo toda energia divina emana, é a criação primeira de Deus. O fogo que o circunda não queima, apenas brilha, é a luz do mundo. O Empíreo é o céu acima de todos os planetas e estrelas.

Com o advento da “nova astronomia” de Copérnico, Kepler e Galileu, a ideia de Empíreo e suas representações foram colocadas em xeque e declinaram ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII. [Delumeau, 2003] A representação feita por Billy parte para um diálogo entre as concepções antigas (ptolomaicas e aristotélicas) e as novas. Com a afirmação do heliocentrismo, as adaptações cristãs passaram a simbolizar o Sol como Cristo, como aquele que ilumina o mundo com o Evangelho. No entanto, o desenhista faz uma distinção entre o “sol da justiça” (Cristo) e o Sol natural, visível, representado pouco abaixo. Essa hierarquia é significativa. A “nova astronomia” negou a existência de padrões referenciais (acima, abaixo) na ordenação universal, o que contrariava as visões escolásticas. Não ignorando estas, Niccolò Billy representa o Empíreo acima do Sol.

Do Empíreo um raio ilumina o coração seguro entre as mãos de Santo Agostinho, e dali cinde-se a luz em duas, uma ilumina o mapa das Ilhas Filipinas, a outra aponta para os pés do monarca castelhano Filipe II. Aqui a referência são as Confissões de Agostinho, na qual o doutor da Igreja afirma que seu coração foi ferido pelo amor divino. [Randers, 2014, p. 181-182] Na tradição iconográfica agostiniana, a ferida, ou flechada, do amor de Deus sobre o coração do bispo ocorre em um momento reservado, estando apenas Agostinho, um livro e uma pena. O amor divino serve de inspiração para a obra intelectual do doutor da Igreja católica. Niccolò Billy dá um sentido diferente ao efeito do amor divino, um sentido missionário: a conquista de um dos rincões do planeta.

Ao redor do cristograma, a passagem “Laus eius ab extremis terrae” [“Louvem-no até os confins da terra” - BÍBLIA, Isaías, 42:10] e em torno da estrela um trecho do livro de Tobias: “Luce splendida fulgebis et omnes fines terrae adorabunt te” [“Brilhará uma luz resplandecente até os confins da terra; numerosos povos chegarão de longe até ti” – BÍBLIA, Tobias, 13:13]. As ilhas Filipinas, cujo mapa está posto ao centro da gravura, são associadas aos confins da Terra, tão falados pelos textos bíblicos.

Sobre a cabeça de Santo Agostinho e seus seguidores incidem mais dois raios com passagens do livro de Isaías. O primeiro, que passa sobre os religiosos indica novamente o tom missionário e uma prefiguração da conquista espiritual dos “povos distantes” e de “pele bronzeada” [BÍBLIA, Isaías, 18:2]. O segundo feixe de luz indica que a missão dos agostinianos era ser a luz de todas as nações, até das mais remotas da Terra [BÍBLIA, Isaías, 49:6]. Sobre o monarca espanhol constam os dizeres “Per me Reges regnant” [“Por mim reinam os reis” – Bíblia, Provérbios, 8:15], assinalando que o governo temporal de Felipe II era orientado por fins religiosos.

Como indiquei anteriormente, a representação desenhada por Billy vai além do que expressa o título de Gaspar de San Agustin. O religioso fala de conquistas – no plural – das Filipinas, da temporal pelo monarca e da espiritual pelos seus colegas de ordem. O gravurista italiano também retrata esse duplo sentido, mas atentando para a preeminência da potestade eclesiástica. É Agostinho, com seu coração, iluminado pelo poder de Deus, que mostra o caminho ao rei. É a inspiração divina que orienta Filipe II. Há uma precedência do religioso em relação ao secular. No texto de frei Gaspar a representação é diferente: “[Deus] Movió para esta tan gloriosa empressa [a evangelização dos rincões do mundo] los coraçones de los Catolicos Reyes de España”. [Gaspar de San Agustin, 1698, p. 2] O coração movido por Deus não é do bispo de Hipona, mas dos monarcas de Castela. A preeminência da potestade espiritual representada por Billy, não é uma inovação do autor, mas afirmação da tese defendida pela chamada “Escola de Salamanca”, que possui como principal expoente o frei dominicano Francisco de Vitória. [Francisco de Vitória, 1917 (a) e (b)] A tensão entre o regalismo indiano e a potestade eclesiástica, marcante ao longo dos séculos de colonização do Novo Mundo, está também presente nos discursos produzidos por Gaspar de San Agustin e Niccolò Billy.

Como já dito, ao centro da cena se encontra o mapa das ilhas Filipinas. Ao fim do século XVII, a cartografia da região estava bem avançada. Navegadores e cosmógrafos neerlandeses, ingleses, espanhóis e franceses já haviam dedicado a produzir diversas obras, com destacada precisão sobre o território das Filipinas e sua localização no Oceano Pacífico. [Moreno Madrid, 2017] Provavelmente Billy não teve dificuldade para acessar algumas dessas obras, até porque muitas foram feitas por agostinianos, responsáveis pela publicação do livro.

O que nos chama a atenção são dois pontos. Primeiro, o raio que procede do coração de Santo Agostinho incide justamente sobre o sul do arquipélago, na ilha de Mindanao. Ao fim do século XVII essa era a última fronteira a ser conquistada pelos hispânicos na região. Ocupada de longa data por sultanatos muçulmanos, Mindanao só foi de fato ocupada pelas forças coloniais hispânicas no século XIX. Durante os séculos XVII e XVIII a região foi a principal preocupação das autoridades civis e eclesiásticas. [Donoso Jiménez, p. 469-505] Ao lançar a luz sobre Mindanao, o gravurista não apenas representa a crônica dos eventos passados, mas prefigura os próximos passos em relação à região.

O segundo ponto é a representação de outros territórios. À esquerda Borneo, ao norte, os continentais Sião e China. Até o início do século XVII, muitas autoridades de Castela e também colonos de Manila viam as Filipinas como uma passagem para novos territórios. A grandiosidade chinesa representada por Billy chamava a atenção dos europeus muito antes das grandes navegações. A chegada ao Novo Mundo e à Ásia apenas aumentou o interesse de espanhóis e portugueses sobre a região. A conquista do Celeste Império foi diversas vezes planejada, mas nunca executada. [Ollé Rodríguez, 1998] Com a ascensão de Filipe III ao trono, em 1598, as intenções conquistadoras sobre a China praticamente se encerraram, e a política em relação às Filipinas adotou outro tom, deixava de ser uma ponte, adquirindo importância própria, especialmente no contexto de guerra contra os neerlandeses, que perdura por boa parte do século XVII. [Martínez Millán, 2003] A gravura de Billy, apesar de enfatizar o arquipélago filipino, não ignora os demais territórios em sua volta, destacando essa proximidade com uma das virtudes e vantagens das Filipinas.

Ao centro da imagem, destaca-se outro Sol, o astro visível aos seres humanos. Menos brilhante que o Empíreo e aparentemente mais distante. Em torno do Sol, o salmo 113 dá o ideal de uma Monarquía cristã universal. Onde o Sol iluminasse, o nome de Deus seria venerado e celebrado. [Bíblia, Salmos, 113:3] A representação do astro em seu ocaso não é sem intenção. Antes da denominação “Filipinas”, a região era chamada de “Ilhas do Poente”, alcunha que prosseguiu sendo utilizada por várias décadas.

Os agostinianos foram literalmente essenciais para traçar os caminhos castelhanos pelo Pacífico. A rota da Nova Espanha para as ilhas e terras do Oriente nunca foram um problema para as navegações castelhanas. No entanto, o caminho de volta era um dos maiores percalços ao descobrimento daquela região. O tornaviaje só se fez possível graças ao frei Andrés de Urdaneta, também representado na figura. Urdaneta está logo atrás do bispo de Hipona, segurando um astrolábio em suas mãos, o que indica a relevância do religioso não só como missionário, mas como cosmógrafo e orientador náutico.

A atuação de Andrés de Urdaneta no arquipélago filipino limitou-se a isso. Após estabelecer a rota entre as ilhas do Oriente e a costa oeste da Nova Espanha, o religioso não mais voltou às Filipinas, falecendo poucos anos depois. Nas ilhas, os agostinianos fundaram a província do Santíssimo Nome de Jesus. A atuação missionária propriamente dita é representada pelo frei Martin de Rada, cuja face se localiza acima de Urdaneta. Frei Rada foi o primeiro provincial agostiniano. Além de sua importante atuação na evangelização dos indígenas filipinos e sua defesa diante da colonização espanhola, Martín de Rada participou da primeira expedição castelhana à China – antes mesmo das famosas missões de Matteo Ricci e Miguel Ruggieri –, tornando palpáveis os planos de conquista do reino oriental. [AGI, Filipinas, 84, 5 e 6]

A desistência Castelhana em relação à China não significou o fim do interesse católico na região. A fundação da “Propaganda Fide”, diretamente ligada ao papa, na década de 1620, aos poucos reanimou o ímpeto missionário em relação à China. Nas últimas décadas do século XVII, diversas missões governadas pela congregação cardinalícia foram enviadas. [Boxer, 2007, p. 101-106] A gravura de Niccolò Billy, residente em Roma, provavelmente refletia – nessa questão – muito mais a visão itálica que a ibérica em relação à China na década de 1690. Por isso mesmo, talvez a preeminência à Ordem de Santo Agostinho em relação aos poderes civis.

Estes também foram representados na gravura. Do lado direito, o rei Filipe II, seguido por militares vestindo armaduras, portando escudos, lanças e flâmulas. Logo atrás do monarca identifica-se o adelantado Miguel López Legazpi, segurando um escudo, com nova passagem do livro de Isaías que exigia o silêncio dos povos insulares, mas que na sequência pedia sua aproximação, para que juntos chegassem a um juízo. Mais que isso, a passagem prefigura o sucesso de Legazpi na inclusão dos nativos na Monarquía e na Igreja. [Bíblia, Isaías, 41:1 e 5] A confluência entre poder eclesiástico e secular indicada pela gravura esteve longe de ocorrer. Legazpi foi descrito pelos agostinianos como um péssimo governador, que não obedecia às instruções régias e que cometia diversas injustiças contra os nativos. Frei Martin de Rada foi um de seus principais críticos. [AGI, Filipinas, 79, 1; AGI, Filipinas, 6, r. 1, 12]

Certamente, os agostinhos foram os religiosos com atuação mais relevante e mais difundida pelo arquipélago do Pacífico. No entanto, não devemos simplesmente adotar os ideais oferecidos por Gaspar de San Agustin e por Niccolò Billy, com sua gravura. A historiografia religiosa e os frontispícios da Idade Moderna devem ser entendidos como instrumentos que pretendiam, mais que retratar uma verdade, criar uma memória. O desenho de Billy vincula a ordem agostiniana, ao mote do Século de Ouro da Monarquía hispânica: Plus Ultra. [Souza, 2013, p. 406-407]

O non plus ultra era um lema cuja função era chamar a atenção para os riscos de ir além do que se conseguiria em uma empresa. Com a ascensão de Carlos V ao trono imperial em 1519, Castela inverte tal expressão de cuidado, para representar o tamanho de seus domínios europeus. O ideal de Plus Ultra, inicialmente referia-se apenas aos domínios imperiais de Carlos V. No entanto, diante do avanço espanhol sobre o Novo Mundo, com a conquista de Hernán Cortéz no México e a empreitada de circum-navegação do planeta por Fernão de Magalhães, não tardou para que o mote fosse vinculado às novas descobertas e às conquistas de Castela.

A vinculação entre religião e monarquia apresentada pela gravura era um tema recorrente na iconografia espanhola desde o início do século XVI. [Victor Mínguez, 2011] Constituir uma monarquia universal implicava em tornar o catolicismo a religião universal. Tal representação chama a atenção especialmente por se tratar de um contexto de declínio do império Espanhol, quando o ideal de “monarquia universal” não era mais que um tema iconográfico, sem qualquer pretensão de fato, como o era nos tempos de Carlos V e Filipe II.

Elemento ignorado na obra de Niccolò Billy são as “gentes” do Oriente. Passados quase dois séculos de contato direto e contínuo entre europeus e povos da Ásia, as informações sobre esta abundavam na Europa. A curiosidade pelo novo e pelo exótico que marcam todo século XVI é praticamente deixada de lado no fim do XVII. Os discursos missionários, ao longo do tempo, param de destacar a estranheza das terras e povos “descobertos”. Busca-se o entendimento da cultura do outro, ressaltando até mesmo as similitudes entre os povos dos dois continentes. [Medina Baena, 2015]. Tal entendimento não implicava em tolerância, os povos do Oriente continuaram a ser vistos como inferiores. A citação bíblica sobre “povos de pele bronzeada” são a única referência da gravura aqui analisada aos diversos povos das Filipinas. Os marcadores físicos distinguem e hierarquizam, colocando os europeus como superiores aos nativos. Estes, sequer valeram ter suas imagens gravadas.

Referências
Carlos Guilherme Rocha é doutor em História pela Universidade Federal Fluminense.
Email: carlosgrocha@yahoo.com.br

Fontes primárias Archivo General de Indias (AGI) – Unidade “Audiencia de Filipinas”.
Bíblia. São Paulo: Ave Maria, 2010.

BOXER, Charles. A Igreja Militante e a expansão ibérica: 1440-1770. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
BRYAN, Michael. “Nicollò Billy”. In: GRAVES, Robert (ed.) Dictionary of painters and engravers, biographical and critical. Convent Garden: Londres, 1886.
DELUMEAU, Jean. O que sobrou do paraíso? São Paulo: Companhia das Letras, 2003.
DONOSO JIMÉNEZ, Isaac. El islam en Filipinas (siglos X-XIX). Tese (doutorado). San Vicente del Raspeig: Universidad de Alicante, 2011.
GASPAR DE SAN AGUSTIN. Conquistas de las Islas Philipinas: la temporal, por las armas del señor Don Phelipe Segundo el Prudente; y la espiritual, por os religiosos del orden de nuestro padre San Agustin; fundacion, y progressos de su provincia del Santissimo Nombre de Jesus. Madri: Imprenta de Manuel Ruiz de Murga, 1698.
MARTÍNEZ MILLÁN, José. “La crisis del „partido castellano‟ y la transformación de la Monarquía Hispana en el cambio del reinado de Felipe II a Felipe III”, Cuadernos de Historia Moderna, anexo II, 2003.
MEDINA BAENA, Salvador. “Hibridación cultural y el discurso sobre China en el siglo XVII. El caso de Diego de Pantoja”, Asiadémica, n. 5, 2015.
MÍNGUEZ, Victor. “Iconografía de Lepanto. Arte, propaganda y representación simbólica de una monarquia universal y católica”, Obradoiro de Historia Moderna, n. 20, 2011.
MORENO MADRID, José María. “La representación de las Filipinas en la cartografia (s. XIV-XVII) In: Filipinas y el Pacífico: de los viajes por mar a los viajes por la red. Hacia la construcción de una herramienta de aprendizaje en línea. Universidad Complutense de Madrid, 2017.
OLLÉ RODRÍGUEZ, Manel. Estrategias filipinas respecto a China: Alonso Sánchez y Domingo Salazar em la empresa e China (1581-1593). Tese (doutorado). Barcelona: Universitat Pompeu Fabra, 1998.
RANDERS, Helmut. “As imagens de Agostinho e da missa de Gregório e a construção do discurso imagético masculino da religio cordis na época medieval”, Notandum, n. 35-36, 2014.
SOUZA, Jorge Victor de Araújo. “'Monarquias mais dilatada que se viu n mundo': considerações sobre dimensão de domínios e imaginação política em frontispícios no império espanhol”, Topoi, Rio de Janeiro, v. 14, n. 27, 2013.
VITÓRIA, Francisco. “Relección de la postestad de la Iglesia”. In: Relecciones teologicas del p. fray Francisco de Vitoria. Madri: Librería Religiosa Hernández, 1917. (a)
_________. “Relección de la potestad civil”. In: Relecciones teologicas del p. fray Francisco de Vitoria. Madri: Librería Religiosa Hernández, 1917. (b)

6 comentários:

  1. A representação simboliza apenas o sentimento "imaginativo" do autor da obra ou se tratava de uma forma de justificação a conquista?

    VICTOR LIMA CORRÊA

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    1. Bom dia Victor.

      Entendo que a gravura possui um diálogo com o conteúdo do livro. Há neste sim uma justificação da conquista, e em certa medida é reproduzido pelo gravurista. No entanto, no fim do séc. XVII já não se discutia mais a presença espanhola na região (nem para os próprios espanhóis). Ou seja, não era uma questão polêmica ou tão relevante.

      O que acredito que o desenho traz é a maior valorização da ação religiosa, colocando esta a frente da conquista territorial pura e simplesmente. Creio que o autor foi orientado por membros da Ordem Agostiniana da Itália, e por isso tal ênfase.

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  2. Olá Carlos, parabéns pelo texto. A gravura foi baseada em fatos descritos ao autor da obra ou ele retratou de acordo com o que ele acreditava sobre o 'novo' território? Como se deu a parceria entre Niccolò e os membros da igreja? Obrigada.

    Crislli Vieira Alves Bezerra.

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    1. Oi Crislli.

      Não temos muitas informações sobre a vida de Niccolò. Ele foi um gravurista e copista bastante prolífico, mas sobre seu cotidiano, ideias etc., muito pouco se sabe. Como disse, ele não era exatamente um criativo, trabalhando mais com cópias. O frontispício das "Conquistas" é uma das suas poucas obras originais.

      Os mapas sobre a região já eram bem comuns na Europa da época, inclusive sendo produzidos por muitos freis agostinianos, que também eram cosmógrafos.
      Como a ordem agostiniana foi a responsável pela publicação, acredito que ele teve acesso a mapas e outras referências sobre o território.

      Carlos

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  3. Parabéns pelo excelente texto. Como é citado já se detinha um grande conhecimento em mapas da região das Filipinas, porém algum dos países citados detinha uma cartografia que se sobreposse as dos demais e para o autor ter contato com tais mapas sua profissão foi um facilitador?
    E mais uma pergunta é possível identificar em outras gravuras do período alusões similares a que o autor faz a “nova astronomia”?

    Jorge Luis de Souza Barbosa

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    1. Boa tarde Jorge.

      Sobre a questão da nova astronomia, há sim representações que se inserem nesse debate. O livro do Jean Delumeau citado na bibliografia é rico em exemplos.

      Mapas daquela região oriental foram publicados em vários países: França, Inglaterra, Holanda, Espanha. Os religiosos missionários na região também produziam. Acredito que foram eles que possibilitaram o contato do autor com referências sobre o desenho do arquipélago e da região.

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