Daniel Nunes Ferreira Junior

SEGUNDO MAHAN, A CHINA TEM O QUE É NECESSÁRIO PARA SER A POTÊNCIA MARÍTIMA HEGEMÔNICA?

Alfred Thayer Mahan é um dos maiores estrategistas estadunidense do século XIX, seus escritos guiaram a primeira expansão imperial dos Estados Unidos, criando uma espécie de “guia para se tornar a potência hegemônica”. Como um bom clássico, suas obras não param de dialogar com a contemporaneidade, a proposta desse artigo é investigar se a China possui sincronia com os três motores e os seis combustíveis necessárias para dominar os mares,seguindo os pressupostos de Mahan.

Vantagens da soberania marítima
Antes de investigar as possibilidades chinesas, devemos identificar, de forma geral, quais são as vantagens práticas de tornar-se a maior potência marítima.

Uma nação que obtém a soberania nos mares teria um crescimento econômico e social saudável e duradouro. A prosperidade dessa nação viria, principalmente, do comércio marítimo. MAHAN (1890 p. 4). Essa perspectiva ainda se mantém, a grande maioria dos países ricos e desenvolvidos fazem um consistente comércio internacional, sua perspectiva é ainda mais acertada quando identificamos que, a maior parte desse comércio é realizada pelos modais marítimos.

Se espera, como potência marítima, um elevado fluxo comercial.Sendo assim, a defesa das rotas que abastecem esse fluxo é de primeira importância para a prosperidade da nação. Podemos identificar esse padrão quando observamos que, a maior potência mundial –Estados Unidos- possuem 6 frotas posicionadas em regiões estratégicas, aptas a defender seus interesses político-econômicos.

(Imagem 1) Zonas de atividade das frotas da marinha dos Estados Unidos
https://geopoliticadopetroleo.wordpress.com/2010/11/03/estados-unidos-e-otan-pretendem-redelimitar-o-atlantico-em-projeto-que-pode-ameacar-o-brasil/

A supremacia marítima, assegura uma paz duradoura, pragmaticamente, entrar em guerra com uma nação que pode destruir suas rotas comerciais e sufocar sua economia não é aconselhado. Mahan identificou que além da maritimidade manter a paz e a prosperidade, ela também é uma ferramenta de guerra notável.Em um cenário belicoso, aquele que possuir a superioridade marítima terá uma larga vantagem (MAHAN 1890, p. 32). A história vem nos demonstrado que Mahan estava, e ainda está correto. A possibilidade de agredir a logística inimiga, assim como destruir suas rotas comercias, a realização de embargos e bloqueios, gera um sufocamento econômico e social difícil de se reverter, deixando claro as vantagens militares da supremacia marítima.

Os motores do desenvolvimento 
Para essa análise podemos dizer que, “antes de ser marítima tem de ser potência”. O primeiro motor de uma potência é sua produção.A produção seria tudo aqui que gera riqueza, valor e que pode e deve ser trocado com outras nações (MAHAN 1890 p. 50). Nesse aspecto não há dúvidas em afirmar que a China é um dos países que possuem esse motor melhor desenvolvido. Para termos uma perspectiva, segundo o FACTBOOK da CIA, o pais que mais exportou no ano de 2017 foi a China.

O outro motor é o transporte marítimo. Uma nação não deve ceder o transporte de suas mercadorias e seus bens a outro Estado, isso afetaria a segurança e o diminuiria o lucro dos produtos (MAHAN 1890 p. 50). Tal fator é tão importante que, os atos de navegações de 1651, feito pela Inglaterra, foi pedra angular para o desenvolvimento de sua hegemonia marítima (MAHAN 1890 p. 74). Nesse aspecto a China também está bem posicionada, ela possui a 4 maior marinha mercante do mundo, segundo o FACTBOOK da Cia.

O último motor são as colônias. As colônias cumpririam três funções principais. I – Ser um posto de abastecimento em posição estratégica. II -  Auxiliar na defesa das rotas comerciais. III – Ser um mercado privilegiado (MAHAN 1890 p. 50). Sendo assim, são esses três pontos que devemos buscar em nossa contemporaneidade. Partindo desse pressuposto, os Estados Unidos possuem de longe o maior número de “colônias”. Porém a China vem expandindo as suas, a One Belt One Road é a iniciativa que representa essa expansão. Possuindo dois braços, um terrestre e um marítimo, seus objetivos são o fortalecimento e criação de ricas rotas comercias, através de corredores econômico e de infraestrutura, a criação de mercados privilegiados, principalmente para Pequim. Não podemos esquecer também, da construção de diversos portos que servirão de apoio para as novas rotas comerciais. Paralelo a isso, a China também expande suas bases marítimas pelo mundo. Não se pode afirmar se alguma delas pode se tornar uma base militar, mas essa possibilidade cresce a medida que a influência chinesa progride.

(Imagem 2) Regiões que possuem influência direta, até portos que são bases avançados chinesas.
https://ig.ft.com/sites/china-ports/

Os combustíveis da maritimidade
Diversos Países buscaram ou ainda buscam ser uma potência marítima, mas o desejo e o planejamento não bastam. Para Mahan o que define o piso e o teto desse desenvolvimento muitas vezes fogem ao planejamento, são fatores físicos, sociais e culturais (MAHAN 1890 p. 50).

1.Posição Geográfica. 
Talvez seja uma das mais importantes características. Fatores como; se o Estado tem acesso direto e livre ao mar, ou seja, se não tem de passar por águas das quais ele não domina para chegar aos oceanos (MAHAN, 1890 p. 51, 53). Já nesse primeiro aspecto a China possui problemas. A transição do mar amarelo para o oceano Pacífico é sem dúvidas uma zona hostil a Pequim, da ponta da Coreia do Sul, até as Filipinas, um “cordão sanitário” de aliados dos Estados Unidos, quando não, bases Estadunidenses. Nesse cenário, a “salvação” de Pequim é Taiwan, a “ilha rebelde” seria um furo no “cordão sanitário”. Sabendo disso, a China acentua sua política de cooptar aliados de “sua vítima” em uma velocidade espantosa, só nesse ano foram três, no momento que nenhum país mais a reconhecer, ela –Taiwan- não terá outra opção a não ser a natural anexação pela China. Com essa aquisição que –provavelmente- não acontecerá na próxima década-um dos problemas estaria resolvido, mas ainda há outros.

(Imagem 3) O “cordão sanitário” criado pelos Estados Unidos.
https://worldview.stratfor.com/article/china-sub-fleet-grows-still-us-wake

Uma vantagem da China são suas fronteiras terrestres, elas estão em relativa estabilidade, protegidas por acidentes geográficos –Himalaias- e por um deserto –Gobi-, com vizinhos amistosos –Rússia e Coreia do Norte- ou vizinhos muito pouco perigosos. Todavia no que diz respeito as fronteiras marítimas, a China não possui facilidades. Como dito anteriormente, está de frente para um cordão sanitário. Com esse cenário estabelecido, voltou suas forças para outra região importante. Pequim está em assertiva expansão no Mar do Sul da China, porém apesar de algumas batalhas vencidas, há muitas incertezas no futuro. Acredita-se que a expansão chinesa nesse mar só vai se acentuar, é difícil cravar quem estará em vantagem “nas próximas rodadas”, fato é que Pequim já possui uma forte posição, a construção de ilhas, e o domínio físico de regiões mais profundas do M.S.C. é sem dúvidas significativo.O avanço chinês nessa região pode ser muito bem racionalizado se pensarmos pelos pressupostos já apresentados por Mahan, principalmente a defesa de suas rotas comerciais, sem contar que é uma região rica em recursos naturais.  Todavia não se pode esquecer do esvaziamento diplomático de Washington na região, que sem obviamente colaborou dando uma oportunidade para a expansão rival.  (MAHAN 1890 p. 51, 53).

(Imagem 4) Zona do marítima reclamada pela China
https://edition.cnn.com/2017/12/05/asia/australia-us-china-relationship-intl/index.html

Um prisma de grande importância é a influência ou a presença em zonas de elevada gravidade comercial, ou seja, locais estratégicos do trafego econômico, seja estratégico pois a região possui materiais de alto valor –petróleo é o maior exemplo-, ou em locais em que a quantidade gera esse valor,os canais do Panamá e de Suez são bons exemplos. Nesse sentido, nenhum país do mundo possui essa característica tão acentuada quanto os Estados Unidos, o que faz todo sentido geopolítico, uma vez que Washington é o único império global no momento. Todavia essa presença vem a tempos sendo contestas, a despeito disso, a China está –como já dito anteriormente- em franca expansão (vale observar novamente a imagem 2 e 4). Os principais exemplos são;Djibuti onde a China inaugurou sua primeira base militar ultramarina, cuja escolha se deve especialmente por sua posição geográfica, localizado nas margens do Golfo do Éden, local onde se trafega grande parte do mercado mundial de petróleo. E o Mar do Sul da China, que por si só possui um fluxo comercial elevado, recursos naturais valiosos, e uma posição estratégica de alto valor, mas também está próxima ao Estreito de Malaca. Geopoliticamente, esse estreito possui importância singular, ele une o fluxo comercial da China do restante da Ásia, do Oriente Médio, e da África.Influenciar essa região através do M.S.C é um grande aditivo na arquitetura geopolítica da Chinesa.(MAHAN 1890 p. 53).

(Imagem 5) Fluxo de embarcações no Estreito de Malaca
http://www.shiptraffic.net/2001/04/Malacca-Strait-Ship-Traffic.html

2.Conformação física da costa
A costa de um país, é, na maioria das vezes, a fronteira onde ele irá interagir com o mundo de forma mais intensa.Há alguns fatores de propriedade física-geográfica que se acentua na discussão. A fronteira marítima deve estar, na medida das possibilidades, ricamente fertilizada de portos, seja uma riqueza quantitativa, seja qualitativa, pois sem portos, não há marinha nem comércio, muito menos potência naval. Com essa concepção que olhamos para China, um país que possui alguns dos maiores e melhores portos do mundo.Nesse sentido, é razoável afirmar Pequim não possui problemas com a conformação física de sua costa, muito pelo contrário (MAHAN 1890 p. 53).

10. Porto Qinhuangdao – China
9. Tianjin – China
8. Ningbo-Zhoushan – China
7. Qingdao – China
6. Busan – Coréia do Sul
5. Rotterdam – Holanda
4. Guangzhau – China
3. Hong Kong – Hong Kong
2. Cingapura – Cingapura
1. Shanghai – China
Fonte: https://top10mais.org/top-10-maiores-portos-do-mundo/

3.Extensão territorial
Mahan é bem direto nesse tópico, ressalta a importância da existência de portos na costa como foi analisado no tópico anterior (rever imagem 6), e acentua que, não basta ter uma vasta fronteira marítima, se ela não for ocupada uma vantagem se torna desvantagem (MAHAN 1890 p. 61).

4.População
Evidenciamos na análise dessa característica os fatores mais relevantes, assim como no tópico três, não são o tamanho total, nesse caso de habitantes –mas no tópico três de território-, mas sim, aquela parcela que possui interação direta com o mar. Para fazermos uma análise mais direta podemos recorrer ao que já foi dito, (ver imagem 6) a China possui uma das maiores marinhas mercantes, e os maiores portos do mundo. Dito isso, é racional afirmar que o número de pessoas que possuem interação direta com o mar é o suficiente para os planos chineses, sem contar que grande parcela da população chinesa mora próxima ao mar.

(Imagem 7) Mapa demográfico da China.
https://www.beijingcitylab.com/projects-1/4-population-china/

5.Caráter Nacional
Sem dúvidas, essa é a análise mais problemática, mas se identificarmos as capacidades levantadas por Mahan, elas giram entorno da produção de valores e a capacidade de fazer comércio, quase como se o caráter nacional de um país fosse na prática um “caráter produtivo e comercial da nação”. (MAHAN 1890 p. 66, 68). Partindo desse pressuposto, o caráter nacional que buscaremos é a capacidade de comercializar, uma vez que a capacidade de produzir já foi abordada como primeiro motor.
Segundo a OMC, a China foi o país que mais fez comércio no mundo, nesse sentido, me parece que o “caráter” chinês está muito bem desenvolvido, então retomando a perspectiva de Mahan, não há contestação aparente quando fazemos essa afirmação.

6.Caráter do governo
O caráter governamental é um dos mais importantes fatores quando se fala das perspectivas marítimas de uma nação, podendo definir o fracasso ou o sucesso de uma potência. Mahan nos alerta que as ações práticas valem mais do que a retórica, e que democracias lentas costumam a ter desvantagens para com “déspotas esclarecidos”(MAHAN 1890 p. 72, 74), entretanto déspotas podem não ser esclarecidos e não serem substituídos, tendo na democracia soluções mais ágeis para esses problemas.

Levando nossa discussão para China, ela possui um caráter governamental interessante. Sem julgamento de valor, ela possui uma espécie de déspota esclarecido, que se não for tão esclarecido quanto o necessário é retirado nas próximas eleições -limitadas-. Mas fato é, que as ações governamentais Chinesas foram as que a transformaram-na em potência, e são as mesmas ações que estão colocando em cheque a supremacia Estadunidense.

A iniciativa onebelt oneroad é um dos projetos mais ambiciosos que um Estado já propos, ele tem dois braços de ações, um terrestre, e um marítimo. Seu objetivo é acentuar a reestruturação de um regime sinocentrico, auxiliado por outras organizações multilaterais, como o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura por exemplo. Em resumo, fica evidente que esse projeto de infraestrutura será crucial para o crescimento do poder e da influência global da China. Nesse sentido a Onebelt oneroad deverá representar, simbolicamente, a criação de uma nova Roma. (PAUTASSO, 2017). Se antes, todos os caminhos levavam a Roma, agora levarão a Pequim.

Por fim, me parece que o caráter governamental chinês está bem alinhado com as expectativas que uma potência deve ter segundo os pressupostos de Mahan. Contudo, após analisar de forma específica, cada motor, e cada “combustível” –ou potencialidade- de Pequim, precisamos observar como um todo.

Conclusão
Analisando de forma ampla, a China possui dois dos seus motores bem estabelecidos, com os combustíveis em sua maioria também em bom nível. Mas há algumas ressalvas, o cordão sanitário estabelecido pelos Estados Unidos é uma barreira problemática no desenvolvimento da maritimidade chinesa, essa questão tem de ser resolvida o mais cedo possível, outra problemática é a falta de “colônias” que a Pequim dispõe, apesar de já haver planos palpáveis de solução, não se sabe ao certo em quanto tempo eles serão realizáveis. Novas investidas no continente Africano parecem ser o uma dessas solução, todavia ainda não sabemos como será a reação, logo, afirmar que essa investida seria a solução, é uma posição precipitada. Ademais não me parece que a curto prazo alguém irá retirar a hegemonia estadunidense no mar, porém se há alguma nação que pode iniciar esse desafio é a China, pois ela tem o que é necessário para ser uma potência marítima hegemônica, resta saber se essa possibilidade hegemônica se tornará em realidade palpável, bem, mas essa pergunta não serei eu que responderei.

Referências
Daniel Nunes Ferreira Junior é graduando em história pela Universidade Estadual de Maringá (UEM) e pesquisador do Laboratório do Tempo Presente (LabTempo).
Orientador: Dr. João Fábio Bertonha

Fonte
MAHAN, Alfred Thayer.The influence of Sea Power upon History, 1660-1783. Boston: Little, Brown andCompany, 1890.

Bibliografia
PAUTASSO, D.; UNGARETTI, C. R. A Nova Rota da Seda e a recriação do sistema sinocêntrico. Estudos Internacionais, p. 25–44, 2017.

Bibliografia digital
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2108rank.html
https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2078rank.html
https://www.wto.org/english/res_e/statis_e/wts2018_e/wts2018chapter05_e.pdf

Imagens:
http://www.shiptraffic.net/2001/04/Malacca-Strait-Ship-Traffic.html
https://edition.cnn.com/2017/12/05/asia/australia-us-china-relationship-intl/index.html
https://geopoliticadopetroleo.wordpress.com/2010/11/03/estados-unidos-e-otan-pretendem-redelimitar-o-atlantico-em-projeto-que-pode-ameacar-o-brasil/
https://ig.ft.com/sites/china-ports/
https://top10mais.org/top-10-maiores-portos-do-mundo/
https://worldview.stratfor.com/article/china-sub-fleet-grows-still-us-wake
https://www.beijingcitylab.com/projects-1/4-population-china/

7 comentários:

  1. Boa noite, historiador Daniel.
    Você afirmou que um dos pontos frágeis da expansão Chinesa é a falta de colônias, e que para suprir tal ponto, ela estaria entrando em território Africano. Tal entrada poderia ser comparada a partilha da áfrica, feita pelas potências europeias em 1885, durante as várias conferências de Berlim ou o modelo de imperialização é diferente? Se for diferente explique de que forma e em quais pontos.

    Lucas Pereira Arruda

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    1. Boa Noite.

      Ótima Pergunta caro Arruda.

      O modelo de imperialismo chinês é sem dúvida diferente.

      1- Ela não pretende dividir a África, a não ser com as próprias lideranças africanas.

      2- A China prioriza investimentos diretos, ou seja, compram gigantescas parcelas de terras que fornecem os produtos necessário para a "metrópole", geralmente empregando mão de obra própria, a não ser quando a mecanização é possível. Outro modo de investimento direto é financiar infraestrutura que irá auxiliar o escoamento dos produtos para a China. Esse modelo permite que o investimento seja feito somente onde trará uma vantagem clara para Pequim.

      3-Dominação Política. A China busca, na medida do possível, manter a estabilidade com seus aliados. Fornecendo até tecnologia mapeamento cidadão, como se fosse um monitoramento do Big Brother (1984).

      4- Fornecimento de Empréstimos. A China forneceu um montante significativo de empréstimos a vários países, entre eles, diversos da África. Porém, por sofrer críticas de estar criando uma dependência pelas dívidas, ela modificou essa posição, incrivelmente (ou não) perdoou várias, e renegociou outras. Mas tudo isso para demonstrar que é uma potência mais amigável do que a Estadunidense. Novamente, esse medida permitiu com que os Chineses não fossem vistos como Dragões famintos pelos lucro (soft power), mas bom parceiros para se negociar.

      5- Outra diferença, é a criação de uma nova ordem mundial. Xi Jinping rodou pela África toda fechando acordos, mas o que passou desapercebido pela mídia, foram as reuniões futuras. Xi estabeleceu na prática, um BRICS+, esse "+" seria composto fortemente por países Africanos, que se ocupariam a fornecer as matérias primas, enquanto as vogais e as consoantes forneceriam uma profunda rede de infraestrutura que conectaria a áfrica toda, mas esses são planos futuros, nada ainda de concreto.

      Arruda peço desculpas se não respondi de forma rasteira, é que nem 1885 nem o imperialismo na África atual entraram na minha pesquisa, apesar de ler lateralmente, principalmente o segundo.

      Agradeço a pergunto e lhe convido se sobrar mais dúvidas a mandar um e-mail.

      Novamente Obrigado.

      ----


      Daniel Nunes Ferreira Junior

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  2. Boa noite Daniel,
    Gostei do seu texto. Obrigada por partilhar.
    Gostaria que comentasse se considera importante a ascensão chinesa como potência marítima para ajudar na sua política de diversificação de parcerias estratégicas e como é potencialmente importante para as disputas no mar do sul. Obrigada!

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    Respostas
    1. Boa Noite Daniele. Obrigado pelo elogio.

      Adorei a pergunta.

      A China acumula um colar pérolas diplomáticas de grande valor.

      Mas uma potência na nossa atualidade se mantém consolidada em três pilares, Ideológico, Econômico e o Militar. Temos visto exemplos de como essas bases são importantes. E a falta de um deles, abra brechas para um ataque. Por exemplo, a Síria, Líbia e Iraque virou as costas para Washington, mas era vulnerável economicamente, mas principalmente em aspectos militares, e a única dessas que foi "salva" foi a Síria, pois possuía um aliado que a garantia militarmente.

      Retomemos a Pequim. Economicamente a China é interdependente dos Estados Unidos, sendo assim, qualquer ataque mais duradoura a economia chinesa, afetará os Estados Unidos, e eles já começaram a sentir isso. Sendo assim, nas questões econômicas a China sustenta qualquer aliado, uma vez que ela mesmo é blindada, visto o Irã, que foi jogado no cola da China pelos E.U. Ideologicamente, ela ainda é incipiente, mas vem em expansão franca, apesar de quando necessário, elas "compra" soft power, com seu hard power.

      Agora FINALMENTE RESPONDENDO SUA PERGUNTA.

      Militarmente, a China está no estágio transitório de segurança fronteiriça para projeção de força. Nesse prisma, uma rígida e extensa musculatura militar é necessária, para pressionar rivais, assegurar aliados, ou manter interesses, da mesma forma que Moscou fez com Geórgia (pressionar OTAN), Síria (Manter governo aliado), Ucrânia (manter base de Sevastopol e novamente afastar OTAN).

      Por enquanto, a China está "comprando" seus aliados, mas Pequim sabe como Maquiavel sabia que "Seus aliados comprados, são aliados do dinheiro, e não 'seus'". Com isso em mente Pequim sabe que tem de estar apta a intervir assim que necessário. E o Mar do Sul da China é o maior teatro onde essa estufa geopolítica esta se desenvolvendo. Vietnã, Tailândia, Mianmar estão cada vez mais próximas a Pequim, no que tange ao claim da China sobre o Mar do Sul, o Vietnã é importantíssimo, mas não insubstituível. Com a construção de ilhas, a China consegue impor suas bases militares sem que as outras nações possam fazer nada, mas para essa expansão territorial continue avançando, eles precisam, invariavelmente, garantir a segurança desses canteiros de obras, sendo assim, para que nenhum "acidente" ocorra, uma força marítima de grande poderia é fator sine qua non na disputa do Mar do Sul da China.
      Assim como na garantia da segurança parceiros estratégicos, para que "acidentes" não aconteçam com seus governos.

      Daniele, sua pergunta foi muito instigante e inteligente, não consegui dar uma resposta "básica", desculpe se me passei do ponto, mas acentuei onde começo de fato a te responder. Convido você a me mandar e-mail caso outras questões geopolíticas se levantem. Obrigado pela Pergunta.

      ---

      Daniel Nunes Ferreira Junior

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    2. Boa tarde Daniel, obrigada pela resposta e sucesso na tua pesquisa!

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  3. Prezado Daniel,
    Se a China se tornar a maior potência do mundo, como apontam alguns analistas, qual modelo será exportado para o resto do mundo que se alinhar a ela: o socialismo de mercado ou o capitalismo de estado?

    Wellington Nunes

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  4. Wellington, sua pergunta é inteligentíssima, e ao mesmo tempo possui o potencial de dividir famílias envolto a esse debate.

    A pensadores sérios, que ainda hoje debatem qual o modelo a China se encontra, mais conflituoso é o modelo que ela vai exportar.

    Para poder te responder de forma minimamente embasada vou me permitir fugir da dualidade imposta, espero que me perdoe.

    Um Modelo político de baixo nível democrático, com centralização das decisões, assim como um alto monitoramento das ações dos cidadãos, seja no mundo virtual, seja fora dele.

    No campo econômico, acredito quem um modelo capitalista onde as forças do mercado sejam "vassalizadas", seria o objetivo final.

    Mas inicialmente, o campo de ação das forças do mercado seria bem largo, o que acarretaria em uma difícil ou improvável transição.

    Talvez, veríamos uma espécie de imperialismo de mercado aos moldes do século XIX, mas atualizado com as ideias vidas de Pequim.

    Mas, grande parte disso é especulação.

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