Jander Fernandes Martins e Vitória Duarte Wingert

KUCHIOSY NO JUTSU: A RELAÇÃO HUMANO-ANIMAL NO ANIMÊ NARUTO

Introduzindo o tema
O presente artigo versa, em uma perspectiva antropológica, sobre a relação humano-animal no “anime Naruto”. Partindo dos pressupostos basilares da Antropologia da relação humano-animal, analisa-se como são retratados os animais dentro do universo Naruto. A hipótese que perpassou a análise realizada é a de que esse anime é, enquanto produto cultural globalizado (ainda que de origem nipônica), uma representação das mudanças culturais ocorridas nas últimas duas décadas em escala global na esfera privada familiar, na qual animais vem se tornando membros efetivos e afetivos das famílias humanas, por meio de fenômenos denominados, por antropólogos iminentes, de “filhotização, petshismo”. (DIGARD, 1999; INGOLD, 2000).

Em outras palavras, as relações envolvem “emoção e empatia” (KULICK, 2009) entre humanos e animais tem se intensificado nessas últimas décadas, como reflexo da condição “pós-humanista” como resposta à “tese da exceção humana”. (LEWGOY; SEGATA, 2017)  No entanto, estudos nessa área específica da Antropologia são relativamente recentes. Sendo essa uma das justificativa para tal proposição reflexiva aqui socializada.

Para uma antropologia das relações humano-animal
Como dito acima, os estudos da Antropologia das Relações Humano Animal, nas últimas décadas tem sido objeto de estudo, reflexão e debates no meio acadêmico antropológico. Historicamente, a relação entre homens e animais é milenar, ela atravessa inúmeras dimensões, partindo de uma relação básica biológica, como a alimentação, perpassa as fundações institucionais de relação social (animal como companhia de caça, de proteção...), atingindo até dimensões supras, como a religiosa, na qual animais serviam (e ainda servem) de oferendas sacrificiais.

A relação humano-animal, existe há milênios, porém só agora se tornou objeto de pesquisa antropológica. Nesse sentido, essa relação histórica, o animal sempre foi visto como: “bom para comer”,mercadoria, extensão humana para a realização de atividades de grande esforço (tração animal), enquanto símbolos (religiosos, marciais, mitológicos, sacrificiais, de códigos de tabu alimentares e, mais recentemente, vem se legitimando estudos sobre o “bem-estar animal”. (DESCOLA, 1998; 2015;DOUGLAS, s/d; FROEHLICH, 2015; LEACH, 2000; PASTORI; MATOS, 2015)

Tais estudos permitiram pôr em discussão algumas instâncias antropológicas mais tradicionais, como é o caso do “antropocentrismo” e “pós-humanismo” (LEWGOY; SEGATA, 2017), dos animais como pets e a questão da moralidade (KULICK, 2009; LEWGOY; SORDI ; PINTO, 2015; PASTORI; DE MATOS, 2017), da discussão sobre “bem-estar animal” (FROEHLICH, 2015), da domesticação animal (DIGARD, 2012), dos animais na ciências (HARAWAY, 2011),  no plano jurídico (BEVILAQUA; VELDEN, 2016) e da moralidade.

Enfim, com essas pesquisas se rompe com as barreiras existentes até então sobre animais e suas funções utilitaristas na sociedade humana. Visto que, são proposições e percepções construídas a partir de estudos realizados em diversos locais e circunstâncias, tais como: abatedouros, zoológicos, laboratórios, criadouros e reservas ecológicas e lares humanos. (SORDI, 2011) cabe então indagar: seria um animê japonês campo profícuo para análise de representações humano-animal?

Um pouco sobre os Animês
Historicamente, as produções de animê japonês inicia na década de 1920. Considerado como produto da evolução técnica e artística das produções cinematográficas nipônicas, tendo Ubasute-yama (montanha das idosas abandonadas) de Zenjiro Yamamoto (1898-1981) como produção inaugural do drama animado japonês. Isso ocorreu em 1925.

Uma década depois, é produzido o “primeiro animê sonoro”, chamado Osekisho (O inspetor de estação), de Noburo Ofuji (1900-1961). Para Sato (2005), é nessa década que se considerou o animê como motivador e como ferramenta possibilitadora de temas adultos, dramáticos e eróticos.

Já na década de 1950, onde ocorre a cristalização do termo “animê” conhecido hoje como tal. Essa mudança de nomenclatura se deve ao fato de ter ocorrido grande fluxo de animações norte-americanos no país nipônico. Até aquele momento, em Japão, as animações eram chamadas de “dõga” - imagens em movimento ou filme- com esse influxo norte-americano, das chamadas “animation”, passa-se a chamar então as produções nipônicas de “anime”, como forma representativa e similar a palavra inglesa. (LUYTEN, 2005; SATO, 2005; SMIRKOFF, 1996)

Porém, conforme assevera Sato (2005), os animes japoneses começam a ser exportados e mesmo televisionados no ocidente, só a partir da década de 1960. Desde então, cada vez mais o anime cristalizou-se nos diferentes países e culturas. De modo que, por exemplo, no Brasil, essa “cultura pop-nipônica” de fanssubers, Poppu karuchaa, cosplayers, otakus e eventos diversos.

Na década de 1980, se populariza um dos elementos que, na atualidade, é considerada uma característica central do anime, a saber: o Original Video Animation (OVA). Tal elemento deve sua origem ao fato de serem produzidos em VHS. Década essa que, dada a efervescência econômica global, favoreceu a inserção dos animês (e, também dos mangás), nos países ocidentais. (SILVA, 2012)

Os animês são classificados segundo: sexo, gênero e faixa etária. Sendo a partir daí estabelecido um classificação mais detalhada: Kyooday Robotto (robôs gigante); SF Akushion (ação e ficção científica); Meruhen (fábulas); Meisaku Shiriizu (séries de obras literárias);Supaa (super-carros); Shõjo Monogatari (“histórias para meninas); Shounen: (histórias para o público masculino jovem); Bõken Akashion (ação e aventura); Guagu anime (animê humorístico); Supootsu (esporte);Yokai (mundo do sobrenatural); Jidai Geki (“desenhos de época); Kodomo anime (animê para crianças);Adaruto e Yaoi (os que tratam de sexo) – neste caso, possuem as subdivisões, como: ecchi (erótico heterossexual); hentai (pornográfico heterossexual); shõnen ai (romance homossexual masculino); shõjo ai (romance homossexual feminino); yaoi (relação homossexual masculina) e; yuri (relação homossexual feminina). (SILVA; NEVES, 2012; LUYTEN, 2005; SATO, 2005; SMIRKOFF, 1996)

Além dessas classificações, caracterizam-se pela “serialização”, ou seja, sempre há uma continuação entre episódios e sempre tem um fim. De acordo com Smirkoff (1996, p. 68) há três possibilidades de finalizar um animê: “[....] o herói vence; o herói morre (muitas vezes depois de vencer); ou o herói chega a algum tipo de vitória, mas com alguma grande perda”. Essa característica distingue sensivelmente das produções ocidentais, as quais desde os contos clássicos, primam por “era uma vez...” e “viveram felizes para sempre”.

Os animais no mundo de Naruto
O animê Naruto é baseado em mangá de mesmo nomee foi produzida por Masashi Kishimoto. Nessa produção nipônica é contada a história de um menino (ninja) chamado Uzumaki Naruto. Essa série estreou em 1997.

Inicialmente, distribuída em mangá (1999-2014) e adaptada para o animê a partir de 2002.  Sendo dividida em duas partes. A primeira parte de 2002 à 2007. A segunda parte, Naruto Shippuden estreou em 2007 a 2017. Devido a grande circulação, via internet e por outras plataformas, essa série se tornou em 2017 a terceira série de manga mais vendida da história.

O enredo desse animê se passa em um mundo feudal de ninjas. Nele, Naruto é um jovem frequentador da academia de ninjas. É nesse contexto que se desenrola suas aventuras. A questão de convívio social se dá quase que exclusivamente por meio da interação entre pequenos grupos, classificados e distribuídos em “times” (time 1; time 3...) e são compostos sempre por três alunos e um instrutor. No caso do personagem principal, é o “time 7”.

O universo de naruto é dividido em países que são governados por senhores feudais. É no interior de um desses países que fica a “aldeia oculta” na qual se passa a história, a “aldeia oculta da folha”, localizada no país do fogo (já que, produzida dentro de uma cosmovisão oriental, os elementos da natureza permeiam todo o enredo do animê.

Acaba por se demonstrar um enredo de mundo fantástico, pois nesse ambiente ninja, mais do que elementos da natureza, há uma interação contínua e permanente entre humanos, animais e outros seres (deidades, espíritos, híbridos...). ou seja, há uma pluralidade de espécies: mamíferos, aquáticos, repteis, híbridos mitológicos, insetos, invertebrados, anfíbios, aves... Todos são interagem com os humanos (ninjas ou não) e esse processo se dá mediado pela linguagem. (VIGOTSKI, 2007; 2008)

No mundo de naruto a relação humano-animais é posta de duas formas: 1) animais de invocação e; 2) animais/entidades chamadas de bijuu e, de menor expressão no enredo do animê; 3) há os animais que acabam tendo uma representação coadjuvante como animais de estimação no seriado.

As bijuus, seriam entidades/animais orgânicos, mas que se encontram, momentaneamente, em estado etérico, energético fundindo em um corpo de ninjas humanos, os quais servem como uma espécie de hospedeiro para essas formas animais. Diante disso, a interação entre hospedeiro e bijuu, nesse universo de ninja, é constante, visto que são tratadas como valor inigualável e que, em última instância, servem como “armas de guerra”. Esses seres, nesse enredo são limitadas a nove, com seus respectivos hospedeiros. Todas essas entidades são criações simbólicas do universo cosmológico oriental (confucionismo, xintoísmo, taoísmo, algumas ramificações budistas).

Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Animais

Já a primeira subcategoria de animais, os de “invocação”, mais numerosos que os bijuus, variam de espécie, funções, aptidões tornando-se um material propício a ser analisado.


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o

O animê naruto, em sua totalidade, tem mais de 500 episódios e devido a essa grande produção, há aparição de outros animais que, no contexto geral e particular, demonstram-se com menor representatividade e sem um significado subjacente.

No que tange a essa subcategoria específica, no universo naruto, há alguns processos e elementos que seriam interessantes analisar. A primeira, é que “os animais são ‘invocados’ por meio de técnicas de invocação ninja”. Essa técnica é chamada de “Kuchiyose no Jutsu” (técnica da invocação). De acordo com a própria série, pode-se defini-la como “um ninjutsu de espaço-tempo que permite que o invocador transporte animal ou pessoas através de longas distâncias instantaneamente através do sangue do usuário [invocador]”.

Para a realização dessa técnica, é necessário que o personagem (ninja) faça um “contrato” assinando um “pergaminho e escolhendo uma espécie” que, normalmente, tem vinculo estreito com a “família do contratante”. Por exemplo, família de ninja com nomes referentes a insetos, logo, o animal contratado será uma abelha, vespa, etc. um adendo a essa questão, é que a assinatura bem como o processo de invocação animal, posteriormente são mediados por “dois elementos”, energia vital (chakra) e sangue do invocador. Da fusão de ambos elementos, resulta no aparecimento de determinado animal ou entidade.

Nesse sentido, sangue e energia, nesse contexto, nos convidam entender esses elementos como representações de um “regime diurno da imagem”, enquanto “símbolos catamórficos” conforme Gilbert Durand (2002) postula. Complementando, para Mircea Eliade (1952, p. 167) estudar os símbolos nos permite vislumbrar a “filosofia das culturas”, isto é, suas premissas que sustentam suas concepções, interpretações de mundo e cosmovisões “A história de um simbolismo [...] é a melhor introdução ao que se designa por filosofia da cultura”. No caso de naruto, analisar os (principais) tipos específicos de animais que fazem parte desse universo, revela-nos pistas para compreender o porquê dessa animação ter se tornado uma febre mundial.

Kuchiyose no jutsu! Técnica de Invocação ou Técnica Rompedora das Fronteiras de especismo?
De acordo com as fontes produzidas a partir da série, esse termo “kuchiyose” significaria algo como espiritualismo, espiritismo (口寄せ). Tal termo, em antropologia da religião (ocidental), conota uma prática na qual seria possível espíritos e/ou entidades falarem por si através de um corpo. Em outras palavras, equivaleria dizer que se trataria de uma “mediunidade”, como as que acontecem em religiões espiritualistas tais como espiritismo, umbanda, candomblé. (AUBREÉ; LAPLANTINE, 2009; ORTIZ, (1991) Tal peculiaridade, em nosso entendimento, diz muito do significado desse fenômeno na perspectiva nipônica de espiritualidade/religiosidade.

Os principais animais de invocação desse universo ninja, estão intrinsecamente ligados aos personagens principais. Tomando essa constatação, quase que óbvia, como ponto de partida, começa-se a entender que um dos critérios centrais adotados pelo autor e pelas equipes de animações tenham buscado na “simbologia mítica” das principais vertentes filosóficas e religiosas do oriente. Em sentido geral, buscaram tanto no panteão chinês quanto indiano, como foi o caso por exemplo, a “invocação de ninjas mortos” (como uma espécie de ressureição e até mesmo reencarnação), bem como o uso de elementos da natureza, que se aproximam do taoísmo e da ordem civil existentes, nas hierarquias dos animais invocados, similar ao Confucionismo. Em um sentido específico, percebe-se a influência do xintoísmo em quase todo esse universo do animê, em especial, na questão dos animais. Em uma concepção ocidental, o que melhor aproximar-se-ia dessa cosmovisão seria as religiões de orientação/natureza espiritualistas.

Ora, como dito acima, o principal personagem da série é Naruto e esse, particularmente, acaba fazendo contrato com a família e espécie do “gama”, que significa “sapo” em japonês. De acordo com a mitologia xintoísta e a cosmovisão oriental em sentido amplo, o sapo representa sabedoria, longevidade. Nesse sentido, todos os chamados “gamas” de alguma forma acabam por ter uma “funcionalidade” de espelho, ora em uma dimensão negativa, refletindo o que falta nos seus companheiros de contrato, ora em uma dimensão positiva, reforçando determinadas características intelectuais, morais, psicológicas, afetivas e físicas.

Os exemplos abaixo são significativos:


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o

Como se vê, é atribuído a bunta inúmeras características psicológicas e comportamentais humanas, isto é, se trata de “um sapo” com um “traço psicológico” mal-humorado e um comportamento “apático”, demonstrando simpatia apenas pelos humanos com quem tem “vínculo afetivo”. Transpondo para a relação humano-animal, bunta não representaria determinados tipos de animais que, como diz Haraway (2011) “bons para viver junto”, pois o que caracterizaria, de acordo com os estudos nessa área, uma das justificativas para enquadrar nessa categoria determinados animais é sua “capacidade de retribuir incondicionalmente afeto, amor e interação”.

Outro animal invocado central é Fukasaku, o qual por sua vez, é representado como um ancião e chefe do clã dos sapos. Assim como bunta, dotam-no de personalidade e qualidades que, em termos de senso comum, atribuem-se como de “natureza humana”, tanto no mundo ocidental, quanto no oriental. É um animal inteligente, sábio, corajoso e que reside em uma montanha que, para o universo naruto (mas também para o universo xintoísta nipônico) é considerada sagrada.


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o

Não obstante a essa correlação, o mesmo pode ser percebido no que tange a versão feminina dessa representação animal anfíbia. No animê Shima (ver abaixo) é companheira de Fukasaku. Assim como ele, Shima é representada como uma “anciã” dotada de uma personalidade de moralidade nobre e elevada, pois encarna a sabedoria, o bom coração, a nobreza de espírito. Agindo com um sentimento maternal, muitas vezes simboliza aquele sujeito que acolhe, aconselha, inspira e incentiva a não desistir diante das vicissitudes apresentadas no decorrer da série.


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o

Nesse sentido, fica claro o papel da feminilidade atribuída à esse animal (humanizado)e que acaba completando, dentro de um espelho animal e moralidade humano-animal. (HARAWAY, 2011; KULICK, 2009)Não obstante, nessa perspectiva o animê também apresenta outros animais como um espelho negativo, os quais representam, dentro de uma moralidade humano-animal, qualidades antiéticas e de moralidades reprováveis, dentro desse universo. Como é o caso, da personagem animal “Manda”, uma serpente. Ora, embora se trate de uma cosmovisão religiosa e filosófica oriental, sabemos que, dentro da cultura ocidental de vertente judaico-cristão, a serpente é simbolicamente representação da maldade, da trapaça, da falta de confiança.


Fonte: http://pt-br.naruto.wikia.com/wiki/Categoria:Invoca%C3%A7%C3%A3o

Ora, como se percebe esse animal representa elementos de natureza moral que é, em muitas sociedades reprováveis, como é o caso do orgulho e do esnobismo. Sua aparência conota e busca representar o medo, o receio. Outro elemento antropológico merecedor de atenção é o fato de ser uma serpente macho. A serpente, seja na perspectiva de Eliade (1979) ou Durand (2002), em uma simbologia ocidental, oriental ou de imaginário, esse animal rastejante em todo o universo de naruto é apresentada como um animal traiçoeiro, mal, vingativo. Logo, dentre os animais importantes nesse universo, Manda é temido, tanto por sua natureza quanto pelo personagem à quem é vinculado, um ninja tido expulso da vila por quebrar todas as regras normativas (tabus?) da aldeia oculta. Esse ninja se chama Orochimaru o qual, curiosamente, tem a aparência física de uma cobra, além de apresentar as mesmas características de personalidade da serpente Manda.

Considerações finais
No transcorrer desse texto, buscou-se a partir da antropologia da relação humano-animal, apresentar alguns dos principais personagens animais do mundo de naruto. Não seriam esses casos exemplos materiais daquilo que a filósofa Donna Haraway (2011) chama de “espelho animal” onde se define os animais tomando como reflexo de qualidades, características os atributos humanos? Elegeu-se como objeto de análise três animais (antropomorfizados) dessa animação ninja, sendo dois sapos e uma serpente. Em uma perspectiva de relação do mundo natural (animal), sabe-se que os anfíbios, geralmente, fazem parte da cadeia alimentar das serpentes. Sendo essa uma das primeiras correlações que o animê busca representar em Naruto.

Em nossa hipótese, a relação social entre animais e ninjas, se dá como uma representação fidedigna da relação ocorrida na esfera humana de nossa realidade. Isto é, se antropológica e historicamente, o animal em relação ao humano foi em distintas épocas tratados, ora como animal “bom para comer”, mais tarde, com o advento da antropologia, tornou-se um animal “bom para pensar” e, nessas últimas décadas tem sido postulado um entendimento de que, os animais são “bons para se viver junto” o animê naruto acaba por representar exatamente essa modificações de entendimento na relação humano (no caso ninjas) e animais (invocação ou bijuus).

Outra questão relevante é que, a série naruto é produzida em um período histórico no qual ganhava mais expressão as reivindicações de grupos e instituições pró-animais, vegetarianismo, veganismo e abolicionistas animais. Nesse sentido, surge a indagação, “embora Naruto seja uma produção nipônica, a forma como apresentam a relação humano-animal não seria um reflexo das tensões existentes em escala global na discussão humano-animal? Invocar um animal em situações de angústia, desespero, saudade, perigo, carência afetiva... não transparece se tratar de uma representação animada de um comportamento humano para com os animais, que nas duas últimas décadas tornaram-se “animais bom para se viver junto”?

Enfim, seriam esses elementos que contribuíram, também, para o sucesso da série Naruto no ocidente? Para nós, autores, acreditamos que sim, visto que em um mundo ninja da animação, elementos da realidade concreta de humanos e animais são representadas similarmente. O assunto, não se esgota e abre precedente para pesquisas, estudos e debate sobre essa relação humano-animal, em uma perspectiva intercultural, em animês.

Referências
Jander Fernandes Martins é Mestre em Processos e Manifestações Culturais (FEEVALE), Especialista em TIC na Educação (FURG), Pedagogo (UFSM). Pesquisas e estudos com ênfase em: Antropologia da Religião, Antropologia das Relações Humano-Animal, Organização do Trabalho Didático, Educação Étnico-racial. E-mail: martinsjander@yahoo.com.br
Vitória Duarte Wingert é Mestranda do PPG Processos e Manifestações Culturais (FEEVALE), Especialista em Ensino de Filosofia para Ensino Médio (UFSM), Especialista em Literatura Infanto-Juvenil (FISIG), Especialista em Mídias na Educação (IFSUL), Licenciada em História (FEEVALE).Pesquisas e estudos com ênfase em: História, Antropologia, Educação. E-mail: vitoriawingert@hotmail.com

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16 comentários:

  1. Muito boa a ideia de análise e a análise em si. Gostaria de saber se chegaram a refletir ao menos um pouco sobre a obra que inspirou Masashi Kishimoto na criação dos Sannin de Konoha. Jiraiya Goketsu Monogatari possui bastante a questão de relação com as diferentes espécies de animais e as leituras sobre esses animais. Acredito que pensar isso pode acrescentar nas suas análises. Parabéns aos autores.

    Wendell Presley Machado Cordovil

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    1. Bom dia caro Wendell, uma felicitação para nós sua participação. A resposta para sua indagação-sugestão é sim. levamos em consideração perscrutar elementos que influenciaram a produção do "universo naturo" por Kisshimoto. No entanto, dado os limites para a produção do artigo, tivemos que "enxugar" o texto e nos focar apenas na análise antropológica humano-animal, sem com isso, infelizmente, aprofundar-nos em elementos, também, essenciais como, por exemplo, a criação do personagem Jiraya, o qual faz parte da mitologia nipônica. Ademais, nossa proposta evidentemente, é abrir espaços justamente para essas reflexões e diálogos. Obrigado.

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  2. Bom dia caro Wendell, uma felicitação para nós sua participação. A resposta para sua indagação-sugestão é sim. levamos em consideração perscrutar elementos que influenciaram a produção do "universo naturo" por Kisshimoto. No entanto, dado os limites para a produção do artigo, tivemos que "enxugar" o texto e nos focar apenas na análise antropológica humano-animal, sem com isso, infelizmente, aprofundar-nos em elementos, também, essenciais como, por exemplo, a criação do personagem Jiraya, o qual faz parte da mitologia nipônica. Ademais, nossa proposta evidentemente, é abrir espaços justamente para essas reflexões e diálogos. Obrigado.
    Jander F. Martins e Vitória D Wingert

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  3. Olá Jander e Vitória
    Muito bom o tema do trabalho de vocês.
    Eu acompanho o Anime do Naruto desde o seu lançamento, como professor de História, acredito que esses materiais podem levar os alunos ao estudo e a leitura, como no meu caso.
    Sobre o tema das "Invocações" notei que no seu início do Naruto, elas eram bem mais destacadas, como é o caso do Naruto, o seu "animal" invocado o auxiliava nos momentos em que o personagem não resolveria o seu conflito sozinho, mas com o passar do "anime" as invocações perderam o seu poder. Isso deixaram as Invocações em segundo plano.

    Sobre o Naruto vocês chegaram a fazer uma pesquisa mais profunda relacionado as espécies e suas origens com os personagens, por exemplo o Sasuke, durante o anime trocou de animal invocado, passando de uma serpente para uma águia.

    Outra dúvida é se foi aprofundado as ligações de definição de poder para a invocação, já que somente os muitos fortes poderiam invocar um animal.

    Parabéns pelo trabalho.

    Anderson da Silva Schmitt

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    1. Boa noite caro Anderson, que honra para nós comungar saberes sobre essa temática. Enfim, indo direto ao ponto. Sim, buscamos perscrutar o animê dentro de uma profundidade que nos permitisse realmente realizar um bom trabalho tomando-o como objeto de análise. No entanto, dado aos limites exigidos para submeter o trabalho, muito foi "deixado de fora". Dentre tantas, possibilidades, a questão realmente de "ficar em segundo plano" a questão da relação-humano animal, via "invocação". Porém, isso não desmerece o animê, provavelmente, deve-se a uma questão de "audiência, talvez". Quanto aos demais, animais, sim, realizamos a analise com "todos" os animais que apareceram no animê. Excetuando os episódios e sagas denominadas de "fillers".
      No caso do Sasuke, também não passou despercebido, visto que, dentro de um simbolismo ritualístico, muito conota e denota elementos de cosmovisão oriental, mas também algo que quase se aproxima de um pensamento totêmico.
      Quanto aos mecanismos que envolvem a invocação, muito abre um leque de discussão e reflexão a questão de "energia e sangue, além do contrato" necessários para tal. Antropologicamente, poderia quem sabe se tratar de um "sacrifício-dádiva"? O sangue do invocador, seria um "objeto-sacrificial? (MARCEL MAUSS; HENRI HUBERT, PEIRANO..)

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  4. Ola, gostaria de saber se a analise antropomórfica usada no texto (invocação x invocador) poderia ser relacionada com o antropomorfismo de deuses mitológicos gregos e egípcios?

    João Victor Rodrigues Darriba Fernandes Alonso

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    1. Boa noite caro João. Sua indagação é muito pertinente. Visto que, normalmente (ou até mesmo academicamente) quando busca-se analisar, refletir e descrever um dado fenomeno, como no nosso caso, remetemo-nos em especial à cultura grega, em especial, devido a sua influencia histórica e cultura a partir da "mitologia". A antropomorfização é um fenômeno que culturalmente, o ser humano em toda a história recorreu para interpretar e dar sentido para dados fenômenos compreensíveis. No caso da relação humano-animal (invocador-invocação), ainda que haja elementos oriundos da cosmovisão niponica (e também indo-chinesa), ela aproximasse mais de um totemismo (sugerimos a leitura de Levi-Strauss) e também do pensamento ameríndeo (em especial, Viveiros de Castro). Em nosso entendimento, ainda que haja elementos antropomorfizados, eles não se aproximam da cosmovisão egípcia e grega, visto que não se tratam de "culto a deuses", mas sim de um "rompimento das barreiras de especismos", na qual não fica demarcado claramente, onde começa o humano, onde encerra os limites humanos, onde começa o animal, onde encerra-se. Visto que, há linguagem, há comunicação, há interação, há sentimentos, há energias, há almas...o que nos leva a indagar: o que é então um humano e o que é um animal? que elemento, dimensão exerce essa barreira distintiva entre ambos?

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  5. Boa noite. Naruto é um anime oriental, e como tal é natural que a cultura japonesa que é uma das mais antigas no mundo tenha sofrido influencias de outras culturas também. A relação homem animal do universo Naruto pode ser comparado entre as relações de religião no Egito ou Mesopotâmia antiga?
    Eduardo Ribeiro Xavier

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    1. Boa noite caro Eduardo, uma satisfação comungarmo-nos nesse evento. Mais ainda, em torno de um objeto de análise que tanto nos absorve como é o caso de naruto. Não há dúvidas de que, ainda que seja uma produção nipônica, ela foi produzida em um contexto de globalização (político-econômico) e de mundialização (cultural). Ora, certamente que, Kishimoto foi e é influenciado pela relação intercultural. Haja vista que, como assevera Nestor Canclini, vive-se em uma Cultura Híbrida, Z. Bauman dirá que vivemos em uma Cultura Liquida e Stuart Hall, dirá que somos seres Culturais de Identidades Fragmentadas. Nesse sentido, não há dúvidas que o animê sofreu influência de outras culturas que não a nipônica. Entretanto, estabelecer aproximações e relações com outras culturas, em uma dimensão religiosa, como as Egípcias e Mesopotâmicas, parece-nos um tanto "pantanoso". Visto que, a antropomorfização (que atribuímos a cosmovisão do Egito e Mesopotamia) refere-se a questao de intercambio humano-deus (ainda que sejam representados por animais, mas é algo de relaçao humano-divino). Já o animê, por mais que "dragões, sapos, serpentes sejam dotados de características "humanas (e quiçá, divinas), ela não caracteriza uma relação de culto. E acho que é aí o que torna "pantanoso" atribuir ninjas-animais de invocação a um caráter de divinização. Achamos que não ocorra isso, porém é uma indagação que merece outros trabalhos.

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  6. Bom dia. Muito bom este artigo e as informações aqui presentes. Parabéns pelo trabalho! Gostaria de fazer uma pergunta: É correto pensar que os lendários sannins e até outros ninjas de destaque como Kakashi, dentres outros, invoquem apenas uma espécie de animal específico (Jiraya - Sapos; Tsunade - Lesmas; Orochimaru - Cobras; Kakashi - Cães) porque o comportamento dos animais invocados coincidem com sua personalidade, ou por conta das habilidades dos animais serem parecidas e se complementarem as habilidades dos ninjas, ou ainda apenas por uma questão de preferência?

    Wesley de Melo Batista.

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    1. Boa noite caro Wesley, desde já agradecemos esse momento de intercâmbio. Sua indagação é muito pertinente e por nós havia sido identificada (ainda que não esteja presente no texto, devido aos limites de palavras exigidas para submeter o trabalho). Em nosso entendimento, não tratamos como "correto ou não correto" a questão das "similaridades" de caracteristicas e personalidades dos animais e de seus respectivos ninjas. Isso nos parece bem claro no animê. O que nos levou a propor uma reflexão é indagar "porque Kishimoto, propõe, por meio de uma metáfora animê uma relação humano-animal na qual sannins parecem quase que um espelho de seus animais invocados (e o contrário também)?
      Ora, nossas reflexões pendem para um entendimento de que, ninjas-animais são exemplos midiáticos de um fenômeno que nas últimas décadas tem ocorrido em escala mundial, a saber: cada vez mais se está rompendo com as barreiras entre espécies. Para muitas pessoas, um animal tem sentimentos, inteligências (e quem sabe alma? o que achas?). Ora, parece que naruto é um exemplo de animê que reflete aquilo que no texto apresentamos: na atualidade cada vez mais os "animais se tornaram bons para viver juntos", pois para além de companhia, de estimação, de auxílio em tratamentos de saúde psíquica, a relação de sentimentos entre humanos-animais parece não estabelecer relações de distinção de espécies. Cabe indagar, deixaríamos de denominar de "animal" um ser senciente que se comunicasse conosco por linguagem oral?
      Jander e Vitória

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  7. Um ótimo trabalho Jander e Vitória, achei super interessante o foco que deram a uma história que sempre desperta o foco em outros aspectos existentes no Mundo criado por Masashi Kishimoto.
    E com isso gostaria de perguntar se acham que tanto o processo de contrato, como depois disso, no caso o desenvolvimento do animal invocado, que geralmente cresce junto do indivíduo, tem relação com o fato de tal relação ser na verdade um tipo de ajuda para tornar aquele personagem mais forte, como um animal em nossa sociedade atual, muitas vezes é dado a uma criança com a finalidade de ajudar no crescimento da mesma?

    Bruno Henrique Alves da Silva.

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  8. Bom dia, já que você citou Eliade e no entendimento dele, Símbolo tem como características acrescentar valor sem retirar, acredita que a obra Naruto, ao representar essas relações de humano animal possuem um caráter pedagógico?

    GABRIELLY TEIXEIRA MONTEIRO

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  9. Parabéns pelo artigo!
    Essa humanização dos animais, principalmente os que são fruto de jutsus de invocação, na visão de vocês, também serve para dar um “peso” maior para o personagem? Fazendo com que o sofrimento que eles venham a sofrer durante, bem como uma eventual morte faça com que o público se sinta mais tocado com isso?
    Antonio Alysson Gomes Azevedo

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  10. Olá Vitória e Jander, antes de qualquer coisa, meus parabéns pelo artigo e pela abordagem tomada! Não posso deixar de elogiar também o título muito sugestivo. Olhando pelo viés religioso do Oriente, como salientado no texto e presente no anime Naruto, seria o anime em questão uma fonte interessante para se trabalhar esse viés religioso oriental em sala de aula com jovens? Seria possível também fazer uma espécie de paralelo com as discussões sobre a religiosidade grega expressa através dos deuses que agiam em favor dos homens quando esses nessecitavam?

    Waldiney da Silva Marinho

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  11. Mesmo aqueles animais que não eram frutos de Kuchiyose mas que mantinham proximidade e uma relação afetiva de humanos, espelhavam em parte a personalidade deles, como o Akamaru e os outros caninos da família Inuzuka. Vocês acham que essa diferenciação, no universo de Naruto, entre animais com características humanas mais fortes e perceptíveis, como a fala, e a existência de animais que não se comunicam dessa mesma forma com os humanos, mas que também tem percepções humanísticas, foi feita para causar um maior viés de similaridade com o nosso mundo real?
    Antônia Marques Alves

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