Fernando Augusto Bocchi Silveira

O K-POP É A VELA QUE ILUMINA O CAMINHO DO HIP-HOP COREANO?

O desenvolvimento da música popular sul-coreana quebrou paradigmas da indústria musical. Como obra de um povo etno-racialmente segregado, o crescimento dessa música abre espaços para outra música, uma que questiona problemas estruturais como racismo na Coreia do Sul. Procurei explicar o desenvolvimento do K-Pop como música do mainstream cultural, as raízes cujas qual o gênero tem origem e como sua mecanização pode estabelecer o gênero musical que critica a sociedade – o hip-hop. Para justificar a posição do hip-hop, fiz análise do discurso político e de letras nas músicas produzidas pelos mesmos coreanos.

A relação entre K-Pop e Hip-Hop
O K-Pop, de seu início até hoje, conseguiu abrir uma lacuna para o hip-hop coreano no mainstream. Com os sucessos de PSY, BTS, e o rapper Keith Ape mostrando força comercial e acumulando fãs. Este recorte exibe o desenvolvimento dos sul-coreanos em criar astros pop, que não se suprimem ao comércio regional, miram ao mercado ocidental. Isto acarreta na análise da reestruturação da indústria musical na conjuntura pop. Contudo, a vivência do momento permite a exploração do fenômeno, formulando um projeto que mostre a “invenção de uma nova tradição” (HOBSBAWN, 1984) e suas mudanças durante essa ascensão.

O discurso político, nos aspectos sócio-políticos, autoriza a preservação ou ruptura do status quo. De fato, muitas técnicas são realizadas por aqueles que executam esse discurso para alcançar suas metas. O rap, como discurso de resistência, demanda mais estudo, especialmente em relação ao cenário coreano.

Proveniente de uma cultura sempre estereotipada e orientalizada, o K-pop, insere características externas à sua cultura e edita uma mercadoria com a embalagem pop não agressiva ao mercado para vencer as travas de uma indústria monolítica.

Compreendamos que pelos últimos vinte anos, o K-pop tornou-se uma indústria apoiada pelo governo e produzida para ocupar o topo das paradas. A relevância desse estudo firma-se, pelo surgimento de um novo consumo musical. A barreira idiomática é compensada pela questão visual. O K-pop é uma febre que movimenta milhões de amantes e é acessível aos ouvidos e impulsionado por uma megamáquina promocional. Com uma mercadoria que não corre aos modelos do que se têm como pop, os sul coreanos repensam o ‘chiclete’ musical reunindo elementos de hip hop, techno e rock.

O K-Pop utiliza da língua inglesa, além de características visuais que mesclam muito do extremo oriental com o que vemos uniformemente dentro do pop hegemônico, e esse conjunto de aspectos torna o K-Pop um rival do Pop anglo-saxão. Todavia, esse o K-Pop abre o espaço para a “extinção” de preconceitos e proporciona um solo para o rap coreano. Mostrando que dentro da música coreana não há apenas cópias do pop estadunidense representadas excentricamente a olhos etnocêntricos, mas também poemas carregados de críticas ao sistema.

Mudando a composição de poder na música, cedendo espaço para novos agentes, antes limitados ao território coreano ou, no máximo, a seu país vizinho, o Japão. A nova estrutura da música pop com o fenômeno do K-pop descobre uma identidade. Uma que inserida ao rap, fortalece as bases ideológicas necessárias para promover transformações culturais e sociais que não encontram espaço no ambiente pop.

K-pop: o fenômeno coreano
Aproximaremo-nos de informações sobre o fenômeno pop coreano, desde suas origens ao seu crescimento mundial.

I. Um Breve Histórico do K-pop: O termo K-pop foi idealizado referindo-se à música pop fabricada na Coréia do Sul a partir dos anos 1990. Com as transformações originadas a partir da política estadunidense no território coreano nos anos 1950. Nos anos 1990, o “sinsedae” ou nova geração coreana ganha relevância com o trio Seo Tai-ji. Esta geração já não compartilhava a identidade com estilos antigos, e ao reunir hip-hop, rock e techno, trouxe fluidez, adicionou influências ocidentais na música coreana e atraiu o público jovem (RUSSELL, 2013). Mesmo com essas mudanças, a música pop da Coreia do Sul só explodiu com a Hallyu ou Onda Coreana. Esse rótulo foi dado por jornalistas japoneses no ano de 1999, no momento que o K-pop ultrapassou a barreira musical e estendeu-se também à moda e invadiu o Japão (RUSSELL, 2013).

II. As influências: A Coreia, influenciada pela China nos séculos passados - roupa, costumes e arquitetura. O Japão participou devido à invasão sofrida nos princípios do século XX e depois pelos Estados Unidos com a chegada dos estadunidenses no começo do século XX em diante.
A língua coreana recebeu uma grande influência da língua inglesa, resultando no konglish. O konglish consiste em palavras inglesas no coreano, embora as palavras não sejam usadas propriamente.

III. Coreia do Sul e o manual da música pop: “Cultura pop” é vista como a racionalidade do capitalismo globalizado, e que se firma com o K-pop. Analisando a ideia de pop, imaginamos “algo material, lascivo, pertencente ao corpo e não a mente, até mesmo anti-intelectual” (LINO, 2002, p. 15), puro entretenimento. Para Lino (2002), a cultura pop interpreta não apenas a vanguarda artística, mas também social, tendo como exemplo a contestação criativa dos anos 60, vistas nas músicas de Rolling Stones e Pink Floyd, e no Brasil, com a Tropicália.

Tiger JK, um dos primeiros rappers coreanos a morar nos EUA. Tiger é uma metáfora ambulante do rap sul-coreano; Não nega a globalização e o fato de ser inspirado em um produto estadunidense. Mas com uma carreira iniciada em 95, sempre enxergou o hip-hop como uma forma de inclusão. Mantendo-se atual, ele inspirou e foi mentor de uma geração, do underground ao mainstream. A indústria musical é muito diferente na Coréia, parte significativa da economia do país provém musicalmente. Principalmente o K-Pop, mas o hip-hop está tão presente no inconsciente coletivo dos coreanos, que se exige um rapper, mesmo nos grupos pop.

A forma do hip-hop coreano, pelo menos, já foi definitivamente dominada. Os sons, as rimas, as performances, o visual. É indistinguível do estadunidense. A relevância social, no entanto, tem um longo caminho a percorrer. A mensagem está lentamente chegando à mídia.

Como o rock‘n’roll liderou a revolução do pop, vendo os anos 60 como seu ápice, rompendo com padrões artísticos e comportamentais da época, o K-pop põe em pauta transformações radicais à um sistema que prevê o modelo de pop como aquele consolidado pelos estadunidenses, e que passa a ter que ceder o eixo para o extremo-oriente – nesse caso, especificamente os países como Japão e Coreia -, com a crescente popularização do gênero sul-coreano.

O K-pop está adaptado ao capital, através dele, conseguiu atingir ao nível em que se encontra hoje. Na estrutura de mercado mundial, sem fronteiras para serem destruídas, o pop coreano é inclusivo e valoriza toda a diversidade, que avança sem limites. “O facto de que milhões de pessoas participam dessa indústria imporia métodos de reprodução que, por sua vez, tornam inevitável a disseminação de bens padronizados para a satisfação de necessidades iguais.” (ADORNO, 1969).

O rap coreano como discurso político
O discurso político tem sido definido como o discurso criado através da esfera política e, mais especificamente, por aqueles que estão no poder: os políticos, seus grupos e instituições (VAN DIJK, 2005;). O discurso político compõe um dispositivo linguístico-ideológico usado pelas autoridades para exercer e manter a ordem social estabelecida.

Desde sempre, o que caracteriza o rap é a condição de marginalidade, pois vem de um setor social oprimido, que acarreta fortes estigmas sociais. Então, por estar no cerne de uma estrutura sócio-política segregante, e combater as injustiças fabricadas pelo sistema, o rap é uma forma música que se relaciona à mudança das realidades locais e globais, através de suas práticas.

Dentre os assuntos atacados pelo rap está a política institucional, profundamente exposta pela tendência ideológica favorável a grupos sociais privilegiados e dominantes. Pardue (2005) define este formato de rap como marginal, porque provém de grupos segregados, que acusam em alto e bom tom as causas institucionais da violência e do sofrimento nas suas comunidades; ou seja, procura transformar a realidade através da oposição. Pode-se dizer que este rap politicamente ciente é uma luta ideológica na área sócio-política, cuja articulação é possível através da linguagem.

“Todos humanos morrem sozinhos
  É melhor você deixar aqui o seu melhor
 ‘motha fucka’ Vocês não podem sentir minha dor
  Nenhuma desculpa será permitida
  Não há nenhuma tinkerbell seguindo esses olhos vazios.” – It G Ma (Keith Ape, 2015)

É importante salientar que a luta ideológica da qual falo não é um discurso mal feito, odioso, só por ter sua origem na marginalidade; muito pelo contrário, essa luta ideológica é representada por critérios especificamente definidos dentro da linguagem. A métrica e a rima compõem a singularidade do rap, pois ambas exigem capacidade técnica racional dos artistas ao fazerem suas escolhas morfológicas e semânticas. Isso mostra o grande cuidado que se tem ao criar rap.
Para os fins deste trabalho, a aproximação ao Rap Social o entende como uma área complexa, demandante tecnicamente no momento de ser analisado como um objeto de diagnóstico. O rap deve ser considerado e examinado como discurso. Principalmente, como instrumento de combate às medidas sociopolíticas que mostram, constituem e mantêm os privilégios status quo, deve ser tratado como discurso Chilton e Schäffner (2001).

Análise das letras
Algo que quero deixar claro aqui é que "a análise do discurso político é uma atividade na qual o analista se compromete" (CHILTON e SCHÄFFNER, 2001, p.307). Isto quer dizer que, o analista não é imparcial; ele posiciona-se desde a sua realidade e as suas crenças.

“Quando eu era uma criança, minha pele era extremamente negra
Pessoas apontavam os dedos para a minha mãe
Meu pai era um soldado americano negro
Aqui e ali eles estavam sussurrando sobre isso e aquilo de novo
Sempre havia lágrimas em meus olhos
Eu era jovem, mas eu vi a tristeza de minha mãe
Sentia-me culpada, pensava que tudo era minha culpa
Então eu lavava meu rosto dezenas de vezes por dia.”
Black Happiness (Yoonmirae, 2015).
Vê-se o racismo nas letras da mulher conhecida como a rainha do hip-hop coreano, Yoonmirae. Nota-se que mesmo em um sistema como a indústria musical coreana, a sua “rainha”, compõe não apenas sobre amor ou festividades, mas também da sua história desprivilegiada como negra em uma sociedade racialmente homogênea.

Usa-se a palavra racialmente para determinar características esteticamente diferentes dentro dos genótipos do local sobre o qual escrevo. Como já colocado, grupos de K-Pop possuem identidades enraizadas na globalização, com rappers coreanos adotando muitos elementos estéticos de outros países. Mas, por trás dos astros internacionais e da fachada de potência econômica e cultural, há uma raiz de racismo — e mesmo com uma população imigrante crescente, ela soma apenas 4% do país. A descriminação com esses estrangeiros é muito comum, eles costumam ser zombados em transportes públicos com palavras de “fedidos” ou “sujos”.

Um estudo feito em 2015 mostrou que 25% dos coreanos não querem um estrangeiro como vizinho. Alguns analistas dizem que o nacionalismo étnico da Coreia do Sul é fruto das múltiplas invasões da China e do Japão. De acordo com Choi Hang-Sub, professor de Sociologia na Universidade Kookmin, em Seoul, “A cultura competitiva do país idolatra aqueles com dinheiro e poder, e despreza aqueles sem, e os estrangeiros não são uma exceção. Pessoas brancas de países bem desenvolvidos são bem-vindas de braços abertos, e aqueles percebidos como vindos de países mais pobres são discriminados” [https://www.nytimes.com/2018/07/01/opinion/south-korea-racism.html]

“A política, a mídia, a economia, o sistema de educação e a sociedade
Nossas almas são distorcidas e sujas no meio de tudo isso
Todos os problemas eventualmente terminam em dinheiro
É sempre dinheiro que é o problema
A maioria das pessoas na Coreia assina um contrato de escravidão quando nascem
Antes mesmo de aprender a andar, eles são forçados a falar inglês fluentemente
Por quê? É tão óbvio porquê.
Entre 100 razões de 100, é porque seus pais querem uma aposentadoria agradável
Enviam seus filhos e filhas para universidades de alto nível, para conseguirem empregos de alto nível
Querem que seus filhos trabalhem até a morte, suas crianças são avatares?
Toda vez que chega Novembro* eu me arrepio, quantos estudantes irão para os braços de Deus nesse ano?
Por fora parece uma sala de exames, por dentro é um matadouro, vou descobrir a causa desse maldito problema.” – Dead President (Zico, 2012)
*Novembro é quando ocorrem os vestibulares na Coreia.

Desde a década de 1950, a economia sul coreana tem crescido rapidamente. Na atualidade, a Coreia do Sul é um dos países mais desenvolvidos do mundo e, além da sua liderança global na elaboração de aparelhos eletrônicos, é considerado um dos melhores países em comunicações e avanços tecnológicos. Esse rápido desenvolvimento em um curto espaço de tempo foi fruto do trabalho de uma sociedade patriota que se dedicou à reconstrução do seu país. Foram dias e anos de extensas jornadas de trabalho, sacrificando suas vidas pessoais para reerguer o país das cinzas. Este esforço ficou enraizado na sociedade coreana de tal forma que, atualmente, seus filhos são submetidos a um sistema trabalhista incompatível à necessidade real do país.

 “Foda-se todos os merdinhas que me menosprezam por ser garota
Vocês tiram seu flow do saco? Bom, olhe bem, eu tenho dois
Não entendeu?
Então pare de gastar seu tempo na frente de um teclado
Olhe para si mesmo e comece a pensar em seu futuro
Eu estive sorrindo e me forçando a agüentar
Pessoas das quais não quero estar perto
Enquanto os pesos-leves saíram ganhando fama como se fosse loteria
Eu tive que trabalhar e ver o caos destruindo minhas inspirações
Quando os traíras foram lá falar de mim na TV
Tive que ficar calada como obrigam uma vítima de estupro
Não fiz nada de errado mas fizeram rumores sobre mim.” – RESPECT THE NAME (Kitty B, 2016)
Especialistas dizem que o comportamento de retaliação contra ídolos mulheres que defendem o feminismo é causado pelas atitudes ambivalentes em relação às mulheres.                                                               
“As pessoas que deixam comentários maliciosos provavelmente têm uma visão dicotômica das mulheres. Eles dividem as mulheres em dois grupos, aquelas que consideram ideais, que são gentis e submissas, e outras que são desafiadoras e que vêem como uma ameaça. As feministas geralmente se enquadram no segundo”, diz o pesquisador Ahn Sang-soo, do Instituto de Desenvolvimento de Mulheres da Coreia.
“Eles imaginam suas ídolos favoritas como seu tipo ideal de mulher. Quando o objeto de suas fantasias mostra comportamentos que vão contra a imaginação, como a leitura de um livro associado ao feminismo, isso provoca uma forte reação”, acrescentou Ahn. Somando-se à animosidade está a natureza anônima da internet, através da qual as pessoas podem se esconder e expressar níveis extremos de raiva e aversão.

O discurso político da resistência, ao contrário da expressão oficial de líderes e grupos de poder, pode gerar formas infinitas de expressão marginal, uma das quais é o rap.

Conclusão
O que antes provava a globalização e a agilidade absurda da indústria coreana em adaptar-se, agora prova o ataque ao status quo, do rap passando da fase de inclusão para a fase do discurso político. Como muito da Coreia é consumido pelo ocidente, torna-se quase que uma exigência a globalização da letra para se atingir o status popular. É constante a presença de termos em inglês nas letras e principalmente no refrão com o objetivo de facilitar a venda daquela música. Com forte hierarquia familiar, isso acaba sendo imposto pelos pais em um jovem que não pensa em ser artista. Temos a musica mais como trabalho do que satisfação pessoal. Inclusive, no pop, os artistas sofrem com outros tipos de exigências, como as físicas em relação à beleza. Claro, sendo um país desenvolvido, é normal ver a língua inglesa até pela globalização. Mas dentro dessa globalização vemos outro problema – a exclusão social. Podemos não perceber isso como no ocidente pensamos a exclusão do negro na indústria. Mas isso é um assunto delicado, no cinema, orientais são coadjuvantes em filmes de sua autoria. Na música, são sempre estereotipados, então é incrível experienciar essa inevitável presença dos coreanos no rap mundial. Finalmente, o que quero salientar nesse trabalho, é o fato de que mesmo a Indústria Cultural tendo mercantilizado os valores coreanos para fazer música e dinheiro com essa música; o mesmo fenômeno possibilitou todo um movimento que agora tem voz para causar rupturas à ordem social estabelecida de maneira dialética, através da criação de um novo imaginário na cabeça do coreano alienado de suas mazelas. E esse mesmo movimento, hoje pode auxiliar a criticar os mesmos valores transpostos que sempre foram prejudiciais como ganância, machismo e racismo, lembrando os fenômenos analisados nas letras das músicas de hip-hop coreano.

Referências
Fernando Bocchi é graduando em Ciências Sociais na Universidade Estadual de Maringá (UEM)
E-mail: bocchifernando01@gmail.com

ADORNO, T. (1985). A Dialética do Esclarecimento, Rio de Janeira: Zahar. (Original publicado em 1947)
HOBSBAWM, Eric. RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983
RUSSEL, Mark James. Pop goes Korea: behind the revolution in movies, music, and internet culture. USA: SBP, 2013
LINO, Clodoaldo Machado Fo. Cultura pop, globalização e Brasil. Rio de Janeiro: UFRJ/ECO/2002. Tese
CHILTON, P. Words, Discourse and Metaphors: the Meanings of Deter, Deterrent and Deterrence. Em: CHILTON, P. (Comp.), Language and the Nuclear Arms. Debate. Londres: Pinter, 1985, pp.103-127.
______. Politeness and Politics. Discourse and Society, n.1 (2), pp.201-224, 1990.
CHILTON, P. e SCHÄFFNER, C. Discurso y Política. Em: VAN DIJK, T.A. (Ed.), El discurso como interacción social Barcelona: Gedisa, 2001, pp.279-329.
______. Introduction: Themes and Principles in the Analysis of Political Discourse. In: CHILTON, P. and SCHÄFFNER, C. (Eds.). Politics as Text and Talk: Analytic Approaches to Political Discourse. Amsterdam: John Benjamins, 2002, pp.1-41.
PARDUE, D. Putting Mano to Music: the Mediation of Race in Brazilian Rap. Ethnomusicology Forum, n.13 (2), pp.253-286, 2004.
VAN DIJK, T.A. Politics, Ideology and Discourse. In: WODAK, R. (Ed.). Encyclopedia of Language and Linguistics. Barcelona: Universitat Pompeu Fabra, 2004, pp.728-740.

LINKS:
https://www.dailydot.com/upstream/amber-interview-kpop-fx/
https://www.nytimes.com/2018/07/01/opinion/south-korea-racism.html

42 comentários:

  1. Boa Tarde SILVEIRA, Fernando.

    Você menciona em seu artigo o apoio governamental da Coreia do Sul.

    Em sua pesquisa, você identificou traços de uma programática voltada a utilização do K-pop como uma política de solf power?

    Se sim, esse medida pode ser reproduzida por outros países, como por exemplo a China e/ou Brasil?

    Obrigado.
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    Daniel Nunes Ferreira Junior

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    1. Boa noite meu caro.
      Tive alguns problemas com a primeira resposta, e acabei perdendo-a, portanto wserei mais sucinto, se sobrar dúvidas, estarei contente em dialogar.

      O K-pop é, definitivamente um soft power coreano. Pelas últimas décadas, a Coreia tem dado entender que vem para rivalizar com as hegemonias ocidentais. No entanto, faltava à Coreia um instrumento que a desse protagonismo ideológico, e um conjunto de representações mais adequados ao que eles propunham. Como Hollywood, Abbey Road ou o prédio da Shonen Jump, Seul constantemente fabrica ídolos que tem a função de mostrá-la como um bom país para se investir, morar, e respeitar.

      Muitos países tem usado o soft power inteligentemente. Além dos já citados EUA, RU e Japão, podemos citar a Alemanha e seu cinema ousado mas que não cansa de ser bem recebido pela crítica, a Espanha e o futebol dos "melhores do mundo". No entanto, poucos países conseguem fazer isso bem. O Brasil, por todas suas contradições, e principalmente as de matriz ideológica econômica, tem um certo impedimento na criação de um soft power substancial. Mas a China, essa com certeza tem dever e capacidade de bater seus claquetes, afinar suas guitarras e pincelar nanquins em seus quadrinhos, até mesmo para rebater e possivelmente anular uma provável propaganda antichinesa que os EUA parecem estar tramando pros próximos anos.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  2. Olá Fernando. Excelente reflexão, parabéns!
    As canções estão inseridas dentro do âmbito social repleto de valores, identidade e significados que vão além de seu valor comercial. Para além da letras que compõe a ideologia de cada grupo, de que forma podemos relacionar o K-Pop na propagação das ideias e da cultura coreana para o mundo?

    Att,
    Leide Rodrigues dos Santos

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    1. Isso vai um pouco além da pesquisa, mas acredito que posso te responder, mesmo que grosseiramente. As canções de K-Pop em geral, não fogem do estilo lírico que nos propõe EUA e RU, mas claro, com algumas características específicas de sua cultura.

      O K-pop especialmente nos traz letras sobre festas, amor e namoro adolescente, banalizações de "carpe diem" e cenários parecidos. Pelo menos, nessa análise aonde não me atentei tanto à cultura Coreana como um todo, mas, mesmo assim, me parece que muitos valores tradicionais foram sobrepostos em prol do ganho econômico que o K-Pop trouxe, mas esse ganho econômico e representativo no Ocidental abriu espaços para o hip-hop coreano mostrar valores da rua, do povo e desses ídolos "fabricados"

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  3. Mauren Vieira Benincá1 de outubro de 2018 às 15:34

    Boa Tarde Fernando,

    em seu artigo você destaca as diversas vertentes formadora do K-pop e do Hip-hop coreano, desde como uma ferramenta de resistência até como uma ferramenta de auto-empoderamento. Eu tive a oportunidade de visitar a Coréia do Sul no ano passado, e pude perceber nas ruas, especialmente nos bairros jovens de Seul o poder de marketing que esse ídolos pop tem sobre a sociedade jovem em geral. O apelo a imagem perfeita (traços estéticos fundamentalmente) e as acadêmias de formação de boy e girls bands são pilares desse negócio bilionário que é o K-pop.

    O que entretanto me chama a atenção, é o fato de o K-pop e do Hip-Hop coreano ser praticamente ignorado nas rádios ocidentais, e ainda assim ser um dos conteúdos mais acessados no Brasil e nos EUA, sendo estes dois países as maiores bases fandom do K-pop fora da Coréia.

    Ao que você atribuiria essa resistência por parte das rádios ocidentais a vinculação do K-pop e do Hip-Hop coreano, já que em questões linguísticas já é utilizado o konglish e já é concreto a alta rentabilidade econômica da cultura pop coreana entre os jovens que idolatram o K-pop e seus representantes?

    Muito obrigada e parabéns pelo excelente artigo.

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    Mauren Vieira Benincá

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    1. Nos caberia pesquisar mais especificamente quais são as diretrizes dessas rádios e se existe uma porcentagem maior de rádios que não tocam em proporção com as que tocam. Mas aos meus ouvidos leigos, concordo com você Mauren, de que não se ouve essas músicas nas rádios. De cabeça consigo elencar algumas hipóteses:
      1º - O público alvo (jovens), hoje tem o YouTube, Spotify e uma série de outros dispositivos que facilitam ouvirem algo diferente daquilo que querem. Por isso, ficam as rádios para camadas mais humildes e antigas da sociedade, pessoas que não se interessam nem mesmo ao pop que cresceram ouvindo, ainda mais o de coreanos. Portanto, a resistência ao estilo sonoro e o preconceito racial e étnico seria uma das interrupções para os ouvintes das rádios.

      2º - Talvez seja de desinteresse dessas empresas manter suas músicas em rádios brasileiras, uma vez que o públivo-alvo brasileiro não ouve rádio.

      Mas isso vale uma pesquisa muito interessante acerca do tema! Obrigado pela pergunta

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  4. Adorei a matéria, mas me ficou uma dúvida: há uma diferença nas letras de hip hop de antigamente comparada com as letras de hip hop atualmente?

    Erika K. Takaqui
    Graduanda em História - Universidade Estadual de Maringá

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    1. Obrigado Erika. Olha, o recorte que me dispus até remonta ao passado, mas de maneira mais expositiva do que analítica, então, não consigo te responder isso com precisão, já que o meu recorte pega os últimos 10-8 anos. No entanto, de Tiger JK ao Keith Ape as mudanças que vemos são semelhantes àquelas dos EUA.
      90's: Letras sobre a realidade no gueto e a realidade racial que os escritores e rappers viviam.
      00's: Batalhas líricas. entre rappers para ocupar um espaço rentável.
      10's: Com vinte anos de estruturas semelhantes, novos movimentos começam a surgir e procuram atingir novos mercados conservando o suficiente para manter os que já tinham. Mumble rap vs Lyrical rap

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  5. Olá,
    Alguns coreanos como citado no seu texto são, racistas, somente ligados em dinheiro etc, esses ideais vistos seriam ocasionados pelo convívio social, ou pela influencia do capitalismo e da meritocracia nesta sociedade?

    Excelente artigo!!
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    Gabriela Cavalcante Vieira

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    1. Olá Gabriela, acredito que o capitalismo e a meritocracia aliados àquela filosofia da disciplina milenar que permeiam as relações dos povos originários da China produziram um fenômeno do paraíso méritocrata. Então sim, eu deixei bem claro (propositalmente) no texto que se você for rico e branco, não há problema em ser estrangeiro, mas um negro, ou negro pobre, ou outras minorias raciais (foque na palavra minoria), não são bem-vindos lá. Porque falei de minorias? Porque essas são assim devido à dominação europeia e as representações que a mesma fundou dentro da sociedade hegemônica, e isso passou também para o povo coreano que outrora também fora dominado.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  6. Prezado Fernando,

    É possível afirmar que o k-pop está assumindo um lugar na mídia ao nível de artistas pop norte-americanos? Sou professor do ensino básico e em todas as turmas encontro fãs (meninas). Até pouco tempo desconhecia esse gênero/tendência musical.

    Thiago Oliveira de Souza

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    1. Boa tarde Thiago. Bom, acredito que sim, mas devemos respeitar o tempo ainda, os artistas estadunidenses são a hegemonia do Pop, mas cada vez mais se parecem uns com os outros e a cartilha do pop se espalhou para outros países. O K-Pop se diferenciou por trazer um estilo autêntico, mesmo que respeitando a cartilha pop, mas com adições interessantes, principalmente no visual. Mas objetivando, eles estão assumindo, mas acredito que esse gerúndio se manterá por alguns anos ainda, um abraço.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  7. As agências de gestão de artistas na Coreia do Sul oferecem contratos vinculativos para potenciais artistas, na maioria da vezes em uma idade jovem. Este sistema de treinamento "robótico" é muitas vezes criticado pelos meios de comunicação ocidentais. As iniciativas governamentais para expandir a popularidade do K-pop, tem o objetivo de criar os centros mundiais de cultura coreana. Como você percebe isso?
    Thaís Carolline Alves da Silva

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. É claro que criticam, a mídia se faz como resistência muitas vezes, resistência à um poder coreano que ameaça a hegemonia ocidental. Mas acredito que sua pergunta seja mais explanativa do que uma pergunta mesmo. O que me resta é concordar com você, e contribuir no sentido em que, sim, é interessante para a Coreia do Sul ter centros culturais mundiais, como eu citei antes, sua própria Hollywood, Abbey Road ou Shonen Jump. E o trabalho analisa justamente isso quando fala dos padrões excêntricos à olhos etnocentricos.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  8. Como o K-pop ajuda na economia da koreia do Sul?

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Bom, uma pergunta bem objetiva mas com uma resposta complexa, a Coréia do Sul investe nesses grupos porque queriam criar um soft power que pudesse mostrar a Coréia para o mundo como um novo nplayer dentro da economia global. Além disso, esses grupos movimentam muito dinheiro, desde shows, exposição de marca, venda de produtos licenciados e até mesmo os impostos que esses novos ricos pagam ao Estado coreano. Há uma série de fatores também que contribuem para o interesse da Coréia do Sul em financiar esses grupos, mas em geral, se baseia em soft power, visibilidade e um novo ciclo de circulação de moeda.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  9. A Coreia do sul ela é um país bem conservador. Como por exemplo um "idolo" coreano chamado Holland que nesse ano saiu uma musica dele, chamada Neverland, como no clip da musica dele, onde nesse clip ele estavá revelando ser homosexual, nesse vídeo ele também mostrou um beijo dele com um homem seu vídeo teve em menos 24 horas mais de um milhão de visualizações. O resumo do vídeo é sobre os problemas de uma pessoa se assumir gay,desejando ir para a " terra do nunca" com seu namorado. O youtube desde as primeiras horas do lançamento do video classificou ele como para maiores de 19 anos , por causa da parte do beijo, por motivo deles acharem que isso seria uma influência negativa para os jovens.
    Eu queria que vc assistisse( Holland neverland) o video e compare com clips de outros cantores brasileiros e falar qual dos clips influêcia mais as pessoas(menores de 19 anos)?
    Vc acha que o k-pop pode trazer influências aos adolescentes pelo fato dele ser uma febre entre os adolescentes?

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    1. Olha Larissa. O clipe é muito interessante, poderia ter analisado ele também, mas a questão central é sobre a influência desse tipo de música nos jovens. Com a Ordem do Discurso de Foucault ou o Orientalismo de Edward Said, nós conseguimos analisar o que é a teoria das representaqções: Ideias criadas em prol de convencer as pessoas sobre algo... Há alguns anos, os jovens de menos de 19 anos nãso tinham contato com esse tipo de clipe musical no mainstream. Hoje, isso acontece, então criam-se representações de que está tudo bem em ídolos serem gays e beijar seus namorados sem ser polêmicos, mas com isso, também fortalece o recrudescimento, o tradicionalismo que não concorda com o que está vendo e forja uma identidade anti-gay, e é o fenômeno que vemos hoje no Brasil por exemplo. Não é possível saber qual tipo de clipe influencia mais as pessoas, porque todos tem os seus conjuntos de representações e objetivos mercadológicos ou filosóficos.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  10. Boa noite,

    Observando o país é possível ver um claro padrão visual na população, na qual o alternativo não é bem visto. Nesse ponto não me ficou claro a participação governamental de apoio, uma vez que os (as) cantores (as) aparecem por exemplo com o cabelo colorido, o que não reforça o padrão estabelecido. Qual é o papel do governo nessa questão?

    Eduardo de Moraes Faria
    Graduando na Universidade Estadual de Maringá

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    1. Opa Eduardo. É difícil analisarmos esse tipo de situação, porque a Coreia é muito tradicional, ao mesmo tempo em que o K-Pop é muito importante economicamente e aí entramos naquela dicotomia que o mundo tme visto há alguns anos... Tradição ou Dinheiro?
      Não se da para viver sem um deles, mas sem tradição é difícil se reconhecer em identidade e sem identidade não há a união necessária para fazer um páis crescer e se manter. O governo nesse caso tem o papel de manter o euilíbrio, sem interferir no gosto pessoal, mas financiando esses grupos que são exemplos para os jovens coreanos.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  11. Olá Fernando..
    Primeiramente gostaria de lhe dizer que adorei seu trabalho e acho muito pertinente as questões discutidas, ainda mais para quem gosta da cultura coreana e quer entender um pouco mais como funciona esse sistema..
    Minha questão é a seguinte, como o K-pop é um estilo artístico que inclui outros estilos, como você citou o Hip Hop, o Rock, etc., em suas pesquisas você se deparou com algum tipo de preconceito desses estilos separados para com o K-pop? Porque já cheguei a ver uma discussão de um grupo de Hip Hop 'raiz' coreano dizendo que o que os artistas do K-pop faziam não era o 'verdadeiro' rap. Você acha que por haver essa junção de estilos musicais no K-pop fortalece as bases e o conhecimento desses estilos separados ou acaba enfraquecendo, no sentido de 'ofuscar' as verdadeiras características do estilo?

    Outra questão que gostaria de saber sua opinião, é sobre a caracterização dos raps dentro do K-pop. Porque, por exemplo, na questão do Hip Hop como você citou, existe toda a problemática de uma minoria que luta por seu lugar na sociedade através da arte e das letras de rap carregadas de críticas. E como os grupos de K-pop tem uma construção totalmente diferente, você acha que os raps deles descaraterizam o que seria um 'rap raiz' ou que pertença a esses grupos minorias? Ou a relação da formação deles não influencia nessa questão, já que eles muitas vezes discutem e criticam o sistema ao qual pertencem da mesma forma?

    Desculpe se foram tantas peguntas de uma só vez..
    Parabéns pelo seu trabalho..
    Jienefer Daiane Marek

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    1. Olá Jienefer, obrigado pelas palavras! Sua(s) pergunta(s) são interessantes...
      Há com certeza um preconceito do hip hop "raíz" para o K-Pop, e esse trabalho foi feito com o intuito de mostrar que ambos se complementam em prol do povo coreano, e por que não da humanidade em geral? Pelo menos dentro da sociedade capitalista eurocêntrica.
      A segunda pergunta é mais complicada, por ua subjetividade, acho que os dois acontecem ao mesmo tempo... O K-Pop consegue se fundamentar como estilo único e próprio e se faz assim ao ioncorporar tantos elementos, e esses elementos se perdem em um olhar não analista. Mas acredito que isso é o que faz todos estilos de música, cinematografia, literatura e até mesmo filosofia. Então fico em defesa do K-Pop como estilo singular e de qualidade inerente.

      Olha, os grupos de K-Pop são extensos e cantores de rap raíz as vezes se misturam entre eles, que é o que chamo de efeito Eminem, então as vezes as linhas ficam borradas nesse sentido. Em sua maioria, os ghrupos de K-Pop não usam muito de letras críticas, mas não estão isentos disso também, é difícil ver esse tipo de letras em um single, mas na totalidade dos álbuns é sempre possível encontrar algo.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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    2. Gratidão por suas respostas Fernando.
      Por mais que eu adore o Hip Hop, e principalmente os Raps pelas criticas sociais e tudo mais, eu também vejo o estilo musical/ artístico do K-pop como algo interessante de analisar, porque eles tem a capacidade de reunir elementos diversos e combiná-los de forma que não parece algo sem noção artística, muito pelo contrário, acho que as produções deles renderiam ótimas análises.

      Sucesso em suas pesquisas..
      Jienefer Daiane Marek.

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  12. Olá, Boa tarde
    Excelente texto.
    Eu partuparticularmente gosto muito de k-pop e de cultural coreana em geral. Em muitos grupos de K-pop é comum ter hip-hop e, mesmo sendo diferente do hip-hop underground, também fazer críticas à sociedade. Como exemplo o grupo B.A.P.
    A música Sul coreana em geral, infelizmente, ainda sobre preconceito aqui no Brasil. O que acha dessa xenofobia?
    Em quem os rappers Undergrounds costumam se inspirar?


    Lorenna Fernandes Briglia Matos

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    1. A xenofobia é o "mal" que o K-pop confronta, por sua rentrabilidade, abre espaços na cabeça dos ocidentais, e o hip-hop coreano é quewm ativamente critica essa xenofobia e o que quiser também. Mas claro, há sim grupos de K-Pop que critiquem isso também, e é daí que vem o título do artigo.

      Os rappers undergrounds tem muita influência do rap estadunidense, mas eles tem sua língua, seu jeito e o suficiente para se diferenciar, no entanto, respeitam a cartilha padrão do hip-hop.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  13. Prezado Fernando,
    o assunto tratado é interessantíssimo e me gerou duas dúvidas.
    Minha primeira dúvida é se seria possível fazer um paralelo entre o caso do K-Pop que atualmente tem fama mundial com o da cantora Anitta, por exemplo. Logo no início, é citado o fato de o K-Pop possuir suas particularidades coreanas e ao mesmo tempo integrar aspectos do pop ocidental, mais precisamente estadunidense e isso me lembrou do caso da cantora brasileira que está ganhando terreno internacional associando o nosso funk com aspectos do pop norte-americano.
    Minha segunda dúvida é se, na sua opinião, essa integração de aspectos da cultura pop dominante foi essencial para todo o sucesso do K-Pop. Em outras palavras, você acredita que seria possível que o Pop Coreano chegasse onde chegou caso não houvesse essa incorporação de elementos do Pop estadunidense?
    Grata,
    Fabiana Costa Biscácio

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    1. Ótima pergunta Fabiana. Sim, é possível fazer um paralelo, a Anitta com o Checkmate, incorporou elementos de reggateon e pop estadunidense em suas músicas, lançando uma por vez, gerando empolgação e reunindo um séquito de fãs, tudo isso para fechar com "Vai Malandra", uma música brasileira, com a realidade brasileira, mostrando a beleza naquilo que é representado como feio.
      O K-Pop com certeza consegue chegar aos nossos ouvidos por ser diferente mas palatável, algo que estamos acostumados a ouvir e ao mesmo tmepo algo que nunca ouvimos, e a arte hoje em dia para ter sucesso necessita disso... Ser algo que as pessoas nunca leram/ouviram/viram e ao mesmo tempo algo que elas estão acostumadas a consumir.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  14. O k-pop virou uma espécie de mercadoria já que é uma febre entre os jovens?
    Larissa da Silva Batista

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    1. Sim Larissa. O K-pop é uma mercadoria desde sua gênese, e após os jovens mostrarem grande interesse na mesma, ela passou a vender mais.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  15. Boa noite Fernando,parabéns pelo artigo.

    Vejo pelo seu texto e análise das letras que há uma possibilidade do uso do K-Pop em sala de aula. Tendo em vista principalmente o grande número de adolescentes que ouvem este estilo.

    Você é professor? Se sim, já utilizou o K-Pop em sala? E qual foi o resultado?
    Caso não seja professor qual seria, na sua opinião, a melhor forma de trabalhar o K-Pop em sala?


    Ass: Karina Honorio de Almeida

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    1. Obrigado Karina.
      Já fui professor (mas de artes marciais e inglês, ainda não tive a oportunidade da sociologia), nunca usei o K-Pop em sala, mas acredito que a melhor forma é colocar as músicas, deixar os alunos ouvirem e se divertirem e depois pedir para eles analisarem, um por um e oralmente o que dizem as letras.
      Tudo isso para dar uma moral para a história - Voce pode aprender a ser uma pessoa melhor e tornar o mundo melhor enquanto se diverte, e produz diversão.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  16. Super interessante esse seu artigo, principalmente a respeito do reflexo que os artista do hip hop coreano se encontram.Ainda sobre o texto, A Xenofobia ligada a comunidade asiatica pode ser ligada aos estrangeiros que estão na coreia? Você acha que o k-hip-hop é tanto conhecido nesse meio da onda hallyu? Acho super interessante a letras dos artistas no meio artistico pelas sua resistências em uma sociedade rascista, pergunto pois acho que não venha tanta força como o kpop em si, como por exemplo o BTS, limitado ao um numero populoso de jovens não criticos.
    Hirma de Lucena Oliveira

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    1. Acho que são maneiras diferentes de xenofobia. Uma de um povo magoado e receoso com o que vem de fora porque lá fora são vistos como coadjuvantes e etc... O hip-hop coreano ainda está em um nível quase underground, tem mais visibilidade, mas ainda não é um dos queridinhos da Hallyu. Mas como já foi debatido em outras perguntas, o K-Pop não está isento de suas letras conscientes e críticas.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  17. Este comentário foi removido pelo autor.

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  18. Boa tarde, caro Fernando
    A Coreia conseguiu produzir um soft power, como o k-pop, porque conseguiu se tornar uma potência forte na Ásia. Qual modelo econômico fez a Coreia se tornar uma potência: o liberalismo econômico ou o nacional-desenvolvimentismo?
    Desde já grato!
    Lúcio Nogueira

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    1. Com certeza o Nacional-desenvolvimentismo em primeiro lugar. Nos anos 90 a Samsung exportava peixes, e o incentivo do Estado a transformou no que é hoje. Podemos ver algumas políticas liberais ganhando força na Coréia, mas ouso a dizer sem medo que só serão passíveis de sucesso por conta da base conquistada nos últimos vintes anos com o Nacional-desenvolvimentismo.

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      Fernando Augusto Bocchi Silveira

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  20. Boa noite, Fernando!
    Como você está fazendo análise das letras das músicas, de onde você pega as traduções? Você domina o idioma?
    Obrigada,
    Yara Fernanda Chimite

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  21. Boa noite Fernando. Faço licenciatura em História e tenho uma filha adolescente. Percebo por ela e pelos seus amigos que o K-pop está agradando e influenciando muito os adolescentes. No próximo ano começa o período de estágios e gostaria de saber a sua opinião sobre como levar esse segmento musical como forma de ensino. Quais conteúdos eu poderia trabalhar ?
    Obrigada.

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  22. O autor afirma que o k-pop é oriundo de uma cultura SEMPRE estereotipada e orientalizada, mas qual o conceito de estereótipo e orientalização usados para esta frase tão categórica? Afinal, o k-pop tem suas origens em momentos e contextos diferentes da Coreia do Sul. Também senti falta da menção ao trot, um dos gêneros pioneiros do pop sul-coreano e que influenciou e influencia as produções musicais contemporâneas.

    Grata.

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