Leonardo Souza Alves

DIÁLOGOS COM O OCIDENTE: A ARTE JAPONESA E A IDENTIDADE NACIONAL

Influência da arte ocidental anterior ao período Meiji
A chegada dos missionários católicos no Japão trouxeram pinturas religiosas com o objetivo de introduzir o público ao cristianismo.  Quando Francisco Xavier (1506-1552) chegou ao Japão, Shimazu Takahisa(1514-1571), lorde do clã Shimazu, tomou contato com uma pintura a óleo da virgem maria, a qual foi recebida com grande surpresa, pela diferença entre as pinturas asiáticas.

“Os japoneses com certeza devem ter visto a pintura maravilhados, pois estavam realizando o primeiro contato com a pintura europeia. Existia uma grande diferença entre a pintura a óleo europeia e a pintura com tinta Indiana que era tão popular em Kagoshima naquela época entre os seguidores da escola SesshuToyo. Uma das cartas de Xavier dizia que quando Takahisa admirava as pinturas e sua mãe queria cópias da mesma, não havia ninguém capaz de reproduzir. “(MIKI, 1964 p. 380)

Após o início do comércio entre os portugueses em portos onde o Daimiô (poderoso senhor de terras) local era favorável à presença cristã, uma demanda de obras acerca do cristianismo cresce da mesma maneira que a própria presença cristã se propaga com capelas, escolas, hospitais e padres. Além de adornar estes mesmos locais construídos e serem exibidas para lordes locais, há uma demanda destas mesmas pinturas para os novos cristãos locais, além de outros livros religiosos e decorações, abrindo espaço para pinturas impressas em madeira que foram introduzidas no lugar da pintura a óleo. Esta crescente demanda, provou ser necessário um ensino acerca da pintura no Japão, fazendo com que pintores japoneses estivessem engajados na reprodução e cópia de obras europeias por pedidos do daimiô e outros nobres locais.

A educação na arte ocidental é diretamente atrelada ao ensino religioso no Japão. Centros culturais fundados pelos Jesuítas ensinavam além da arte, elementos da língua e do próprio cristianismo, além de incluírem um seminário local. Da mesma forma, os japoneses enviados para a Europa em demonstração de respeito ao papa Gregório XIII também contribuíram ao trazerem de volta diversos objetos e pinturas para o Japão, assim como uma abertura para o interesse de não cristãos na arte europeia.

Figura 1: Representação japonesa de Francisco Xavier

Com a unificação do governo sobre o poderio do xogunato Tokugawa, e a expulsão e proibição do cristianismo no Japão, o contato com estrangeiros que insistiam em propagar e ensinar a religião foi proibido, em um período quase sempre resumido pela historiografia tradicional como um período de reclusão do país. De fato, o xogunato proibiu contato com os estrangeiros, e proibiu que os japoneses viajassem à oeste da Coréia ou ao sul das ilhas Ryukyu (Okinawa), algo que causou grande revolta entre os cristãos japoneses, que foram brutalmente massacrados, culminando na expulsão de portugueses e espanhóis do Japão.

Apesar do inegável isolacionismo, do século XVII até meados do século XIX, a concepção de que a política Tokugawa aos estrangeiros foi de total isolamento, pode ser enganadora: O xogunato passou a cultivar relações estrangeiras dentro da Ásia, e ainda tolerava relações com alguns estrangeiros. O domínio de Satsuma era permitido a realizar trocas com as ilhas Ryukyu (apenas anexadas ao Japão em 1879), entreposto comercial estratégico entre o Japão, China, Coreia, Polinésia e Indonésia, fonte de boa parte de mercadorias chinesas. Da mesma forma, as relações comerciais com a Coréia florescem neste período, contando com embaixadas e representantes coreanos e japoneses nos territórios, e com o comércio intermediado pela ilha de Tsushima, posicionada entre o Japão e a Coréia. Apenas com a China, o governo Tokugawa não estabeleceu relações formais, por conta da refusa do xogunato em conduzir relações reconhecendo a superioridade chinesa, como era desejado pelos chineses.

Ao mesmo tempo, Dejima tornou-se principal local de estudos sobre os holandeses (rangaku) e estudos sobre o ocidente (yogaku), onde seus estudantes surgem primeiramente como tradutores e intérpretes destes holandeses, além de retratarem em imagens o cotidiano da vida destes holandeses em Dejima, os estudiosos traduziram livros científicos,comprarem objetos vindos do ocidente e foram introduzidos a elementos como esportes, ciência e medicina ocidentais. Com as notícias da expansão ocidental sobre o oriente, o governo incentivou ainda mais os estudos acerca dos ocidentais.

Figura 2: Jantar holandês
Kawahara Keiga

Quando os estadunidenses surgem em Nagasaki, já não era uma completa surpresa. Além do aviso dos holandeses em Dejima, os japoneses já conheciam o funcionamento do navio a vapor e tinham um conhecimento extenso do ocidente e dos Estados Unidos.

Apenas com o fim da exclusividade dos holandeses, com a abertura política e comercial do Japão, a gama de intercâmbios culturais com nações do ocidente ressurge, iniciando assim um rápido comércio exterior pautado em uma rápida industrialização e tratados de comércio desiguais impostos às nações asiáticas pelas potências ocidentais.

A Restauração Meiji: Transformações sociais e políticas
As mudanças sociais e políticas ocorridas no período Meiji tiveram grande influência de pensamentos da filosofia e doutrina ocidental, as quais foram utilizadas e absorvidas para uma adaptação da cultura e da sociedade japonesa às normas formas de pensar. Tais transformações dividiram a nação entre aqueles abertos às novas mudanças, e aqueles que enxergavam que uma parte da identidade japonesa estava sendo perdida, para a construção de algo completamente novo.

 Artistas japoneses abraçaram novas formas de escrita e pintura, ainda que estilos tradicionais ainda tivessem grande espaço. A preocupação com a ocidentalização do país começou a surgir com grande intensidade nas duas últimas décadas do século XIX. Esta preocupação fez com que intelectuais japoneses, preocupados com o senso de ordem e desafios políticos, pensassem um novo conceito de tradição. Inazo Nitobe (1862-1933) e Kakuzô Okakura (1862-1913) foram expoentes de como o pensamento ocidental expandiu-se no japão. Na obra de Nitobe, é visível um discurso de caráter conservador, que expressa um saudosismo da extinta casta samurai, que exerceu grande influência e poder nos regimes anteriores. Há uma busca de valores nobres nesta casta de guerreiros e líderes, buscando encontrar nela a evolução do homem, um estado muito próximo de perfeição moral, que, influenciado pelo Darwinismo social, mostraria que a sociedade nipônica estaria em um processo de evolução. Assim, o Samurai exerce um papel de herói e exemplo máximo de vida ética. O uso desta imagem positiva dos samurais foi utilizado para a criação de uma unidade e identidade nacional com um suposto “respaldo histórico”, que praticamente tornou-se uma máxima do pensamento comum, atrelando a uma ideia universal de educação, dedicação, honra e polidez geral do povo japonês.

Ao mesmo tempo em que os líderes revolucionários Meiji conseguiram a proeza da gradual superação do modelo do xogunato Tokugawa, a preocupação tomou a forma dos países estrangeiros. Paradoxalmente à adoção do samurai como figura máxima, os primeiros passos do governo Meiji foram a abolição dos domínios e hierarquias do xogunato e a extinção da casta samurai. A eliminação do privilégio destes permitiu ao governo que realocasse recursos financeiros e humanos para moldar uma nova sociedade baseada no mérito e na fluidez social. Da mesma forma, o governo acabou, pelo menos legalmente, contra a discriminação contra grupos outsiders como eta e hinin, agora chamados de Burakumin, que exerciam ou descendiam daqueles que exerciam profissões tidas como sujas, como aquelas ligadas ao parto, morte ou abate de animais.

O governo Meiji também realizou uma reforma educacional, declarando quatro anos de educação básica como obrigatórios para ambos os sexos. Convencidos pela observação das sociedades americanas e europeias, os líderes Meiji acreditavam que a escolarização em massa, assim como alistamento militar, seria fundamental para o avanço japonês. Apesar das reações mistas de setores da sociedade, tanto a educação quanto o alistamento, foram incorporados rapidamente pelo país.

A tradução de obras ocidentais também exerceu grande papel na expansão cultural japonesa. No final do século XIX, leitores japoneses já tinham acesso às obras do pensamento político ocidental, como Rousseau, John Stuart Mill, obras do pensamento conservador alemão, e obras de Herbert Spencer e do Darwinismo social. O mesmo acesso foi estopim para o JiyūMinkenUndō(Movimento pela liberdade e pelos direitos das pessoas), coordenando forças pelo país em prol de uma constituição.

A preocupação com a modernização do Japão levou ao governo Meiji à criação da Escola de Arte Técnica (Kobu Bijutsu Gakko) em 1876 como a primeira escola oficial para o estudo do Yōga (pinturas de estilo ocidental), onde consultores estrangeiros foram contratados para o ensino das técnicas de pinturas ocidentais, entre eles, figuram principalmente artistas italianos como Antonio Fonranesi (pintura), Vincenzo Ragusa (escultura), e Giovanni Cappelletti (desenho geométrico e princípios de perspectiva). De acordo com a sua constituição, a proposta da escola de arte técnica era “Trazer as técnicas da arte ocidental para a arte japonesa como um auxílio para os artistas japoneses”; sua missão era ensinar “Aspectos teóricos e técnicos da arte moderna ocidental para complementar as lacunas da arte japonesa e construir uma escola no mesmo nível das melhores academias de arte do ocidente estudando correntes do realismo”.

O gênero Yoga incorpora tradições da arte ocidental, absorvendo aspectos do modernismo Europeu, assim como do impressionismo, fauvismo, cubismo. O termo Nihonga é utilizado para abrigar diversos dos estilos e escolas tradicionais japonesas, como Tosa, Murayama, Kano e Shijo, assim como a defesa e utilização de instrumentos tradicionais para pintura, como pigmentos minerais (ganryou) convencionais para a pintura e a Nikawa, uma cola animal transparente ou semitransparente, usada como aglutinante.

Em um primeiro período, há um crescente entusiasmo com a pintura ocidental, como para a cultura ocidental como um todo. Porém, a preocupação com a identidade japonesa nas últimas décadas do século XIX, faz com que cresça o movimento Nihonga (pinturas do estilo japonês), liderado por Okakura Kakuzo, conhecido pelo pseudônimo Tenshin, que procurava estabelecer uma reação nacionalista ao Yōga, buscando uma arte feita em conformidade com as convenções artísticas, técnicas e materiais japoneses, que causou o declínio temporário do Yogae a Kobu Bijutsu Gakko foi obrigada a fechar em 1883.

Apenas o retorno de Kuroda Seiki ao Japão provou ser um renascimento do estilo Yoga. Descendente de uma família samurai tradicional, o clã Shimazu, o status político e econômico de sua família, assim como uma tranquilidade nos setores artísticos, possibilitou um renascimento do Yoga no país. Até então, no Japão, o Yoga era principalmente defendido por aqueles que buscavam uma perfeição na representação da realidade. Kuroda, no seu período de estudos na França e no seu retorno ao Japão, foi um dos artistas que procurou também transmitir não apenas o compromisso estético para a pintura japonesa, mas também os aspectos filosóficos da arte moderna ocidental. Da mesma forma, a sua posição enquanto professor, e o seu status político, contribuíram na legitimação da arte e da pintura enquanto uma vocação intelectual. A inspiração no modelo europeu, especificamente a influência da arte de Raphael Collin, cujo atelier foi visitado por Kuroda em seu período na França, pode contribuir para a transformação do artista japonês de um trabalhador manual (gakou) para um artista erudito (geijutsuka/bijutsuka).

Apesar de o espírito nacionalista japonês representar uma ameaça ao resto da Ásia nos anos posteriores, com a consolidação do imperialismo e militarismo, no início, a experiência nacionalista era muito mais uma inspiração do que uma ameaça. Sun Yat-sen tinha visões extremamente otimistas sobre como o Japão poderia ajudar na causa revolucionária, e artistas estrangeiros vieram para o Japão para estudar a pintura de tradição ocidental.

No entanto, nenhuma dessas associações realizava pintura de estilo ocidental naquele período. Existiam elementos ocidentais na arte estudada nessas escolas, como perspectiva fixa, sombreamento e efeitos de chiaroscuro, porém já integrados com o traço oriental existentes nas escolas japonesas.

Figura 3: "De baixo da sombra da árvore" de Kuroda Seiki

Okakura Tenshin e o Nacionalismo Estético
Okakura Kakuzo, também conhecido como Tenshin (“Coração do céu” em tradução literal), nasceu em Yokohama em 1863, e assim como Kuroda, descendia de uma família samurai, o clã Fukui. Yokohama foi um dos portos abertos para o comércio estrangeiro em 1859, o que popularizou a língua inglesa na região, fazendo que Okakura aprendesse o inglês na sua juventude.

 Em seu período na universidade de Tóquio, Okakura foi intérprete do seu professor Ernest Fenollosa, graduado na universidade de Harvard e contratado para o ensino da filosofia ocidental. Assim como Okakura, Fenollosa tornou-se grande apreciador e colecionador de arte japonesa. A colaboração entre os dois continuou mesmo após a graduação de Okakura na universidade, onde em 1884, Okakura e Fenollosa criam a Kangakai (sociedade de apreciação de pinturas) em uma tentativa de preservar as escolas de pinturas tradicionais do Japão, especialmente as escolas de Kano e Tosa. Os dois também foram encarregados de viajarem para a Europa e Estados Unidos para investigarem o estado da educação artística nesses locais, culminando na criação da Tokyo Bijutsu Gakko.

Contraditoriamente, assim como uma veia nacionalista, a formação intelectual de Okakura assim como a sua concepção própria de arte é fortemente influenciada pela filosofia ocidental, principalmente na dialética hegeliana, enfatizando a manifestação do espírito da arte não como uma abstração ou satisfação de desejos, mas para estimular uma resposta da consciência.

“A Introdução à filosofia hegeliana das Belas Artes (Londres, 1886) de Bosan que estava em 1891 na biblioteca da Escola de Belas artes de Tóquio, da qual ele foi diretor, e mesmo que os estudos japoneses sejam incapazes de provara partir da caligrafia da marginalia  se o mesmo foi examinado por ele,  existem grandes chances de que tenha sido.” (CLARK, 2005, p.8)

A influência de Hegel, também é visível em seu primeiro livro traduzido para o inglês, “Os ideais do oriente com especial referência à arte do Japão”, onde aponta três eras retiradas diretamente da teoria estética de Hegel: Simbólica, Clássica e Romântica. Okakura pretendia analisar a dialética helegiana, rompendo com o seu eurocentrismo, e compreendendo tanto as ideias ocidentais e orientais, suas histórias e conceitos associados à arte. Em seus escritos como “O despertar do Japão”, associa o ocidente com o imperialismo ou o “desastre branco”, identificando o oriente como vítima do mesmo.

“A cultura asiática é a unidade, o contínuo em grande parte compreensível ou tangível apenas para asiáticos, trabalhando em uma maior escala temporal e maior riqueza e profundidade do que a do ocidente. Ásia é una. O Himalaia divide, apenas para acentuar, duas grandes civilizações: a chinesa, do comunismo e de Confúcio e a indiana, com o individualismo dos Vedas.” (CLARK apud OKAKURA, 2005, p. 10)

A teoria Hegeliana novamente se faz presente em sua análise dos intercâmbios culturais estrangeiros enquanto tese antítese e síntese destes elementos na arte japonesa. Okakura enxergava a arte japonesa como um amálgama e síntese de elementos estrangeiros da arte oriental como um todo, criando uma arte única, porém, sem como determinar os limites das interações estrangeiras e elementos realmente japoneses.

O seu discurso de um “Nacionalismo estético” não é, portanto, a simples rejeição da cultura e da arte ocidental, porém uma ideologia que procura atribuir à nação, conjuntos de características sobre a própria cultura e o que a mesma considera belo ou não. Okakura busca analisar o que o período Meiji “perdeu” com a sua ocidentalização e modernização, e imaginar o passado enquanto um repositório cultural e artístico, a única linha possível de separar o que é ou não é realmente japonês.

“Não há um meio claro para definir o nacionalismo estético. Envolve uma noção de autenticidade cultural focada no passado e a genealogia dos valores anteriores sobre o disfarce de enxergar esta beleza; também requer um método de afirmar que estes valores do passado possam projetar-se no futuro. O nacionalismo estético reconstrói o passado por associar com um povo, ou uma cultura de uma área delimitada geograficamente, e projetando esses valores para frente, como uma prescrição de como o futuro deve ser, para a própria nação assim como para aqueles que se associam com a mesma.” (CLARK,2005, p. 3)

Okakura mostrava sua dualidade, na própria maneira em que se portava perante estrangeiros. Era conhecido por sempre utilizar quimono e demonstrar grande habilidade no idioma. Okakura diz ao seu filho Kazuo: “Eu sugiro que viaje ao exterior de quimono se achar que seu inglês é bom o suficiente. Mas nunca utilize roupas japonesas se tiver um inglês ruim.” (CLARK apud OKAKURA, 2005, p. 8), portando-se ao mesmo tempo como uma figura que busca demonstrar um grande domínio da cultura ocidental, enquanto representa pelo meio de seu comportamento e principalmente em sua vestimenta, a cultura asiática.

Conclusão
Visto que a presença de dois universos culturalmente diversos não foi exclusiva apenas do período Meiji, a importância do diálogo e intercâmbio cultural entre Japão e o ocidente, trouxe criações e descobrimentos acerca da própria arte japonesa. O Yoga surge como uma reformulação japonesa da pintura ocidental, onde se inserem valores e aspectos da cultura japonesa, diferenciando-se da arte ocidental. Da mesma forma, o Nihonga que é primeiramente utilizado como termo guarda-chuva para escolas tradicionais no Japão, não era consolidado como movimento ou escola de arte.

O diálogo entre o oriente e ocidente pode ser grande exemplo destas mutações e intercâmbios. Este diálogo se encontra não só nos japoneses enviados ao ocidente, mas também nos ocidentais trazidos pelo governo Meiji para a modernização e ocidentalização do Japão. Bakhtin (2003) explica este diálogo, como uma compreensão e uma transferência que ao mesmo tempo não renuncia a própria cultura, e seu próprio lugar. Impossibilitando a compreensão da cultura alheia sem antes não partir do seu próprio olhar e origem, possibilitando uma distância, criando uma própria imagem acerca da cultura externa. Assim, o diálogo entre as culturas se dá por um olhar “extraposto”:

“Dirigimos à cultura alheia novas perguntas que ela não havia se colocado, buscamos sua resposta a nossas perguntas e a cultura alheia nos responde descobrindo diante de nós seus novos aspectos, suas novas possibilidades de sentido... No encontro dialógico, as duas culturas não se fundem, nem se mesclam, cada uma conserva sua unidade e sua totalidade aberta, porém ambas se enriquecem mutualmente.” (BAKHTIN, 2003 p.366)

A importância do período não é apenas o conhecimento acerca do ocidente, mas um novo conhecimento acerca da própria cultura e arte japonesa. A cultura enquanto organismo vivo está sujeita às mudanças e adaptações, criando novas imagens e leituras de si própria e do exterior.

Referências
Leonardo Souza Alves é Historiador formado pela UNESP em 2017.
e-mail: souza_leo@outlook.com

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo, Martins Fontes: 2003.
CLARK, John. Okakuratenshin and aesthetic nationalism.East asian history, Sidney, Australia, v. 29, p. 1-38, jun. 2005.
HEGEL, George W. Aesthetics: Lectures on fine art. Oxford: Clarendon Press, 1975.
MIKI, Tamon. The Influence of Western Culture on Japanese Art. Monumenta Nipponica, Tóquio, v. 19, p. 380-401, 1964.
NITOBE, Inazo.Bushido: The Soul of Japan.Londres: G.P Putnam’s Sons, 1905
OKAKURA, Kakuzo. O despertar do japão.Nova Iorque: The Century Co., 1905.

8 comentários:

  1. olá, primeiramente parabéns pelo seu texto.
    Gostaria de saber se dentro desses elementos que você destaca, quais tiveram ou se teve contribuições da arte japonesa para ou no ocidente, em seu texto pude compreender que tais elementos como: as tecnicas de sombreamento, perspectivas etc;foram ressignificadas com os elementos referenciais culturais na produção como um marcador e identitário, mas gostaria de saber se dentro desse processo há o deslocamento ou alguma contribuição de traços do oriente para as obras do ocidente.

    att,
    Eliandra Gleyce Dos Passos Rodrigues.

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  2. Bom dia e parabéns pelo texto.
    Possuo um grande interesse a respeito dessa troca cultural entre os japoneses e os europeus durante o Período Sengoku. Além do referencial incluído, existem outros materiais que apresentam esta interação e como japoneses e europeus viam esse encontro de culturas diferentes, tendo em vista o momento conturbado que passava o Japão com os conflitos entre os Daimiô?

    Agradeço a atenção


    Matheus Felipe Francisco

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  3. Bom Dia,

    Gostei muito do texto. Explicitou bem as trocas culturais entre as culturas, o relativismo japonês. Como a arte, as experiências aprendidas com ela, podem ser utilizadas como um ponto de partida para o desenvolvimento da cultura e também para transformação benéfica da sociedade.
    Pude perceber pelo texto que os japoneses parecem mais abertos as trocas culturais, do que os ocidentais.

    Alice da Silva Gonçalves de Jesus.

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  4. Olá Leonardo, parabéns pelo texto! Compartilho de algumas dúvidas dos colegas acima. Também gostaria de saber sua opinião a respeito de como o ocidente vê, atualmente, as contribuições artísticas orientais em nossa cultura. Há espaços onde esta troca cultural pode ser vista? Obrigada!

    Crislli Vieira Alves Bezerra.

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  5. Primeiramente parabéns pela ótima pesquisa e desenvolvimento da mesmo.
    Então, se vê muito de artistas japoneses terem abraçados novas formas de escrita e pintura, mostrando a gama de intercâmbios culturais destes com nações do ocidente, porém gostaria de saber quais foram as principais influências da terra do sol nascente, para a Europa? E se sim, se o Ukyio-e teve de alguma forma, um tipo de influência.

    Bruno Henrique Alves da Silva.
    Graduando em história pela Universidade Estadual de Maringá.

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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  7. Olá, boa tarde!
    Leonardo Souza Alves, você acredita que essa influência ocidental no japão tenha contribuído para construir uma estética tão singular que vemos nos desenhos animados japoneses atuais?

    Agradeço,
    Caroline Cavilha dos Santos Hashimoto (HISTÓRIA-UEM)

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