Lucas Rodrigues

CONFUCIONISMO EM SALA DE AULA

“Eu transmito os ensinamentos dos antigos e não invento nada de novo. Eu me apego à antiguidade com confiança e afeição; eu me atrevo a comparar-me com o nosso velho P’ing” (CONFÚCIO, 1997, p. 80)

Qual o papel de Confúcio no ensino brasileiro do século XXI?

“Por que estudar Confúcio?” Esta é uma pergunta bastante justa, afinal, pouco sabemos sobre ele, sem contar sobre sua doutrina, porém, podemos reformular a pergunta: “Por que não estudar Confúcio?” Afinal de contas, não estaríamos cometendo nenhum erro em conhecer outros pensadores, conhecer mais um pensador só aumentaria nosso conhecimento. O pensamento Oriental nos daria outra forma de ver o mundo, e, desta forma, faria com que o debate historiográfico ficasse mais diversificado; não é de se estranhar que o pensamento Oriental esteja sendo conhecido agora, mesmo que lentamente, no Ocidente, pois faz pouco tempo que a Europa perdeu sua aparente hegemonia; no final do século XIX os europeus conseguiram se impor no ocidente, pode parecer muito tempo para nós, afinal, são mais de cem anos que nos separam deste século, entretanto, em termos históricos faz pouco tempo que a China se encontra livre para se expressar livremente.

Poderíamos encontrar diversas justificativas para o estudo de Confúcio, afinal, qualquer pesquisa é relevante do ponto de vista acadêmico(BARROS, 2009, p. 71), mas não buscamos apenas esta relevância, buscamos também atrair a atenção do leitor para o papel importante de Confúcio na sociedade chinesa; não servindo de exemplo apenas para os chineses, sua forma de encarar a realidade pode servir de espelho para qualquer um; ele não jogava a responsabilidade dos homens nas divindades, segundo ele, as próprias pessoas deveriam buscar meios para a manutenção da sociedade, um dos meios, porém, o mais eficaz, era o estudo, em outras palavras, uma boa educação.

“Já que a base da harmonia era o estudo, a doutrina de Confúcio nunca se preocupou diretamente com a crença da existência no além. Os confucionistas sempre tiveram receio de investir na metafísica, deixando isso para o campo das escolhas pessoais. De fato, pode-se ser um confucionista e acreditar em qualquer outra coisa – budismo, daoísmo ou cristianismo – contanto que não se quebram a regra do trato social.” (BUENO; NETO, 2014, p. 64)

De acordo com André Bueno, notamos que o confucionismo não repudia divindade alguma, por outro lado, qualquer religiosidade pode ser associada ao confucionismo, o que importa é que os bons costumes prevaleçam; notamos que o confucionismo é uma doutrina que tem as pessoas como foco; não devemos entender o confucionismo como uma negação das religiões, antes devemos compreender qual o conceito de religião.

“Toda sociedade humana ao longo da história parece ter possuído religião. Apesar disso, para alguns autores, o conceito de religião foi construído no Ocidente [...] A palavra religião vem de religio, termo latino que originalmente se referia a qualquer conjunto de regras e interdições. Religião, pois, é uma categoria de análise histórica e social que pode ser definida como um conjunto de crenças, preceitos e valores que compõem artigo de fé de determinado grupo em contexto histórico e cultural específico, lembrando que a religião é sempre coletiva.” (KALINA; HENRIQUE, 2009, p.354)

Deste modo, podemos enquadrar o confucionismo como uma religião, porém, não uma religião voltada para o sobrenatural, mas, isto não nega a colocação de André Bueno; percebemos que Kalina Vanderlei e Maciel Henrique podem dialogar com Bueno; este nos diz que qualquer um pode ser confucionista independente de crê ou não em outra coisa, neste caso, em divindades, de mesmo modo, Vanderlei e Maciel nos acrescentam que religião pode estar ligado a um conjunto de preceitos, crenças e valores. Anne Cheng também pode entrar na discussão ao nos dizer que “[...] diferentemente de seus contemporâneos indianos ou gregos, Confúcio não é nem um filósofo na origem de um sistema de pensamento, nem o fundador de uma espiritualidade[...]” (CHENG, 2008, p. 64).

André Bueno nos propõe que Confúcio pode ser classificado como sábio-religioso.

“[...] os sábios-religiosos, como o filósofo Karl Jaspers propôs, são figuras que não deixaram praticamente nada escrito, extrapolaram suas fronteiras e ganharam uma dimensão religiosa. Suas doutrinas, porém, sobrevieram ao longo dos séculos, transformando-se em movimentos de forte cunho social. Nessa categoria, entre muitos outros, Jaspers incluía Jeremias, Buda e alguns pensadores gregos e Confúcio.” (BUENO; NETO, 2014, p. 64)

Confúcio pode ser classificado como filósofo, por outro lado, também se torna interessante dá uma atenção para o termo sábio-religioso; acreditamos que ambas as nomenclaturas estão corretas, afinal, dependendo do objetivo do historiador, inclusive do leitor, ele pode ser enquadrado tanto em uma quanto em outra nomenclatura; neste trabalho, o olharemos como um sábio-religioso, seguiremos a perspectiva de André Bueno, deste modo, colocaremos Confúcio como figura bastante importante na História da Antiguidade Chinesa, sabendo que ele enquanto vivo não teve o tanto de prestígio que lhe é dado hoje; é importante lembrarmos, como nos diz Jenkins, que “ao traduzir o passado em termos modernos e usar conhecimentos que talvez não estivessem disponíveis antes, o historiador descobre não só o que foi esquecido sobre o passado, mas também ‘reconstitui’ coisas que, antes, nunca estiveram constituídas como tal” (JENKINS, 2011, p. 34), Cheng ainda nos diz que “[...] ele próprio (Confúcio) não estava longe de considerar sua própria vida um fracasso”(CHENG, 2008, p. 64), porém, isto não diminui sua importância, tanto para nós quanto para os antigos.

Ao olharmos para a questão do idioma, percebemos que as coisas se tornam complicadas, pois o termo confucionismo não existe no idioma chinês.

“O confucionismo é um movimento intelectual, e sua denominação original é ‘Rújiā’ 儒家, que pode ser traduzida como ‘Escola Acadêmica’, dos ‘estudiosos’ ou dos ‘letrados’. [...] Não há no chinês o termo ‘confucionismo’, e essa é uma criação ocidental, feita pelos primeiros missionários cristãos que foram para a China no século 16. [...] desde já somos obrigados a notar que não houve entre os chineses essa associação particular entre o mestre fundador e o nome de sua doutrina. Esse detalhe linguístico é importante para percebemos o primeiro problema que se interpõe quando estudamos a história da China.” (BUENO; NETO, 2014, p. 57)

Percebemos que não é uma tarefa fácil analisar a China, além do problema do idioma, que nos leva a fazer diversas adaptações linguísticas, como nos deixa claro Bueno, também temos que lidar com a clara diferença entre as formas de pensamento; diferente dos Ocidentais, os Orientais não buscam incessantemente pela verdade, algo visível na historiografia e história do ocidente, Jenkins nos diz que as “[...] razões são muitas, indo desde generalizações sobre a ‘cultura ocidental’ ante a incerteza”(JENKINS, 2011, p. 55). Analisar a China acaba levantado uma série de indagações, acabamos por questionar a nós mesmos, nossas maneiras de enxergar o mundo; por outro lado, isto não significa dizer que os estudos sinólogos estão errados ou são meras compilações, apenas devemos saber que é praticamente impossível entendermos o outro em sua totalidade, pois logicamente não há como compreender o passado pelo passado,

“[...] não existem interpretações do passado que dispensem pressupostos, e visto serem as interpretações do passado elaboradas no presente, parece remota a possibilidade de que o historiador consiga despir-se do presente para chegar ao passado de alguém nos termos desse alguém” (JENKINS, 2011, p. 55)

Os chineses possuem uma forte ligação com seu passado, Bueno nos diz que

“A China é uma das poucas civilizações milenárias que continuam a existir. Tal fenômeno é desconhecido no Ocidente, e mais especificamente no Brasil: somos herança dos gregos, romanos, índios, portugueses e africanos, compartilhamos fragmentos de sua forma de pensar e agir, e nossa língua descende dessas matizes. Contudo, há essa distância no tempo e o espaço que nos separa dos antigos. Não falamos latim ,grego ou ioruba.” (BUENO; NETO, 2014, p. 56)

A ligação que os chineses têm com seu passado nos mostra que a importância de preservar nossa história, no nosso caso a História Antiga; os estudos de História Antiga no Brasil são bem escassos, a História Antiga é muitas vezes é tida como História Velha, José Maria Neto nos diz que “[...] ocorre certe indolência, a ser presenciada em determinados centros de pesquisa, que se exibe em todo seu beócio esplendor quando vincula a História Antiga a mero ‘desempoeirar múmias’, e estimula os alunos da graduação a se ater a assuntos mais relevantes e atuais” (BUENO; NETO, 2014, p. 10), deste modo, percebemos que tornar História Antiga um tema atual não é tarefa fácil, é muito comum olharmos para a Antiguidade com uma certa superioridade, afinal, eles estão há milhares de anos atrás de nós, são atrasados, mal temos vestígios de suas vidas; são estes erros que distorcem a Antiguidade, muitos esquecem que nos é impossível ir ao passado sem sair do presente, ou seja, independente do período histórico, toda pergunta direcionada ao passado é feita de acordo com as dúvidas do presente; José Maria Neto ainda nos acrescenta que as “[...] questões prementes à nossa realidade – o gênero, a sexualidade, a economia, as relações internacionais, os direitos humanos, só para dizer alguns – encontram fértil campo analítico nas fonte antigas, receptivas, que são, aos questionamentos e às inquietações hodiernos” (BUENO; NETO, 2014, p. 10).

Estudar a China no século XXI se torna importante, pois, acreditamos que estaríamos nos afastando do antigo, porém, insistente, discurso eurocentrista. Devemos ter em mente que o Orientalismo surgiu como uma maneira do Ocidente encontrar justificativas para a dominação oriental, é o que nos diz Edwar Said que de “[...] um modo bem constante, a estratégia do Orientalismo depende dessa posição de superioridade flexível, que põe o ocidental em toda uma série de possíveis relações com o Oriente sem jamais lhe tirar o relativo domínio” (SAID, 2007, p. 34). Said também nos alerta de que o nos é impossível olhar para o Oriente sem nossa visão ocidental

“[...] o Oriente não é um fato inerte da natureza. Ele não está meramente ali, assim como o próprio Ocidente tampouco está apenas ali. Devemos levar a sério a grande observação de Vico de que os homens fazem a sua história, de que só podem conhecer o que eles mesmos fizeram, e estendê-la à geografia: como entidades históricas –, tais lugares, regiões, setores geográficos, como o “Oriente” e o “Ocidente”, são criados pelo homem. Assim, tanto quanto o próprio Ocidente, o Oriente é uma ideia que tem uma história e uma tradição de pensamento e presença no e para o Ocidente. As duas entidades geográficas, portanto, sustentam e, em certa medida, refletem uma à outra.” (SAID, 2007, p. 34)

Bueno também pode entrar na discussão, ele nos diz que “o estudo da sinologia, pois, não é um mero exercício diletante de investigar o outro; mas, é fundamentalmente, buscar no outro uma via de ressignificação de si mesmo” (BUENO; NETO, 2014, p. 71); Bueno e Said batem na mesma tecla, segundo eles, não há como olhar para a China sem a perspectiva ocidental. De início, como já supracitado, os estudos sobre o Oriente, o Orientalismo, possuíam um cunho eurocêntrico, entretanto, atualmente, segundo Antônio Henriques, qualquer pessoa que se interessa pelo Oriente pode ser classificada como orientalista (HENRIQUES, 2000), mesmo dando um sentindo bastante vago, acreditamos que ele seja mais bem-vindo por afastar qualquer tendência eurocêntrica.

Podemos notar que a simples pergunta “por que estudar Confúcio?”acaba nos levando a uma série de discussões e indagações: nós perguntamos o porquê de não estudarmos Confúcio; paramos para pensar no que estamos procurando em Confúcio; descobrimos que há uma grande discussão historiográfica sobre a China; aprendemos que, de início, os estudos orientalistas tinham conotações eurocêntricas; notamos a importância de darmos a devida atenção para a Antiguidade, afinal, foi lá que Confúcio viveu e, mesmo assim, novas abordagens continuam sendo feitas sobre ele. Ou seja, a lista é muita grande, acreditamos que a pergunta deve ser mudada para “por que não estudar Confúcio?”, porém, esta mudança de perspectiva é bastante recente.

Notamos que deixar estas discussões fora de sala, seja nas escolas ou nas universidades, deixariam um vácuo na mentalidade dos alunos, pois, segundo Kamila Czepula, deixar as análises sobre a China de lado seria algo sem sentido, porque, deste modo, estaríamos perdendo a oportunidade de fazer uma história multifacetada, sendo assim, criar uma consciência mais crítica, por outro lado, ao abandonar Confúcio estaríamos repetindo a história, apenas com novas abordagens (BUENO; NETO, 2014, p. 195). A ausência de estudos orientais acaba criando uma certa ingenuidade nos alunos, André Bueno nos relata sua experiência em sala, um claro exemplo do que a falta do Oriente em classe pode nos causar

“Em todas as ocasiões que tive a oportunidade de lecionar a disciplina ‘Antiguidade Oriental’, Sempre procurei começar o curso instigando os alunos a entenderem por quais razões continuamos a aprender sobre Egito, mesopotâmia, Israel... Uma das melhores brincadeiras era perguntar: ‘Qual a maior religião que surgiu no Ocidente?’, a que os alunos costumam responder, taxativos, que é o Cristianismo. Basta lembrar que o Cristianismo, assim como quase todas as religiões de hoje, surgiu no ‘Oriente’. [...] O aluno universitário aprende, pois, a lidar com a imprecisão conceitual e geográfica profunda, que, quando tornar-se professor, reproduzirá aos seus alunos. O escopo da ‘Antiguidade Oriental’ tem sido menosprezado pelos currículos de história atuais, que insistem em modernizar-se abolindo o passado.” (BUENO; NETO, 2018, p. 63)

Notamos que o assunto é bem sério, afinal, futuros professores poderão cair no mesmo erro; acreditamos que perguntas aparentemente simples, e suas subsequentes respostas, mostram que ainda temos muito a aprender. Kamila Czepula também entra no debate nos dizendo que

“O problema, que ao negar o Oriente, a China, além de deixar os estereótipos perante essas civilizações ganharem proporções inimagináveis, concomitantemente, acabamos por negar nosso multiculturalismo, a nossa história, já que desde o tempo colonial podemos encontrar vestígios dessas civilizações orientais em nossa sociedade. Logo, ter um ensino universitário, e consequentemente um ensino básico que dê conta de abordar essa diversidade, é algo necessário. Infelizmente, para muitos essa necessidade não existe, outros ainda veem como um pretensão audaciosa, um sonho impossível de se concretizar devido às fortes amarras eurocêntricas que nosso ensino de História se prende [...]” (CZEPULA, 2017, p. 195)

Nesta perspectiva, propor Confúcio em sala de aula seria dar o primeiro de muitos passos para uma melhor compreensão da China; seria uma forma de fazer o aluno pensar fora da caixa ocidental, fazer com que os alunos questionem a si próprios, afinal, os ensinamentos de Confúcio não nos são difíceis de compreender, deste modo, o aluno notaria que não há uma diferença tão grande entre orientais e ocidentais; enfim, são inúmeras as razões para trabalhar Confúcio em sala, porém, tentando responder ao título desta parte do trabalho, acreditamos que propor Confúcio em sala traria um pensamento mais humano aos alunos, no atual contexto de tantas imigrações e outras catástrofes civis, o sofrimento humano parece ter se tornado banal, assim sendo, como Confúcio focava sua doutrina na manutenção da sociedade, tendo as pessoas como foco, trazê-lo para o conhecimento dos alunos faria com que olhássemos para a história com um olhar mais humano. Para finalizar, André Bueno nos diz o porquê de precisamos estudar o Oriente

“Até o século 18, as civilizações mais desenvolvidas do planeta estavam na Ásia. Todas contavam com tradições intelectuais milenares, que nunca precisaram da Filosofia grega para existir – e que continua a existir hoje, apesar da Filosofia [agora ocidental]... Assim, precisamos nos perguntar o que estamos perdendo não estudando, devidamente, o ‘Oriente’.” (CHENG, 2008, p. 64)

Referências
Lucas Rodrigues Pereira da Silva é formado em História pela Universidade de Pernambuco – Campus Mata Norte. É membro do grupo de pesquisa em História Antiga Leitorado Antiquo.Email: lr284800@gmail.com

BARROS, José d’ Assunção. O Projeto de Pesquisa em História: da escolha ao quadro teórico. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
BUENO, André. Antiguidade Oriental: um desafio imprescindível para a verdadeira universidade brasileira. Disponível em:http://simpohis2017.blogspot.com/p/andre-bueno.html
BUENO, André; NETO, José Maria. Antigas Leituras: Visões da China Antiga. União da Vitória: UNESPAR, 2014.
CHENG, Anne. História do Pensamento Chinês. Rio de Janeiro: Vozes, 2014.
CONFÚCIO. Os Analectos. São Paulo: Pensamento, 1997.
CZEPULA, Kamila. A China nos livros didáticos. Disponível em: http://simpohis2017.blogspot.com/p/kamila-czepula.html
HENRIQUES, Antônio: Iniciação ao Orientalismo. Rio de Janeiro: Nova Era, 2000.
JENKINS, Keith. A História Repensada. São Paulo: Contexto, 2011.
KALINA, Vanderlei; HENRIQUE, Maciel. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo: Contexto, 2009.
SAID. Edward W.. Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

14 comentários:

  1. Caro Lucas Silva,
    parabéns pelo texto, concordo bastante com seu ponto central: precisa-se incluir o estudo de Confúcio (ou, como você mesmo lembra, da Escola dos Acadêmicos Rujia) na educação brasileira. Minhas questões são no sentido de aprofundar o debate iniciado por ti:
    1. Poderia explicar melhor do seu ponto de vista sobre em qual nível de ensino está propondo que esse tema seja ensinado e como propõe que seja ensinado? (Superior? Educação Básica? Ambos? Há relação entre eles)
    2. Você pontuou a relação entre a aprendizado da língua chinesa (zhongwen) e o estudo dos Rujia. Acredita que atualmente estamos em um bom momento histórico-social para a língua chinesa ser ensina nas escolas de educação básica brasileiras? Como vê essa possibilidade?
    Obrigado!
    Matheus Costa.

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    1. Olá, Matheus Costa. Obrigado pelo comentário. Pois bem,a proposta do meu texto foi expor a importância do ensino da história da China em sala de aula, mais especificamente sobre Confúcio; e, respondendo sua primeira pergunta, eu não especifiquei o nível de turma em que esse tema pode ser abordado porque quis instigar a curiosidade dos leitores com relação ao tema, esse meu texto é uma obra introdutória; penso em outros artigos aproximar cada vez mais a lupa sobre cada nível escolar (ensino médio, fundamental I e fundamnetal II). E, respondendo sua segunda pergunta, acredito que mesmo estudando o passado, todos nossos questionamentos a ele são pautados no presente, é cada vez mais notável o empenho do governo de XiJingPing em expandir a cultura chinesa pelo mundo, os vário Institutos Confúcios espalhados pelo globo são prova disso, creio que ainda seja cedo para propor o ensino da língua chinesa em sala, vejo que o ensino de língua inglesa ainda é muito escanteado, quanto mais uma língua que não tem nada a ver com a nossa. Eu não sei o que voce entende por um "bom momento", creio que nosso país ainda demorará a ver dias melhores, mas isso não deve nos impedir de tentar coisas novas, tentemos extrair coisas boas dos momentos de crise.
      Espero ter sido claro, caso não tenha sido, pergunte novamente, será um prazer te responder.

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  2. Marcos Vincius Andrade Gomes1 de outubro de 2018 às 16:26

    Lucas, Parabéns

    Apesar de estarmos em um simpósio voltado para questões orientais penso que não apenas os pensadores orientais, mas também os africanos e os indígenas deveriam ser melhor aproveitados na educação e acompanho o Matheus Costa no questionamento de em que nível do ensino você pensa a inserção destas abordagens e se pensa em metodologias que possam facilitar a inserção de tal abordagem e se acredita ser aplicável para os pensamentos indígenas e africanos.

    Marcos Vinicius Andrade Gomes

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    1. Olá, Marcos, obrigado pelo seu comentário.
      Pois bem, acredito que abordar em sala de aula a história indígena e a história dos africanos no Brasil é de extrema importância, pois está diretamente ligado com o nosso passado, e deixar de estudar esses temas é deixar de lado nosso passado, em outras palavras, esquecer quem somos.
      Esse artigo foi publicado com a intenção de aguçar a curiosidade dos leitores com relação ao tema, por isso não especifiquei o nível escolar em que o texto pode ser aplicado; caso você queira, eu posso te enviar o texto completo, nele há uma proposta metodológica para se trabalhar o tema em sala de aula.
      E, certamente, os temas sobre indígenas e africanos no Brasil podem, e devem, também ser debatidos em sala de aula. Já trabalhei já africanidade das seguintes maneiras: exposição de banners sobre história da capoeira na faculdade; apresentação de seminários sobre a história da capoeira; aplicação de projetos metodológicos sobre africanidade em escolas (aqui do Estado de Pernambuco); publicação de artigos ,juntamente com uma amiga, sobre história da capoeira.
      Caso não tenha sido claro, ficarei feliz em tirar suas dúvidas.

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  3. Boa tarde, Profº Lucas. Bastante instigante sua proposta de inserção do estudo do confucionismo em sala de aula. Posso dizer que compartilho das indagações feitas pelos nossos colegas pouco antes. Como se daria tal processo?
    Ademais, outro ponto mencionado por ti me despertou curiosidade. Num determinado momento, o Sr. mencionou que, embora os estudos históricos na China sejam importantes, lá não se almeja alcançar verdades. Poderia esclarecer melhor essa questão? Como funciona o processo de escrita histórica na China? Se não são buscadas verdades, o que se busca? Por acaso, há alguma proximidade nas abordagens metodológicas de escrita da história na China, com as proposições pós-modernas?
    Desde já, agradeço pela atenção!

    João Antonio Machado

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    1. Ola, João, de fato, o trecho sobre busca pela "verdade" ficou bem ambíguo, mas, na verdade, quis apenas salientar essa característica da historiografia ocidental, quis fazer uma crítica ao pensamento ocdiental. Porém, acredito que em outro evento online há um texto que aborde essa sua dúvida, caso continue interessado, posso procurar para você.
      A aplicação desse tema em sala vai depender do nível escolar, ainda não afunilei minha pesquisa para essa perspectiva, mas pretendo fazer isso em pesquisas futuras. Caso queira, posso te enviar o texto completo, pois propus um plano metodológico para se trabalhar os ensinamentos de Confúcio em sala.
      Obrigado pelo comentário.

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  4. Olá Lucas. Acredito e concordo com você sobre a importância do estudo do Oriente nas salas de aulas brasileiras. No seu ponto de vista qual a relação que podemos estabelecer e como podemos estudar a teoria educacional de Confúcio fazendo um link com as concepções pedagógicas brasileiras ao longo do tempo, sobretudo com a concepção histórico-crítica de Demerval Saviani?

    Parabéns pela pesquisa.
    Att.,
    Francisco Nazareno Brasileiro Dias

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  5. Olá, Francisco Nazareno, obrigado pelo comentário. Infelizmente não conheço o autor Demerval Saviani. Meus referenciais teóricos até o momento são Jorn Rusen e Keith Jenkins, quanto ao autores nacionais eu foco bastante em Selva Guimarães.
    Admito que estou por fora das concepções nacionais pedagógicas, porém, procuro sempre deixar claro em meus textos que o aluno não deve ser tratado como um "mini-historiador".
    Acredito também que os ensinamentos de Confúcio se encaixam perfeitamente na rotina da sala de aula, até mesmo além dela.
    Caso se interesse, posso estar enviando o texto completo e mais bem dethado.

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  6. Olá Lucas, parabéns pelo excelente texto. Minha pergunta é sobre o modo como a história asiática foi registrada e passada a diante até os dias atuais. Você acha que podemos abordar o Confucionismo em sala abrangendo outros conteúdos referentes a transmissão do mesmo? E como se daria a inserção deste tema, sendo que a própria Ásia em si quase não tem sua história mencionada nos livros e nas aulas de história? Obrigada.

    Crislli Vieira Alves Bezerra.

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    1. Olá, Crisli Vieira, obrigado pelo comentário.
      Respondendo sua primeira pergunta: vou ser específico, usarei o exemplo de Confúcio, pois bem, os ensinamentos de Confúcio foram perpassados através de seus discípulos, esses ensinamentos foram reunidos, muito tempo depois de sua morte, num livro que, nós do ocidente chamamos de Analectos, foram reunidas várias frases e diálogos que são atribuídos a Confúcio; alguns séculos mais tarde, o historiador da Dinastia Han, Sima Qian, procurou em Confúcio soluções para organizar a sociedade de sua época, porém, para muitos historiadores, Sima Qian distorcia a imagem de Confúcio, fazendo dele uma figura política bastante diferente do que realmente foi. Tal como no Ocidente, os chineses também usaram, e alteraram, figuras do passado em prol de interesses próprios, e Confúcio não fugiria dessa regra. Confúcio chegou ao Ocidente através das várias expedições ao Oriente, pelo contato cultural. Entretanto, é importante frisar que Confúcio também foi deixado de lado em alguns momentos da história chinesa, e o que temos hoje, como fica evidente da no obra de Michael Schuman "Confúcio e o Mundo que Ele Criou", são vários Confúcios, ou seja, cada grupo tem seu Confúcio, pegando dele o que acham conveniente para seus ideais.
      E, respondendo sua segunda questão, a história de Confúcio nos abre uma imensidão de temas que podem ser trabalhados, podemos trabalhar das seguintes maneiras: sua vida pessoal, sua vida política, como Confúcio mudou a China, como suas idéias foram recebidas ao longo da história, dentre outras perspectivas.
      E, respondendo sua última pergunta, é de fato muito triste a situação em que a história da Ásia se encontra nos livros didáticos, pouquíssimos livros abordam o tema isoladamente, porém, acredito que isso não deva nos desmotivar, pois nada nos impede de abordar o assunto, podendo ser feito - pelo próprio professor - uma capítulo extra para o tema. Não faltariam fontes para uma boa aula, eventos como este, e outros, são ótimas fontes para nossa aula. Mas não posso ser ingênuo ao ponto de dizer que é algo muito fácil de se fazer, diferentemente de outros temas, a história da China ainda não foi estruturada para ser trabalhada em sala de aula. Se o professor não souber por onde começar, aconselho sempre fazer uma abordagem mais geral sobre a história chinesa, pontuando suas dinastias, seus eventos mais importantes, suas figuras mais notáveis; através desse "esquema" o professor poderia delimitar o conteúdo e preparar suas aulas.
      Espero ter ajudado, se não fui claro o suficiente, tentarei explicar novamente com muito prazer.

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  7. Olá, Lucas!
    “… acreditamos que propor Confúcio em sala traria um pensamento mais humano aos alunos...”
    Em uma sociedade dominada pelo egoísmo, pelo hedonismo, pelo materialismo... onde os verdadeiros valores estão sendo colocados em segundo plano, acredito que os nosso alunos estão precisando de “um banho de humanidade”. Conhecer figuras como a de Confúcio seria de grande riqueza. Em um país onde por muitos anos o ensino de história seguiu a cronologia e a perpetuação de grandes fatos e figuras históricas, como propor figuras como essa em sala de aula?
    Parabéns pelo texto e obrigada.
    Celiana Maria da Silva

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  8. Olá, Celiana Maria, obrigado pelo comentário.
    Pois bem, acredito que propor qualquer conteúdo que fuja da matriz europeia seja bastante complicado, seja pelo grande espaço que esses temas tomam dos livros didáticos, seja pelo pouco conhecimento do tema em níveis acadêmicos. Mesmo assim, a situação está mudando aos poucos, a historiografia aos poucos está se renovando, novos temas estão sendo trabalhados e antigos revisados.
    Propor temas asiáticos em sala é um desafio para os professores, mas acredito que hoje em dia tudo é mais acessível, e eventos como este são uma boa opção para aqueles que procuram fontes para trabalhar em sala de aula.
    Enfim, respondendo sua pergunta, acredito que devamos propor o tema sempre fazendo comparações, enaltecendo as semelhanças que temos com os Orientais, para que os alunos percebam que o Oriental não é distante de nós, para, em seguida, apresentar as diferenças.
    Bem, creio que não exista um jeito "correto" de abordar esse assunto, mas, por outro lado, não nos faltam alternativas de abordagens, tudo vai depender da perspectiva objetivada.
    Se não fui claro o suficiente, ficarei feliz em te responder novamente.

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    1. Lucas!
      Claríssima tua resposta. Obrigada!
      Fiquei interessada pelo texto completo, onde propõe “um plano metodológico para se trabalhar os ensinamentos de Confúcio em sala”. Se me enviar ficarei muito satisfeita. Mais uma vez, Obrigada!
      Meu email: celiana.maria@aluno.uece.br
      Celiana Maria da Silva

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